Agora com apoio do MDB, Odilon defende gestão sem "obra faraônica"
Candidato defendeu as alianças para o segundo turno, que incluem o apoio de André Puccinelli, a quem o filho do juiz visitou na prisão
O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT), 69 anos, começa o segundo turno dando explicações sobre as mudanças em sua campanha ao governo do Estado, como o do MDB de André Puccinelli, a quem o filho do magistrado, o vereador Odilon de Oliveira Junior, visitou na prisão, no dia 8 de outubro. A mudança na campanha é um dos assuntos da entrevista dada ao Campo Grande News nesta segunda-feira.
Outro tema é o apoio manifestado ao candidato à presidência, Jair Bolsonaro (PSL), contrário ao anúncio da legenda, que decidiu dar o chamado "apoio crítico" a Fernando Haddad, do PT. Odilon também inicia o segundo turno com um novo comando na campanha, a cargo do filho, em substituição a João Leite Schimidt.
Ao falar das alterações, o candidato garante que a ida do filho ao presídio foi para uma conversa de “cortesia”, sem viés político ou fechamento de acordo. Diz que se for eleito vai montar seu secretariado, levando critérios como ficha-limpa, capacitação profissional e comprometimento no cargo. Também afirma que apesar dos “novos apoiadores”, não mudou seus princípios de gestão, citando "lisura, transparência, honestidade e conhecimento técnico".
Sobre as propostas, afirma que não vai fazer “obras faraônicas” e defende a “restruturação” do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado do MS), sobre o qual alega a pretensão de “abrir a caixa-preta” destes recursos. Ainda aposta em investimentos em logística, malha viária e fala em investir na saúde e segurança.
Para o setor empresarial, promete ampliar os beneficiados do “Simples” e manter a política de incentivos fiscais, com igualdade de condições para grandes e pequenas empresas, levando a diferentes regiões do Estado. Garante a “valorização do servidor” e um “choque” na gestão de saúde e segurança.
No campo político, voltou a fazer críticas ao adversário, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), devido a Operação da Polícia Federal, e disse que terá um bom diálogo com a Assembleia, caso seja eleito. Também afirma que “não entrou na política” para levar vantagem. “Quero é contribuir e não ficar em casa deitado de pijama”.
A sua campanha tem como principal base o combate a corrupção e mudança. Após o primeiro turno houve o apoio do MDB, que tem como maior liderança, o ex-governador André Puccinelli, preso pela Operação Lama Asfáltica, que inclusive tramitou na vara judicial que o senhor atuou. Este apoio não é contraditório?
O apoio do MDB foi de pessoas honradas e honestas só favorece. Também entendo que a pergunta passa pela visita que o Odilon Júnior fez na prisão ao filho do ex-governador André Puccinelli e também a ele, como advogado, vereador, que é absolutamente normal. Nós ainda temos o apoio do deputado Junior Mochi, o senador Waldemir Moka, que tem muito valor para o Brasil, (deputado) Renato Câmara que é da região de Dourados. Traz na memória pessoas que tanto nos deixa saudades como Ramez Tebet e o Wilson Barbosa Martins. São estas almas e figuras que nos apoiam. Queremos o apoio de todos os eleitores e partidos ao nosso projeto, para que façamos uma lavagem com detergente no nosso Estado.
O senhor acredita então na inocência do ex-governador André Puccinelli? Que ele seja uma destas pessoas com lisura, que justifique a visita do seu filho Odilon Júnior na prisão, para tratar deste acordo e apoio do MDB?
Ninguém pode dizer que acredita na inocência ou na condenação do ex-governador ou de quem quer que seja, o juiz que irá julgar o caso é quem vai decidir. Ele é quem tem competência para definir se é culpado ou não.
Em caso de vitória, o MDB teria espaço no seu governo? O senhor já tem alguns nomes para o secretariado? Ou uma estrutura de governo definida?
O apoio do MDB foi espontâneo, não houve nenhuma conversa neste sentido (espaço no governo). Nós não temos pessoas escolhidas e sim requisitos já definidos. O primeiro é a lisura, segundo é a capacidade técnica, pois não se pode colocar na educação uma pessoa que não seja educadora. E outro é o comprometimento, precisa ter capacidade naquela atividade que foi escolhido.
Quando o senhor fala em lisura quer dizer ficha-limpa?
