Distribuições de mudas podem manter Campo Grande no topo como Cidade dos Ipês
Ações pela Capital podem estimular a plantação de 223 árvores da espécie
Que Campo Grande é uma das Cidades mais arborizadas do País, a gente já sabe, mas algumas ações em referência ao Dia Mundial do Meio Ambiente, devem manter a Capital Sul-mato-grossense, no topo do cenário mais floreado pelos Ipês.
Exemplo disso, é a Mil Pelo Planeta, que neste ano, está distribuindo mudas para toda a população no Stúdio Oral Group, localizado na Rua Pernambuco, Vila Gomes. Neo Ávila, coordenador da empresa de florestamento e soluções ambientais, conta que um dos motivos da escolha dessa ação, se deu porque a árvore é a queridinha dos moradores do Estado.
"O Ipê é do cerrado e é a mais desejada que todos as outras árvores, as pessoas querem plantar e elas têm realmente um sentimento com essa planta, porque tem em Campo Grande e em todo Mato Grosso do Sul, ele carrega uma história, uma tradição e muito amor, traz uma memória e descreve um sentimento", explica Neo.
A distribuição começou na segunda-feira (30) e vai até a próxima terça-feira (7). Ao todo, 100 mudas foram separadas para presentear a população e conscientizar sobre a necessidade de cuidar do bioma e ecossistema.
Outro motivo de tornar as mudas mais acessíveis, é a necessidade de desmistificar o plantio, segundo Ávila. "A gente recebe muitas notícias ruins de destruição e acabamos ficando anestesiados. Quando recebemos uma muda, temos essa mensagem de fazer nossa parte e não ficarmos de braços cruzados, é partir para ação", conta muito empolgado.
"É muito legal isso, porque cada um pode fazer a diferença e cada muda, muda o mundo, então são 100 lugares a mais com Ipês", enumera.
Alguns cuidados- Conforme Neo Ávila, apesar da planta estar acessível a todo o público, é preciso responsabilidade e alguns pontos devem ser avaliados na hora de retirar a muda no ponto de distribuição, como por exemplo, já ter em mente o local em que irá plantar.
A área precisa ter espaço, já que o pé é alto e cria muitas raízes, o que pode destruir calçadas. O Ipê também desenvolve longos troncos, ponto que precisa ser analisado para não atrapalhar ainda, outras plantas ao entorno devido a sombra.
A recomendação é que seja plantado em sítios, chácaras e fazendas e até mesmo áreas públicas autorizadas aqui em Campo Grande ou no interior.
Outras ações- Neste sábado (4), a AGEMS (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul) realizou a plantação de 123 mudas de Ipês, no Parque dos Poderes, principal habitat natural de Campo Grande. Com isso, as ações podem impulsionar a semeadura de 223 novas árvores.
O plantio da árvore símbolo de Campo Grande, contou com a participação de crianças, para ensinar aos pequenos sobre preservação ambiental e a importância da árvore no cerrado.
Real necessidade para preservação- Contudo, o engenheiro agrônomo do LEI (Laboratório de Ecologia da Intervenção da UFMS), aponta que o número é bem abaixo do necessário para Campo Grande, se levar em consideração que a literatura indica que para áreas intensamente degradadas, o estimado para iniciar a restauração de uma área de floresta, seria de 1.667 mudas a cada 10.000m².
"Esse número é pequeno quando pensamos em uma intervenção no mosaico urbano de Campo Grande como um todo, pois são muitos e muitos m². No entanto, é relevante para intervenções pontuais que muitas vezes podem ser chave: alguém que pegue um ipê e plante em seu quintal pode estar criando um ambiente mais favorável a fauna e flora nativa", avalia.
Para a bióloga Letícia Koutchin Reis, é importante que o poder público e as instituições que trabalham com ações para o meio ambiente, pensem em semear no mínimo, pouco mais da metade das árvores que a cidade já possui.
"Campo Grande sendo a Capital do Ipê, a gente podia pensar em ter pelo menos 60% do Ipês para poder substituir essas espécies que podem morrer futuramente, e dentro disso ter uma variedade de cores também porque cada um vai florir em uma época diferente e isso vai deixar a cidade com uma beleza extraordinária", explica.
Ela enfatiza ainda, que a distribuição de mudas deveria ser feita durante todo o ano para repor as espécies perdidas ao logo do período, principalmente na época de chuva. "A gente tem que ter essa sequência de plantio, esse fluxo, já que elas podem demorar de 6 a 7 anos para ter essa florada. De preferência, em épocas chuvosas para que as mudas não sofram com a seca, caso não obtiverem devida manutenção e irrigação elas morrem", disse.
Florescimento dos Ipês- O florescimento dos Ipês costuma se iniciar durante o período seco no Centro-Oeste. Em junho e julho, nasce o ipê-roxo. Julho e agosto: ipê-amarelo. Fim de agosto: ipê-rosa. Setembro: ipê-branco e ipê amarelo.
A árvore se tornou o símbolo do Estado através da lei nº 5.228, de 16 de junho de 2018. A espécie tem origem da língua indígena tupi e significa casca dura, que também é conhecida como pau d'arco, utilizadas pelos indígenas para confecção de arcos de caça e defesa.
Dia Mundial do Meio Ambiente- A data do dia (5) de junho, foi estabelecida pela ONU Organização das Nações Unidas, com a intenção de destacar a conscientização e mostrar para a população, os problemas ambientais e a necessidade de preservação dos recursos naturais, que por muito tempo foi considerado pela humanidade, como inesgotável.
Neste dia, os pontos mais discutidos são as preocupações quanto a destruição e a poluição que geram grandes impactos para a sobrevivência de diversas espécies.