Audiência debate licença para mata virar pasto em 7 mil hectares no Pantanal
Propriedade tem 13 mil hectares e quer autorização para extrair vegetação e trocar pasto
Cerca de dois meses depois de analisar um projeto de grandes proporções para a colocação de pastagens exóticas no Pantanal (12,3 mil hectares), o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) promove hoje mais uma audiência pública a pedido dos proprietários de outra fazenda, que querem suprimir ou substituir 7,1 mil hectares de vegetação e pastagens para expandir a atividade pecuária dentro do Pantanal. A exposição e debate de Rima (Relatório de Impacto Ambiental) é etapa do processo de licenciamento.
A Agropecuária Centenário quer implantar braquiária em 1.427 hectares onde há vegetação do Cerrado e 5.677 hectares em área campestre da Fazenda São José, que tem 13 mil hectares.
O estudo apresentado pelos proprietários, com 635 páginas, foi elaborado em junho de 2021. Ele traz dados organizados por uma série de especialistas, sobre as espécies vegetais e os bichos do Pantanal.
Foi apontado que a Fazenda localiza-se a Noroeste do Estado, seguindo pela BR-163 até Sonora, já região da divisa com o Mato Grosso, e depois segue-se por cerca de 200 quilômetros pra dentro do Pantanal, no Município de Corumbá. Trata-se de uma área bastante exposta ao ritmo de cheias e estiagem que marcam o ciclo das águas no Pantanal.
O grupo empresário sugere que as pastagens nativas resultam em baixa produtividade e não existe oferta de sementes para a substituição, daí a escolha pela braquiária. A reportagem apurou que pesquisadores da Embrapa tentam desenvolver sementes de pastagens nativas. A instituição chegou a produzir uma cartilha para os pecuaristas sobre as melhores técnicas de manejo, com a aplicação de pastagens exóticas, sendo a braquiária uma espécie que se adapta bem.
Ambientalistas já tinham alertado, por ocasião da audiência pública realizada em março, que interferências em áreas tão extensas têm potencial de impactar a biodiversidade do Pantanal.
Na Fazenda São José, o planejamento apresentado no Rima é de investir na supressão vegetal e implantação das pastagens R$ 4,6 milhões, sendo R$ 1,6 milhão para o plantio após retirada de vegetação de Cerrado e R$ 3 milhões para a supressão na área campestre ao longo de quatro anos, com a média de 1,7 mil hectares manejados por ano.
A audiência começa às 19h, na sede do Sindicato Rural de Corumbá, com transmissão ao vivo pelo canal do Imasul no Youtube. Trata-se de um evento aberto ao público e interessados em fazer perguntas devem se inscrever no site.