Após operação da PF, Marun volta a dizer que eleição deveria ser adiada
Ministro desconfia de operações policiais que acontecem às vésperas das eleições
O ministro Carlos Marun (MDB) voltou a dizer que as eleições em Mato Grosso do Sul deveriam ser adiadas. O emedebista deu a declaração durante vistoria à obra do anel viário em Campo Grande e dois dias depois que a PF (Polícia Federal) deflagrou a operação Vostok para prender 14 pessoas investigadas por envolvimento em suposto esquema de pagamento de propinas a políticos.
Marun, que nunca escondeu a postura de defensor de André Puccinelli (MDB), falou pela primeira vez que o processo eleitoral estava “maculado” quando ex-governador foi preso no dia 20 de julho. A ação da PF aconteceu às vésperas da convenção do MDB que oficializaria a candidatura de Puccinelli ao governo.
“A impressão que eu tenho é que estão querendo transformar Mato Grosso do Sul numa experiência, num case de como pode se radicalizar a participação da justiça num pleito pra se obter um resultado eleitoral”, declarou o ministro, em entrevista ao programa Tribuna Livre, da Rádio Capital, no dia 3 de agosto, 13 dias após a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica.
No fim da manhã desta sexta-feira (14), ele voltou a tocar no assunto. “Espero que a população saiba avaliar os candidatos e a situação do Estado, mas eu tenho certa contrariedade com ações policiais que acontecem durante a campanha”.
Marun questiona até que ponto o trabalho da polícia é somente consequência de investigações ou se haveria alguma intenção de influenciar o quadro eleitoral. “Por que não foram feitas há dois três meses atrás?”.
O emedebista admite que é remota a possibilidade de ser alterada a data do 1º turno das eleições. “Se pudesse, a eleição devia ser adiada em Mato Grosso do Sul. Mas, legalmente, isso seria muito difícil de ocorrer”.
Vostok – Na quarta-feira (12), policiais federais e promotores do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), foram às ruas para cumprir 41 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna e Trairão, no Pará, além de 14 mandados de prisão temporária.
O foco da operação é um suposto esquema de pagamento de propinas pela JBS em troca de incentivos fiscais do governo do Estado – quando o Executivo decide deixar de cobrar impostos para estimular que empresa se instale no Estado. Políticos, pecuaristas e empresas do ramo frigorífico foram alvos.