Campanha já começou, mas partidos em MS ainda “brigam” por fundo eleitoral
Decepcionado com R$ 100 mil, candidato do Rede foi um dos que reclamou de valor para MS
Com a propaganda eleitoral liberada entre ontem (16) e 2 de outubro, os candidatos das eleições deste ano terão 46 dias para conquistar votos, menos tempo do que os 50 dias das eleições de 2018. Apesar de definidos os valores do fundo eleitoral para cada partido, o montante ainda não foi liberado aos partidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em Mato Grosso do Sul, entre os partidos que receberão os menores valores nacionalmente, entre R$ 3 milhões e R$ 100 milhões, muitos ainda esperam definição dos diretórios nacionais nos próximos dias. São dias de “briga” e até de decepção para alguns candidatos.
Ontem (16), durante sessão na Câmara Municipal, o candidato a deputado estadual e vereador André Luís Soares, o “Prof. André”, fez um desabafo sobre o valor que, segundo ele, o seu partido, o Rede Sustentabilidade, enviará para MS.
Dos R$ 69,6 milhões liberados para o partido no Brasil, apenas R$ 100 mil serão direcionados às campanhas de 10 candidatos a deputado estadual e 3 a deputado federal no Estado, conforme o vereador.
“Não precisa nem Bolsonaro para acabar com o Rede. O Rede dá conta de se destruir sozinho. Estou esperando convite para mudar de partido, porque o Rede ‘já elvis’, deu um tapa na cara dos filiados de MS. Por isso, é preciso uma reforma eleitoral no Brasil, não pode ser piada. Vamos emitir nota nacional de repúdio”, reclamou Prof. André.
Diferente do Rede, os partidos menores, porém com número expressivo de candidatos em MS, ainda esperam pela definição do valor que receberão.
No Avante, que nacionalmente receberá R$ 69,2 milhões, são dias de “briga”, no bom sentido, para convencer a direção nacional do partido a apostar grande nas candidaturas daqui, segundo o presidente do diretório estadual, Lúcio Dani.
“Ainda estamos na briga com a nacional para poder ter acesso a nossa parte. Não consigo afirmar valores. O que temos a certeza é que virá a nossa parte e será em 3 parcelas, sendo a primeira até 25 de agosto”, comentou Lúcio.
O Avante tem 12 candidatos a deputado estadual e 8 para federal. Dentre os que tentam uma vaga na Câmara dos Deputados, está Sérgio Harfouche, o “Promotor Harfouche”, que cogitou candidatar-se ao Senado nestas eleições e já foi candidato a prefeito em Campo Grande, em 2020.
Na espera - Entre os partidos que nacionalmente receberão até R$ 100 milhões, também espera definição do montante a ser destinado a MS, o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), que terá R$ 3,1 milhões no Brasil.
O partido tem como candidato a governador, Renan Contar, o “Capitão Contar”, além de 25 candidaturas para deputado estadual e 9 para deputado federal. “O partido não informou ainda quanto ou se vai repassar algum valor”, conforme a assessoria do diretório estadual do PRTB.
O Pros, que terá R$ 91,4 milhões do fundo no Brasil todo, tem 16 candidatos a deputado estadual e 12 para federal. O presidente estadual, Deusimar Alves, vai à Brasília para saber quando o partido vai direcionar para MS, mas está tranquilo com relação à decisão que virá. “O TSE não liberou o recurso, acredito que libera de hoje para amanhã. A nacional já tem estabelecidas porcentagens para o Brasil todo de acordo com a população e número de vagas”, disse.
O Psol, que receberá R$ 100 milhões no País, também espera para saber o valor que vem para MS, segundo a presidente estadual, Márgila Leal. O partido tem um candidato a senador, 10 para deputado estadual e 5 para federal.
O Agir, que antes era o PTC (Partido Trabalhista Cristão), terá R$ 3,1 milhões no Brasil e em MS tem um candidato a senador, 12 para deputado estadual e 5 para federal.
O Patriota, terá acesso a R$ 86,4 milhões no País e no Estado tenta eleger 22 candidatos a deputado estadual. A reportagem não conseguiu contato com os presidentes dos diretórios do Agir e Patriota para saber se os valores de MS já foram definidos.
Decidido - O PCO (Partido da Causa Operária) de MS já sabe que deve receber aproximadamente R$ 31 mil para as campanhas do candidato ao governo Magno Souza e a candidatura de um deputado federal.
Conforme o coordenador estadual, Thiago de Carvalho Assad, o caixa é centralizado a nível nacional e o dinheiro igualmente dividido entre os cerca de 200 candidatos do PCO em todo o País.
"Por princípio, achamos mais democrático que o partido centralize as finanças. Isso permite que militantes mais ligados à construção do partido sejam também os candidatos. Nos outros partidos, quem chega com mais dinheiro se impõe no processo eleitoral, independente do trabalho. Nossa insatisfação se deve à brutal disparidade entre os recursos destinados. São condições totalmente díspares, mas quanto à forma adotada pelo partido, estamos plenamente de acordo", comentou Thiago.
Sem fundo eleitoral - O partido Novo tem direito a R$ 90,1 milhões no Brasil, mas não pretende usar um centavo, como de costume. Em MS, o presidente estadual, Rafael Rosso, explica o motivo.
“O dinheiro do fundo eleitoral a gente devolve. Acreditamos que os filiados devem manter o partido e patrocinar campanhas dos seus candidatos. Como que um partido que, faça chuva ou sol recebe dinheiro público, vai bem representar o seus eleitores? Somos contra privilégios e regalias e para termos sucesso temos que dar o exemplo. Muitos se dizem contra privilégios, enquanto não se elegem, mas quando entram no mandato passam a usar e abusar da máquina pública e fundo eleitoral e partidário para permanecer no poder”, comenta Rafael.
Maiores montantes - O nome oficial do fundo eleitoral é FEFC (Fundo Especial de Financiamento de Campanha). O dinheiro vem do Tesouro Nacional.
Com 15,77% do total do fundo, o União Brasil, maior partido do País, terá R$ 782,5 milhões. O União foi criado em 2021 na fusão do DEM (Democratas) com o PSL (Partido Social Liberal).
Em segundo está o PT (Partido dos Trabalhadores), com 10,15%, o equivalente a R$ 503,3 milhões e, em terceiro, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com 7,2%, R$ 363,2 milhões. O PT tem como candidata ao governo Giselle Marques e o MDB tem o ex-governador André Puccinelli tentando voltar ao cargo.
O PSD (Partido Social Democrático), que em MS tem como candidato ao governo o ex-prefeito da Capital Marquinhos Trad, tem 7,05%, totalizando R$ 349,9 milhões. Em todo Brasil, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) terá 6,4% do fundo, o que equivale e R$ 320 milhões. Em MS, o partido tem como candidato ao governo o ex-secretário Eduardo Riedel.