"Não misturo gestão pública com religião", diz prefeito sobre polêmica
A polêmica em torno da Quinta Gospel, evento musical cristão patrocinado pela Prefeitura de Campo Grande, está próxima do fim, pelo menos é o que pensa o prefeito Gilmar Olarte (PP), que afirmou nesta sexta-feira (22) que não existe guerra em torno da questão.
“Vou obedecer qualquer decisão da justiça. Eu não fiz discriminação, e não misturo gestão pública com religião. Tem alguém tentando colocar o prefeito contra uma parcela da população”, disse Olarte durante agenda pública na manhã de hoje.
Olarte afirmou que desde que assumiu a Prefeitura, em março deste ano, apoio eventos de outros religiões, e citou a Festa de Santo Antônio, tradicional celebração católica. “O evangélico antes não tinha espaço e agora tem”, frisou o prefeito, que também é pastor da Igreja Assembleia de Deus Nova Aliança do Brasil.
A polêmica teve início depois que o vereador Eduardo Romero (PTdoB) apresentou, na Câmara Municipal, um ofício encaminhado ao presidente da Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola, Elson Borges dos Santos, que queria apresentação da cantora Rita Ribeiro, artista espírita e que apresenta o projeto “Tecnomacumba”. O que gerou discussão com a bancada evangélica da Câmara Municipal.
Diante do imbróglio, o MPE (Ministério Público Estadual) recomendou ao Executivo Municipal que incluísse na Quinta Gospel, evento cultural que antecede a Noite da Seresta, todas as religiões. A promotora de Justiça de Direitos Humanos, Jaceguara Dantas da Silva Passos, afirma que o município não pode “contemplar a tão somente à religião evangélica”. O prazo para resposta da Prefeitura vence no dia 14 de setembro.
Uma reunião entre representantes do MPE, Fundac (Fundação Municipal de Cultura), PGM (Procuradoria Geral do Município) e Segov (Secretaria Municipal de Governo), aconteceu ontem (21), para discutir a inclusão de artistas de outras religiões em programações do município. Para o prefeito Gilmar Olarte, a ação do Ministério Público visa a transformar a Quinta Gospel em um “evento ecumênico”.
Responsável pelo pedido que iniciou a polêmica, o vereador Eduardo Romero, que participou do encontro, destacou a participação maciça do Executivo. “A questão avançou no sentido de termos um entendimento, que é a busca pela conciliação e pelo diálogo. O que o Ministério Público quer é que não haja discriminação de nenhuma espécie, e a legislação é clara ao dizer que o município não pode bancar eventos religiosos, mas sim culturais. Estamos esperando uma ação positiva do prefeito”, destacou o parlamentar.