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Política

Base do PT condena Zeca por defender fazendeiro petista em briga com indígenas

Diretório estadual chamou declaração do petista a favor de amigo de "desastrosa, equivocada e isolada"

Gabriela Couto | 13/03/2023 13:56
Presidente do diretório estadual do PT, Vladimir Ferreira, segurando o microfone durante anúncio de candidatura de Giselle Marques para o governo do Estado, nas eleições de 2022. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)
Presidente do diretório estadual do PT, Vladimir Ferreira, segurando o microfone durante anúncio de candidatura de Giselle Marques para o governo do Estado, nas eleições de 2022. (Foto: Arquivo/Paulo Francis)

O diretório estadual do PT condenou em nota a declaração do deputado estadual Zeca do PT, que atacou indígenas para defender um amigo, fazendeiro petista que teve as terras ocupadas no dia 3 de março. Assinada pelo presidente do partido, Vladimir Ferreira, o documento chama o parlamentar de incoerente.

Para o grupo, o pronunciamento feito na Assembleia Legislativa na semana passada foi "desastroso". Questionado se o diretório irá aplicar alguma sanção ao ex-governador, Vladimir amenizou as consequências: “A punição ele já está tendo, que é a rejeição absurda da nossa base”.

A fazenda em Rio Brilhante pertence a José Raul das Neves Júnior, um dos dirigentes do PT no Estado e amigo de Zeca.

Na assembleia, o deputado classificou a ocupação de “barbaridade”. “É uma vergonha, não contem comigo, essa gente que sem nenhuma razão ocupa propriedade produtiva, gerando insegurança jurídica e correndo risco de consequência que a gente não tem dimensão do que pode acontecer”, disse Zeca, o que imediatamente causou repúdio e hoje teve como consequência a nota publicada pelo diretório.

Já as famílias guarani e kaiowá reivindicam a demarcação do território tradicional Laranjeira-Ñanderu, que faz parte da Terra Indígena Brilhantepeguá, ainda em fase de identificação.

Para o presidente do PT no Estado, o questionamento de Zeca foi incoerente com relação a sua própria história e a do PT. Ele ainda ressalta que nos 43 anos de existência, o partido sempre foi defensor da demarcação das terras indígenas, que nada mais seria do que uma pequena 'reparação de tudo que já foi expropriado dos povos originários, terra, vidas e sua cultura'.

“Enquanto a elite agrária tem outros instrumentos de pressionar os governos e ter acesso aos orçamentos, infelizmente ao povo trabalhador resta outras formas de luta, como por exemplo a ocupação de terras para pressionar o poder público a enfrentar o problema da concentração de terras no Brasil”, complementa.

Vladimir alfinetou o deputado, afirmando que na vida e na política é preciso ter coerência. "O fato da área Tekora Laranjeira Nanhanderu estar na posse de um petista não pode fazer com que mude o posicionamento em defesa dos direitos dos indígenas de recuperar seu território tradicional".

Além disso, o documento ressalta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou o Ministério dos Povos Originários, demonstrando compromisso de enfrentar ‘a dívida histórica que o Estado Brasileiro tem com essa população’.

O presidente regional do partido destacou que este é o momento de uma reparação em relação aos últimos anos. “Temos que pôr fim à opressão dos trabalhadores e trabalhadoras, e não condenar suas formas de luta e resistência. Reafirmo que o posicionamento do deputado Zeca é um posicionamento isolado e equivocado, e de forma alguma representa o que o PT historicamente defende e que o governo do presidente também”.

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