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Política

Com CPI naufragando, senadora desconfia do sistema de coleta de assinaturas

Soraya Thronicke (UB-MS), proponente da investigação, diz que assinatura dela mudou de status sem seu aval

Anahi Zurutuza | 21/03/2023 19:21
Senadora Soraya Thronicke (UB-MS) durante coletiva de imprensa nesta tarde. (Foto: Reprodução)
Senadora Soraya Thronicke (UB-MS) durante coletiva de imprensa nesta tarde. (Foto: Reprodução)

Perdendo apoio para abrir CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os ataques de bolsonaristas radicais aos prédios dos três Poderes no dia 8 de janeiro, a senadora Soraya Thronicke (UB-MS) levantou suspeita sobre o sistema eletrônico de coleta de assinaturas do Senado. A parlamentar cobra do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-RO) apuração sobre se houve falha ou fraude.

Soraya afirma que arrebanhou, no total, 44 apoiadores. Destes, nove retiraram as assinaturas. Pacheco deu prazo até sexta-feira, dia 17, para que senadores que assinaram o requerimento de abertura da CPI confirmassem o apoio à investigação. Isso porque a senadora havia começado a recolher as assinaturas antes do dia 1º de fevereiro, quando começou a nova legislatura, e de acordo com o presidente, era preciso ter certeza que os parlamentares que permaneceram no mandato manteriam a posição.

Acontece que somente 12 senadores fizeram a ratificação e outros três recém-chegados ao Senado assinaram o requerimento, totalizando 15 signatários. Para a instauração de uma CPI, o regimento da Casa exige ao menos 27 assinaturas.

A senadora por Mato Grosso do Sul defende que, contudo, tem hoje 35 apoiadores, o suficiente para que a CPI seja instaurada. “Nós temos 35 assinaturas, mas aí entramos num imbróglio de que só 15 estão ratificadas. Dentro do regimento, você só tem duas hipóteses. Ou você põe a assinatura ou você retira. Não existe a hipótese de ratificar”, argumentou em coletiva de imprensa no Salão Azul do Senado, nesta terça-feira (21).

Soraya afirma que a assinatura dela, por exemplo, aparece como ratificada, mas não foi ela quem fez a confirmação. “A minha assinatura aparece como ratificada, mas eu não ratifiquei. Eu estou achando que existe um senador fantasma por aqui. Algum senador ratificou por mim”, ironizou.

Ainda conforme a parlamentar, 20 senadores nem retiraram as assinaturas e nem ratificaram. Soraya disse que fará questionamentos à Presidência da Casa sobre o impasse. “O que vai ser feito com 20 assinaturas que estão no limbo, são ‘nem, nem’?”.

A senadora ainda disse que chegou a perder o acesso ao sistema eletrônico de coleta de assinaturas e a situação a deixa insegura. “Estamos implantando o sistema agora, então eu vou dar o benefício da dúvida para o presidente Rodrigo, a SGM [Secretaria Geral da Mesa Diretora], a nossa equipe de TI [Tecnologia da Informação]. Eu estou perguntando, não estou acusando”.

Soraya Thronicke adiantou que levantaria questão de ordem durante sessão para fazer os mesmos comentários e perguntas. Para ela, não se pode ignorar a vontade de 35 senadores, engavetando a CPI. “Acredito que o presidente Rodrigo Pacheco vai resolver essa situação, porque senão nós estaremos diante de um fato muito pior do que o que aconteceu no dia 8”.

O naufrágio da CPI, antes mesmo da instauração, está anunciado desde quando até senadores da base governista começaram a retirar o apoio. Para aliados de Lula (PT), uma investigação desse porte gastaria energia de parlamentares que precisam articular a aprovação de projetos do governo, como uma reforma tributária.

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