Lisura é ficha-limpa, nós não mudamos os conceitos devido ao apoio que nós recebemos. Não apenas do MDB, como da senadora Soraya (Thronicke) e outras pessoas, continuamos com os mesmos princípios que eu sempre lutei na minha vida. Eles serão executados ao longo da minha gestão.
Aproveitando que citou a senadora Soraya Thronicke (PSL), também anunciou o apoio ao Jair Bolsonaro (PSL), enquanto que o Ciro Gomes (PDT) orientou o apoio crítico a Fernando Haddad (PT). Porque a preferência por Bolsonaro, contrariando a posição do partido?
O PDT nacional decidiu que o partido ficaria livre nos estados, seguindo esta autonomia, dos quatro candidatos ao governo do partido, três já declaram apoio ao Bolsonaro. Quem está defendendo o apoio ao Bolsonaro é a própria população.
6) O apoio seria uma forma de entrar nesta “onda Bolsonaro”?
Na verdade não sou radical, nem de esquerda e nem de direita, o que precisamos no Brasil é de conciliação, o povo precisa de paz.
"O fato de apoiar o Bolsonaro não significa dizer que não queira os eleitores do PT ou de qualquer outro partido. Quero defender a bandeira da reconciliação, para dar paz ao País e prosperidade ao Estado."
O senhor fez uma mudança importante no segundo turno, tendo a saída de João Leite Schimidt da coordenação, para entrada do seu filho (Odilon Júnior). Ele disse que foi demitido da função. Existe um impasse dentro do partido. Houve algo errado no primeiro turno?
Não houve (algo errado), apenas uma reformulação. Schimidt continuaria como consultor e conselheiro político por sua experiência, já Odilon Júnior, apesar de ser muito jovem na política, tem esta habilidade e ficaria na coordenação geral, devido a proximidade comigo. Moramos na mesma casa. Nesta fase que é curta é importante ter uma comunicação imediata. O PDT deve publicar nota oficial mostrando coesão em relação a minha candidatura.
Caso seja eleito, como vai ser a conversa com a Assembleia, já que a sua coligação conseguiu eleger apenas dois deputados?
Vai ser uma relação normal com a Assembleia, a partir da posse desaparecem as cores partidárias, o governador deve administrar para todos, assim como os deputados, que precisam pensar na população e não em seu partido. Não tenho nenhuma preocupação neste sentido, mas entendo que é preciso ter diálogo.
Até o momento a eleição mostra a preocupação da população por pautas como a segurança ostensiva? O seu caminho também deve ser a tolerância zero? Ou fazer uma ponderação em relação a usuários de drogas, mulas do tráfico?
Teremos tolerância zero com a criminalidade e o crime organizado, assim como a corrupção. O povo de Mato Grosso do Sul jamais vai ouvir que eu seja chefe de uma organização criminosa, como acabam dizer a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre o atual governo. Na minha casa e gabinete tenho mais de 50 diplomas por homenagens de 190 países, representados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Já na gaveta do (governador) Reinaldo Azambuja (PSDB) tem um mandado de busca e apreensão na Governadoria.
Sobre o combate a corrupção, que mecanismos o senhor teria para garantir que haja lisura na sua gestão?
O instrumento chamado transparência, deixar as portas da Governadoria abertas para todos entrarem e conhecer. Depois é a postura do governador, ele não pode ser acusado de chefe de quadrilha, porque desta forma passa aos escalões inferiores este mau exemplo. Teremos muito cuidado com isto. Também precisamos desburocratizar o Estado, para que administre para todas as pessoas.
"Há outras maneiras de se combater a corrupção, um policiamento melhor, especializar e estruturar o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), para renascer a esperança e confiança do povo."
Quando falamos de corrupção, temos que voltar na questão contraditória, temos um ex-governador preso em que seu filho foi até a cela negociar com ele?
O mais grave não é um político, vereador e advogado indo visitar o filho do ex-governador, mais especificamente, porque foi seu colega acadêmico e falar com o próprio ex-governador, já que não houve nenhuma negociação ou firmado compromisso com ninguém. Entretanto o mais grave é o atual governador que poderá ser preso a qualquer momento, por responder três inquéritos policiais, um no STJ (Superior Tribunal de Justiça), que acolheu representação da Polícia Federal, como do Procurador-geral da República, podendo nem terminar o seu governo. Só não foi preso, porque o ministro do STF, Félix Fischer, entendeu que poderia causar prejuízo econômico ao Estado. No entanto com certeza ele será (preso) durante ou depois do mandato.
