Por céu e terra, combate ao fogo impede destruição de ipê e ninho de tuiuiú
Campo Grande News acompanha os trabalhos em uma área desconhecida até dos militares
Equipes de combate ao fogo no Pantanal ainda trabalham nos focos que persistem após a grande queimada do outro lado do Rio Paraguai, que iluminou os eventos de São João em Corumbá, no último fim de semana. Graças ao empenho dos militares e brigadistas, um ninho de tuiuiú foi preservado, no alto de um ipê rosa florido.
A reportagem do Campo Grande News embarcou, na manhã desta quarta-feira (26), na balsa onde o contramestre Reginaldo Pereira da Silva, de 50 anos, trabalha à disposição das equipes do Corpo de Bombeiros. Nesse percurso, ele contou que está ligado 24 horas para atender todas as necessidades das equipes, sem cobrar pelo transporte..
“Se os bombeiros ligarem, não meço esforços para providenciar o que precisam, pode ser a noite, madrugada ou fim de semana. Em 2020 dei apoio no trabalho de abrir a estrada de chão que será percorrida agora. Naquele ano tínhamos pouca estrutura, comparado a hoje, mas ainda precisam de mais aeronaves e equipamentos”, opina Reginaldo.
Todos desembarcaram em uma região conhecida como Maracangalha, quase desconhecida pelos bombeiros. A área de combate aos focos é determinada após a passagem da aeronave Air Tractor, que despeja descargas de água. Mesmo com o solo úmido, cupinzeiros continuam a queimar em meio às cinzas, como explica a soldado Eliane Guimarães.
“Nessas áreas de mapa fechado é comum encontrar cupinzeiros e eles são propagadores de fogos, porque ficam queimando por muitas horas. Por isso, temos que fazer o abafamento e até a destruição para conseguir conter e não voltar a queimar no mesmo lugar e a gente não perder as horas de combate”, destaca a militar.
Com o auxílio do rádio comunicador, Marco Santana recebe a localização de onde pequenos focos de incêndio foram vistos pelos pilotos da aeronave e a equipe faz o rescaldo no colo, com ajuda de abafadores e sopradores. “Air Tractor fez os dois lances de água e passou a localização desses focos para a gente não deixar energizar e ter uma nova propagação do fogo”.
Ao ver o movimento, o caseiro Ailton Pavão, 55 anos, da Fazenda São Bento, se aproximou e contou como foram os dias observando as labaredas de longe, sem ter como pedir ajuda. A propriedade que cuida teve uma área queimada, mas não chegou à sede. “O fogo estava longe e nesse um ano que estou aqui, é a primeira vez que chega tão perto, por causa dos ventos”, disse.
E foi na fazenda que ele trabalha, na área não atingida pelo fogo, que o ninho de tuiuiú foi preservado, em um ipê rosa florido. A imagem mostra a resiliência da natureza, que resiste à fumaça e tenta seguir o fluxo natural da vida.
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