Quem flagrar arara com medalha pode tirar foto e ajudar monitoramento
Colar com número não incomoda o animal e vai facilitar estudo sobre reprodução das aves em Campo Grande
Não se assuste se você vir uma arara-canindé usando um colarzinho e uma medalha com número em Campo Grande. O acessório foi colocado justamente para que as pessoas possam ajudar os pesquisadores a descobrirem por onde elas voam. Antes mesmo de começar os treinamentos de voo, ainda bebês, com 60 dias de vida, 30 delas estão recebendo o colar do Projeto Aves Urbanas - Araras na Cidade.
O acessório não incomoda e nem machuca as araras, segundo a presidente do Instituto Arara Azul, Neiva Guedes. As aves já usam anel com identificação na perna, acima do pé, mas é muito pequeno. As aves também têm chip, mas sem tecnologia de GPS (Sistema de Posicionamento Global) para localização, porque é um recurso que seria muito mais caro para o projeto.
Com as medalhas, qualquer pessoa conseguirá ver o número e colaborar com o projeto, enviando a foto por WhatsApp. Os mais enturmados com o ir e vir das aves na cidade, podem até participar de um grupo para enviar fotos sempre que virem as araras com medalhas, numeradas de 31 a 60.
“Quem nos enviar as fotos estará contribuindo muito com o monitoramento para sabermos como elas se reproduzem, onde estão e como se comportam na cidade. É importante destacar que o colar não machuca, pois foi feito especificamente para as araras, tem um silicone envolto e é colocado no ajuste certo para que ela não se incomode”, explica Neiva.
O Whatsapp para mandar fotos das araras é o (67) 9 9940-4063. Quem quiser, pode pedir para entrar no grupo clicando aqui.
1º voo - Outra coisa importante que todo mundo precisa saber é que as araras com cerca de 60 dias de vida já são bem grandinhas, pesando pouco mais de um quilo, mas ainda vão aprender a voar e o treinamento pode ser longo e cansativo.
“Muitas pessoas ficam preocupadas e ligam para a polícia ambiental quando veem as araras caindo ou quietinhas por muito tempo, mas esse é o treinamento delas para voar e as mães estão sempre por perto acompanhando. Orientamos a pegar a ave com cuidado e colocar sobre um muro, árvore ou local alto, onde ele vai descansar e tentar voar novamente. Esse treinamento pode levar minutos, horas ou dias. É normal”, explica a bióloga do projeto, Larissa Tinoco.
Capital das Araras - Em 2015, uma lei municipal deu à arara-canindé o título de ave símbolo de Campo Grande. Em 2018, outra lei passou a proibir o corte, derrubada, remoção ou sacrifício de árvores, adultas ou não, onde situam-se ninhos de arara-canindé e arara-vermelha.
Em março desse ano, a cidade passou a ser considerada a Capital das Araras e instituiu o dia 22 de setembro como o Dia Municipal de Proteção das Araras.
Há 11 anos, quando os pesquisadores começaram a monitorar e estudar a presença das araras-canindés na Capital, dois filhotes de ninhos receberam anéis. Hoje, já são 364 araras monitoradas, mas o projeto estima que mais de 1,5 mil aves, entre canindés e outras espécies, voam pelos céus da cidade.
Por aqui, também voam as araras-vermelhas, azuis e as híbridas, que são uma mistura de vermelha com amarela, mas são as canindés que podem ser vistas o ano inteiro em Campo Grande, conforme a bióloga.
Adote um Filhote - O instituto tem ainda a Campanha Adote um Filhote. Empresas e pessoas podem adotar uma ave e contribuir com R$ 2 mil por ano, parcelando esse valor em até 10 vezes, segundo a diretora executiva do Arara Azul, Eliza Mense.
“Tem até gente que já deu a adoção de presente para alguém. A pessoa recebeu o certificado com a identificação da arara. Achei muito criativo”, conta.
Os filhotes nascidos e adotados na campanha podem receber o nome que o padrinho escolhe. Quem quiser saber mais sobre os projetos, pode acessar o site ou entrar em contato pelo telefone (67) 3222-1205. Clique aqui para entrar no site.