Sobre a carga tributária, sabemos que impostos estaduais como IPVA e ICMS são importantes para custear as ações do governo, inclusive com repasse aos municípios. Como fazer uma revisão dos tributos, sem prejudicar a prestação de serviço público ao Estado?
Existe muitas formas de arrecadar, sem aumentar imposto. Nós temos é que incentivar e criar mais empresas, diversificar as matrizes econômicas no Estado, incluindo o turismo, para geração de empregos. Podemos por exemplo estabelecer uma limitação estadual do “Simples”, estas empresas tendo melhorias sobre a tributação, podendo aumentar seu quadro de empregados, o que gera aquecimento da economia.
Grandes empresas sinalizaram que a concessão de incentivos fiscais é fundamental. Qual a sua postura em relação a isto? Quais os critérios vai adotar? Quem será mais atendido, as empresas locais ou de fora?
Sempre fui defensor de incentivos fiscais, sou favorável para todos, grande e pequeno empresário, para que tenham crescimento, no entanto deve ter igualdade de condições, respeitando regiões que têm pouca atenção, como por exemplo a região norte. No entanto sem corrupção, o atual governador responde três inquéritos no STF por corrupção, na concessão de incentivos fiscais. Onde se investiga a formação de quadrilha criminosa no Estado. O que posso dizer é que as empresas na minha gestão vão receber, mas não terão o juiz Odilon como sócio oculto nas suas empresas.
Em relação a infraestrutura, o senhor pensa em investir em grandes obras?
O Estado precisa de infraestrutura de qualidade na saúde, segurança pública e agronegócio, agora não penso em obras faraônicas, pois meu governo será voltado para construções que valorizem a cidadania, nenhum arranha-céu. Vamos produzir asfalto na malha viária, além de rediscutir o Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado do MS), para restruturá-lo, abrir a caixa-preta. Conversar com as prefeituras e quem paga este imposto para ter transparência, o contribuinte deve saber onde estão os R$ 650 milhões que se arrecada por ano.
Qual o seu plano sobre o funcionalismo público? Pretende lançar novos concursos ou mudar as carreiras?
Os servidores públicos têm que ser valorizados, pensamos sim em concursos, como no caso da Polícia Militar, já houve concurso mas os chamados foram uma minoria, não pode ter enganação. A Polícia Civil também teve poucas vagas. Precisamos trabalhar pela reposição. Em Mato Grosso do Sul existem oito mil professores contratados sem concurso, precisamos mudar isto, criar uma programação (concursos) para cada ano. Foco na segurança e saúde, por exemplo os agentes de saúde não são valorizados, não importa se são do governo ou da prefeitura.
Caso seja eleito qual será o seu primeiro ato como governador? Que impacto espera com esta medida?
Primeiro ato a nomeação do secretariado, com base nos requisitos, lisura, comprometimento com a sociedade e capacidade técnica. Há uma necessidade de um “choque” na área de saúde e segurança pública, que trata do respeito a vida e proteção das pessoas.
Mensagem final do senhor aos eleitores neste segundo turno?
Não deixem de votar, seu voto é importante e precisamos mudar. Tenho certeza que estamos sendo a voz daquele povo mais judiado, que está desempregado, são 118 mil pessoas sem emprego no Estado, muitas passando fome e necessidade.
"Eu sei o que é fome, trabalhei na roça até os 16 anos e fui alfabetizado nesta idade. Não tenho vergonha de dizer isto, não oculto meu passado."
Examine a história de cada candidato. Também advertir sobre “fake news”. Existe o lado venal da imprensa e das mídias sociais, infelizmente estou sendo massacrado injustamente, por interesse do adversário, por meio da imprensa marrom. Os ataques todos são invenções. O adversário fala de desvio de R$ 11 milhões do cofre da vara judicial. Quem é que guarda este dinheiro em gabinete de juiz? Isto não existe. Não posso julgar meu opositor que é investigado, porque não sou mais juiz, mas serei governador, e o povo saberá julgar. Não entrei na política por vantagem pessoal, o que quero é contribuir e não ficar em casa deitado de pijama.
Confira a entrevista na íntegra: