Estudo mostra que animais morrem atropelados a 11 metros de túneis de travessia
Em 40 dias, foram 463 bichos vítimas de veículos no entorno de Bonito
Território da pesquisa “Bonito para quem?”, que contabilizou 463 animais mortos atropelados em 40 dias, as rodovias MS-178, MS-345 e MS-382 até têm pontos para facilitar a travessia da fauna, mas não insuficientes para poupar a vida dos bichos. O levantamento mostra que os animais morrem a 11 metros da área segura.
RESUMO
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Uma pesquisa intitulada "Bonito para quem?" revelou que animais silvestres estão morrendo atropelados a apenas 11 metros das áreas seguras em três rodovias de Mato Grosso do Sul. O estudo contabilizou 463 mortes por atropelamento em 40 dias nas rodovias MS-178, MS-345 e MS-382. Segundo a bióloga Amanda Messias, apesar da existência de 40 passagens inferiores (19 pontes, 11 caixas secas e 10 bueiros), a fauna não está sendo adequadamente direcionada a esses pontos seguros. A pesquisadora aponta que as cercas rurais atuais impedem a passagem dos animais e defende a instalação de cercamentos mais amplos, além de nove passagens superiores. A MS-178 registrou o maior número de mortes (244), seguida pela MS-382 (130) e MS-345 (89). Ironicamente, a MS-345, inaugurada em 2023 como parte do projeto "Estrada Viva", apresentou aumento gradual nos atropelamentos, mesmo sendo projetada para mitigar colisões com animais silvestres.
Portanto, de acordo com a pesquisadora Amanda Messias, a fauna não está sendo corretamente direcionada às passagens subterrâneas.
“É preciso direcionar o animal para a travessia. É muito pedir que ele, sozinho, atravesse de forma correta. Nem as pessoas passam na faixa de pedestre”, diz a bióloga.
Ferramenta para agregar dados aponta que muitos atropelamentos acontecem perto dos pontos de travessia para a fauna, sendo os 11 metros a menor distância identificada.
A pesquisa mapeou 40 passagens inferiores nas três vias: 19 pontes, 11 caixas secas e 10 bueiros simples. Desse total, são 21 estruturas na MS-345 (pavimentada em 2024 e conhecida como Estrada do 21), 13 na MS-178 (sete no sentido a Jardim e seis na saída para Bodoquena) e seis na MS-382 (sentido a Guia Lopes da Laguna).
“A grande maioria das passagens de caixa seca é ladeada por cercas rurais e impede a passagem da fauna. O cercamento que os ecologistas de estrada defendem é o amplo, não esse que restringe. O cercamento feito da forma correta indica ao animal como acessar a passagem”, afirma a bióloga.
Ou seja, em vez de passar pelo túnel e, caso se vire para os lados, dar como focinho na cerca, o modelo sugerido é o que permite a locomoção dos animais pelas laterais, com o cercamento mais distante.
As recomendações da pesquisa para reduzir os atropelamentos dos animais são remoção das cercas inadequadas, limpeza dos túneis, ondulações transversais (lombadas) para redução de velocidade dos veículos e instalação de nove passagens superiores de fauna.
A chamada ponte de dossel garante a travessia segura para bugio, gambá, preguiça e macaco-prego. “Não está pedindo algo impossível de fazer, já tem as passagens mapeadas. A segurança dos usuários da rodovia está prevista na Constituição Federal. Lutamos por rodovias seguras para animais e seres humanos”, afirma a pesquisadora.
Mortes na “Estrada Viva” - Nos dois trechos da MS-178, foram 144 mortes de animais por atropelamento (142 no sentido a Bodoquena e 102 no sentido a Jardim). A MS-382 registrou 130 animais mortos em acidentes. Na MS-345, a estatística foi de 89.
Inaugurada em julho do ano passado, a MS 345 faz parte do projeto Estrada Viva, mas registrou aumento gradual de animais vítimas de atropelamento. Na nova rodovia, nos 100 quilômetros entre a BR-419 e Bonito, há até foto dos bichinhos. Como a que mostra o tatu e uma legenda: “com licença, vou passar, minha toca é do lado de lá”.
O limite de velocidade é de 80 km/h e a via estadual foi projetada para redução de colisões entre veículos e animais silvestres.
Contudo, o número de atropelamento foi aumentando aos poucos na MS-345. Em dezembro de 2023, foram nove. Em julho de 2024, o registro foi de 16 animais mortos.
A Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) informou que está "no processo de contratação do cercamento para os principais pontos de travessia de fauna".
Ainda conforme o órgão estadual, o lançamento da licitação está previsto para os próximos meses.
Fauna avistada – Durante o monitoramento, numa área que fica a 40 quilômetros do núcleo urbano de Bonito, foram avistados 210 animais, sendo 179 silvestres e 31 domésticos.
“Não são todas as pesquisas de ecologia de estrada que levantam o número de avistamentos. É muito importante esse registro, que dá dimensão de como os animais estão utilizando a área, o habitat. O macaco-prego foi a principal espécie avistada”.
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