Produtores de MS apostam em carne sustentável pantaneira
Sebrae e ABPO atuam de forma conjunta para auxiliar pecuaristas na certificação e ampliar a oferta do produto
Que Mato Grosso do Sul possui forte tradição na pecuária, em especial na região pantaneira, disso ninguém duvida. A produção local de carne pode alcançar ainda mais mercados e se destacar nacionalmente através de um sistema sustentável de criação, que favorece os produtores e o meio ambiente. Trata-se da certificação da carne sustentável do Pantanal, articulada pela ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável) e que conta com parceria do Sebrae/MS, por meio do programa Pró-Pantanal.
Na parceria, as entidades têm como objetivo ampliar a oferta desse produto no mercado, auxiliando os interessados na obtenção da certificação. Essa ação beneficia tanto o produtor como incentiva a preservação do bioma pantaneiro, já que, para conquistar o certificado de Carne Sustentável do Pantanal, os pecuaristas precisam cumprir alguns requisitos, como a utilização de pastagens nativas e recuperação de áreas degradadas.
O presidente da ABPO, Eduardo Cruzetta, explica que, além de atender as boas práticas de produção, o processo de obtenção da certificação também deve estar vinculado ao Pantanal. “A atuação do programa acontece sob três pilares: rastreabilidade da produção, origem pantaneira e um sistema de produção convencional do Pantanal. Além disso, para obter a certificação é necessário atender aos protocolos de boas práticas, com uma produção de acordo com a legislação ambiental e trabalhista, o Código Florestal para o Pantanal, buscando a preservação do bioma”, disse.
Diferente da carne orgânica, que é produzida dentro de uma regulamentação própria por meio de legislação do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), a carne sustentável do Pantanal atua sob protocolo relacionado aos sistemas tradicionais de produção pantaneira. Ao ser englobado como produtor de Carne Sustentável do Pantanal, os pecuaristas também têm acesso a vantagens, como desconto no ICMS, mediante inscrição no subprograma Carne Sustentável do Pantanal, projeto de incentivo pertencente à Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Ciência Tecnologia e Inovação).
Segundo a analista-técnica do Sebrae/MS, Kátia Muller, o acompanhamento aos produtores é feito via Pró-Pantanal (Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal). “Esta ação apoia com subsídio à certificação da carne para 30 propriedades na região pantaneira, das quais 13 já foram concluídas e 12 estão certificadas, sendo 11 como gado sustentável e uma com gado orgânico”, mencionou.
Quem já atua no mercado
A BioCarnes, dirigida pelo produtor Leonardo de Leite Barros, é uma empresa especializada na produção e comercialização de carnes, com a certificação de Carne Sustentável. Localizada em Campo Grande, seus produtos são orgânicos, com baixo impacto ambiental, priorizam o bem-estar animal e tem origem pantaneira. Segundo o empresário, a produção segue todos os requisitos estabelecidos para conquistar a certificação e atua com propósito definido.
“Nossa missão é que o gado tenha um tratamento mais humanizado, ligando isso à preservação ambiental e ao ganho social dentro do Pantanal, para continuar mantendo viva a cultura do homem pantaneiro. Tudo isso aliado à busca por novas tecnologias que são adaptadas à essa produção”, comentou.
O Sebrae/MS foi um dos apoiadores de Leonardo, que entendeu a importância dessas iniciativas para o sucesso do seu negócio. “Hoje consigo entender a relevância da carne orgânica e sustentável do pantanal dentro da comunidade pantaneira. Estou falando da questão social, ela faz com que a produtor seja mais ativo, em função dos ganhos e rentabilidade”, explicou.
Para o empresário, as questões ambientais e a regulamentação, são essenciais para a valorização da produção e crescimento do estado. “É extremamente importante, falando sobre segurança alimentar, quando você tem um produto que tem origem, tem certificação, tem processos definidos, tem uma auditoria de terceira parte. Isso destaca Mato Grosso do Sul como pioneiro, é uma política pública que veio coroar a produção”, expôs.