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Meio Ambiente

Pesquisa aponta que 2021 foi ano mais seco do Pantanal

Área úmida equivale a 1,6 milhão de hectares, 76% menor do que o início da série, de 6,7 milhões de hectares

Guilherme Correia | 11/11/2022 12:19
Brigadista durante controle de incêndio no Pantanal em Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)
Brigadista durante controle de incêndio no Pantanal em Mato Grosso do Sul. (Foto: Arquivo)

Segundo pesquisa divulgada hoje (11) pelo MapBiomas, 2021 é o ano mais seco no Pantanal desde 1985, início do período mapeado pela Instituição. A área úmida equivale a 1,6 milhão de hectares - 76% menor do que o começo da série, que era de 6,7 milhões de hectares.

Por se tratar de um bioma no qual a superfície de água varia sazonalmente, pesquisadores avaliaram variação entre os anos com picos de cheia e de seca.

Somando campos alagados e superfícies cobertas por água, a redução foi de 29% nos anos extremos dos picos de cheia - em 1988, a área úmida era de 7,2 milhões de hectares e passou a ser de 5,1 milhões de hectares em 2018.

Além disso, a queda foi de 66% nos anos extremos dos picos de seca - de 4,7 milhões de hectares em 1986 para 1,6 milhão de hectares em 2021.

Os dados mostram que todos os meses do ano apresentam tendência de diminuição da área alagada. Considerando o mapeamento mensal e os dados de área, tendência e frequência, no período de 1985 a 2021 o Pantanal alagou menores áreas e também por menos tempo.

Nos últimos 37 anos, a superfície de água no Pantanal passou de 2,7 milhões de hectares em 1985 para 500 mil hectares em 2021.

Agronegócio - Bioma que historicamente foi ocupado por atividades pecuárias, o Pantanal tem visto o avanço de pastagens exóticas sobre as naturais à medida em que a retração das águas deixa maiores extensões de terra expostas. As atividades agropecuárias, por sua vez, ocupavam 600 mil hectares em 1985 e 2,8 milhões de hectares em 2021.

Porém esse processo tem deixado um legado de degradação de solo, mais acentuado na porção oriental do bioma. A Bacia do Alto Paraguai é formada pela área de planície e as suas nascentes na área de planalto, onde compreende Cerrado e Amazônia.

O retrato da bacia em 2021 mostra uma grande diferença na preservação entre a planície, a qual 83% da área ainda é natural, e o planalto, apenas 43%.

Vale ressaltar que todas as nascentes dos rios do Pantanal, mais de 140 mil, estão localizadas no planalto, dentre as APPs (Áreas de Preservação Permanente) de rios e nascentes da bacia, 43% da área são de uso antrópico em 2021.

Em 1985, 6 milhões de hectares eram de floresta e savana; em 2021, eram 4,9 milhões de hectares.

Cheias menores - Recentemente, o Instituto observa que as cheias estão cada vez menores, na área e duração. Em 2020 e 2021 a área alagada ficou abaixo da tendência já decrescente, com os meses mais alagados menos expressivos do que os meses mais secos dos outros anos da série.

Em 1985, 4 milhões de hectares eram de campos alagados; em 2021, era 1,1 milhão de hectares. Nesse mesmo período, as formações campestres passaram de 1,6 milhão de hectares, em 1985, para 5,7 milhões de hectares, em 2021.

Degradação - Em publicação encaminhada pela assessoria de imprensa do MapBiomas, o engenheiro agrônomo Eduardo Reis Rosa destaca que o bioma sofre de diversos “vetores de degradação” locais, regionais, nacionais e globais.

“Em nível local vemos um processo de conversão de áreas naturais em pastagens exóticas. A ocupação da área do planalto, sem respeito às nascentes e áreas de proteção permanente ao longo dos rios, está afetando a quantidade e qualidade da água e causando o assoreamento nos rios da planície”.

O pesquisador comenta que há alta frequência na incidência de incêndios, que dificultam a recuperação natural do bioma. “Em nível regional, temos ainda o avanço de barragens, PCHs, drenos artificiais e estradas, que estão comprometendo o fluxo das águas".

"Em nível nacional, vemos uma maior irregularidade do regime de chuvas gerado pelo desmatamento da Amazônia e o comprometimento de sua capacidade de bombear umidade para a atmosfera. Por fim, o Pantanal também sofre com o agravamento da crise climática", finalizou.

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