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Meio Ambiente

Entenda o fenômeno que provocou tragédia em Corumbá e matou criança de 7 anos

Evento climático das “nuvens funil” gerou rajadas de vento, mas não se caracteriza como tornado

Guilherme Correia | 13/09/2023 11:34
Estrutura de metal que cobria quadra de esportes ficou completamente retorcida após passagem do temporal (Foto: Direto das Ruas)
Estrutura de metal que cobria quadra de esportes ficou completamente retorcida após passagem do temporal (Foto: Direto das Ruas)

Corumbá (a 428 km de Campo Grande) foi palco de tragédia climática nesta terça-feira (12), que deixou uma criança de sete anos morta, após o telhado de um ginásio cair. O fenômeno das “nuvens funil” passou causando destruição e especialistas explicam que não se trata de um tornado, já que não tocou o solo.

O meteorologista do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) de MS, Vinícius Sperling, explica que esse tipo de tempestade ocorre antes da passagem de uma frente fria. “Com bastante disponibilidade de calor e umidade, forma-se esse tipo de nuvem mais significativa”.

Segundo ele, entre as 14h e 15h de terça-feira, Corumbá teve rajadas de vento com velocidade de 90,36 km/h, juntamente a chuva acumulada de 13,2 mm (milímetros). A temperatura, em torno de 36,3°C, caiu abruptamente para 22°C em apenas uma hora.

“Na imagem de satélite, foi possível verificar que foi uma tempestade convectiva isolada que ocorreu exatamente sobre a área urbana do município de Corumbá. É comum que essas tempestades convectivas isoladas gerem fortes rajadas de vento, chuva intensa, geralmente de rápida duração, e até mesmo queda de granizo.”

De acordo com a coordenadora do Cemtec, Valesca Fernandes, a situação meteorológica favorável para a formação da tempestade foi a combinação de calor e umidade.

“Esse tipo de tempestade forma-se dentro do setor quente, o qual chamamos de situação pré-frontal, ou seja, antes da passagem da frente fria. As condições meteorológicas que favoreceram a formação da tempestade foram a combinação de calor e umidade.”

O aeroporto de Corumbá registrou uma rajada de vento de 107,4 km/h às 14h25 locais, conforme dados trazidos pelo órgão. Além disso, pluviômetro no município relatou acumulado de chuva de 19 mm.


Nuvens funil - Como explica Sperling, tais fenômenos são geralmente um prolongamento da base de nuvens cumulonimbus, causado pela grande diferença de velocidade dos ventos em sua base, levando à formação de um vórtice. No entanto, a confirmação de tornados ou trombas d'água não foi obtida por meio de registros ou evidências nos dados.

“Segundo alguns vídeos que chegaram, ela chegou a formar até uma nuvem funil. No entanto, não há confirmação de que essa nuvem funil tocou o solo para se configurar um tornado ou mesmo que tenha tocado a água, a superfície da água, para se configurar uma tromba d'água.”

À medida que Corumbá se recupera dos estragos causados por essa tempestade devastadora, meteorologistas alertam para a possibilidade de tempestades isoladas no decorrer do dia, seguidas por uma inversão térmica durante a noite.

As temperaturas mínimas, que ocorrerão no final da tarde e início da noite, podem representar os pontos mais baixos do dia 13 de setembro. “O que deve ocorrer a partir de hoje à noite é um fenômeno de inversão térmica”, diz a coordenadora do Cemtec, Valesca Fernandes.

“Portanto, ainda seguimos com tempo estável para o dia de hoje e amanhã em grande parte do Estado, com chance de chuvas e tempestades bem localizadas, e o grande destaque é o avanço do ar frio a partir da noite no Estado”, finaliza.

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