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Política

Base de Bernal é flutuante e não dá garantia de barrar cassação

Josemil Arruda e Kleber Clajus | 06/03/2014 14:46
Na Câmara, a base de Bernal oscila e votação do veto hoje demonstrou isso (Foto: Cleber Gellio)
Na Câmara, a base de Bernal oscila e votação do veto hoje demonstrou isso (Foto: Cleber Gellio)

A base do prefeito Alcides Bernal (PP) é flutuante e, mesmo que tenha hoje pelo menos 10 integrantes, não há segurança de que a cassação possa ser barrada na votação do relatório da Comissão Processante, que está sendo retomada devido a decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É o que ficou patente na votação de hoje de um veto do prefeito a projeto aprovado pela Câmara, derrubado por 15 votos a seis, e também na opinião dos próprios vereadores.

Em decorrência da demora em tomar decisões na administração municipal, seu espírito centralizador e ao caráter de barganha das adesões que conquistou para a base de apoio, Bernal só tem mesmo o apoio de seis ou sete vereadores.
Aliás, na primeira sessão de julgamento da cassação, dia 26 de dezembro do ano passado, o prefeito admitiu publicamente que seria cassado, já que dispunha do apoio de apenas seis vereadores, os três do PT (Marcos Alex, Zeca do PT e Ayrton Araújo), um do PPS (Luiza Ribeiro), um do PP (Derly dos Reis, o Cazuza) e um do PRB (Gilmar da Cruz).

Na criação da Comissão Processante, dia 15 de outubro, o prefeito teve o apoio de mais dois vereadores, Carlos Augusto, o Carlão (PSB), e João Rocha (PSDB), votos que provavelmente não contaria se o julgamento da cassação ocorresse no dia 26 de dezembro. Isto porque João Rocha não integra mais a base e Carlão tem manifestado posições oscilantes.

Hoje o próprio Carlão admitiu que a base de Bernal é muito instável. “Bernal nunca chegou a ter maioria. Há um vai e volta, não resolve 100%”, afirmou o socialista, ao comentar a derrubada do veto na sessão da Câmara esta manhã. “Estou na base, na independência. Base não pode ser cega, mas de construção”, opinou o vereador, observando, porém, que se houver um compromisso firmado, vota com o prefeito.

Já Edson Shimabukuro (PTB) deixa claro apoio a Bernal depende de barganha política. Insatisfeito com a demora de Bernal em nomear técnicos do PTB para a Agência Municipal de Trânsito (Agetran), já comandada pelo petebista Jean Saliba, esse vereador considera que a retomada do processo de cassação na Câmara vai forçar Bernal a fazer as nomeações que tinha ficado combinadas. “A volta da Comissão Processante deve apressar nomeações que venho aguardando na Agetran”, admitiu Shimabukuro. “Se mantiver parceria, vamos juntos. Sou da base, mas se não tiver parceria voto favorável à cassação”, avisou.

O vereador Paulo Siufi, ex-presidente da CPI do Calote e que foi autor do projeto vetado por Bernal, chegou a participar de evento público a convite do prefeito, o que demonstra real possibilidade de adesão à base de apoio. Contudo, em matéria de julgamento no processo de cassação, Siufi voltou a deixar claro hoje que vota com relatório da CPI, que é pelo impeachment.

Para Siuif, a mesma posição é a dos outros vereadores que aderiram à base de apoio a Bernal. “Podem até compor a base, mas isso não garante que vão votar pelas irregularidades”, afirmou o peemedebista. E reafirmou sua posição: “Meu voto já está definido desde a CPI do Calote. Já falei isso da tribuna”.

Elizeu Dionízio (SDD), que foi relator da CPI do Calote, acredita que o julgamento chegará ao final, mas teme que seja armado novo “circo” pelos assessores do prefeito. “O prefeito vai ser julgado, com direito a ampla defesa e se quiser montar circo, que vá colocar tenda na Cidade do Natal para ele”, disse. “Vamos ver se as pessoas que vão vir à Câmara serão as mesmas que ele pagou de outra vez e se os secretários vão repetir os gestos obscenos”, acrescentou.

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