ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, QUARTA  17    CAMPO GRANDE 17º

Política

Com projetos pendentes, vereadores usam palanque falando de aborto

Foram mais de 30 minutos usados durante a sessão de Campo Grande tratando do tema

Cassia Modena e Caroline Maldonado | 14/09/2023 12:06
Tiago Vargas aproveitou "carona" de colega e levantou o tom para falar sobre aborto (Foto: Caroline Maldonado)
Tiago Vargas aproveitou "carona" de colega e levantou o tom para falar sobre aborto (Foto: Caroline Maldonado)

Os vereadores de Campo Grande já começaram a sessão desta quinta-feira (14) perdendo tempo com assunto que não têm competência para legislar, mesmo com projetos de lei municipais à espera de análise. O aborto foi o tema que dispersou a Casa de Leis por mais de 30 minutos e garantiu palanque aos líderes de partidos.

Clodoilson Pires (Podemos) puxou a discussão ao criticar a liberação assinada na última terça-feira (12) pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, para o julgamento da ação que propõe descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gravidez. Ele levantou a polêmica quando parlamentares foram chamados para comunicar temas relevantes sobre Campo Grande.

Em seguida, o vereador Tiago Vargas (PSD) subiu o tom. "Como se não bastasse o STF descriminalizar o uso de drogas, agora a ministra Rosa Weber vai pautar a descriminalização do aborto [...]. A 'criança', a partir da quinta semana, tem batimentos cardíacos", começou.

Ministra é relatora do caso no STF e se aposentará no final deste mês (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Ministra é relatora do caso no STF e se aposentará no final deste mês (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

No meio do discurso, Vargas atacou a esquerda. "Esquerdistas canalhas. É mais fácil legalizar aborto do que usar anticoncepcional e tirar a vida de um inocente do que você se prevenir". E finalizou, tentando justificar o debate dispensável em andamento. "Quem paga o preço é a população campo-grandense", falou.

Após Roberto Santana dos Santos, o "Betinho" (Republicanos), colocar assunto relacionado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) municipal em discussão, Marcos Cesar Tabosa, o "Tabosa" (PDT) retomou o tema anterior, atacando Vargas. "'Filhote' da direita, esse 'desenho animado', vem aqui falar do Congresso e aborto. Sou de esquerda e sou contra o aborto. Agora, o país é democrático. Se alguém levantou, vamos fazer a discussão", disse Tabosa.

Intervieram - Ronilço Guerreiro (Podemos) seguiu o discurso contrário sobre o aborto, mas foi mais breve. Já os vereadores Junior Coringa, o "Coringa" (PSD), e Luiza Ribeiro (PT) interromperam a polêmica, lembrando que a discussão não se atém a temas locais.

Luiza foi mais enfática na crítica aos colegas que queriam palanque. "É muito fácil fazer o discurso. Quero ver enfrentar na atividade parlamentar os problemas que afetam a vida das crianças e adolescentes aqui em Campo Grande. Quantas vezes o vereador que veio aqui defender a vida se enfileirou para garantir o número adequado de Conselhos Tutelares, que temos cinco e tinha que ter nove? Nunca vi sustentar a voz para garantir vaga para 8.736 crianças que estão fora da educação infantil ou para falar sobre a falta de remédios que também mata crianças, adolescentes e idosos”, disse.

No STF - Apesar da liberação do caso ir para análise da Corte, a data do julgamento ainda não foi definida. A ministra é relatora do caso e se aposentará no final deste mês ao completar 75 anos.

A ação analisada pelo Supremo foi proposta pelo PSOL em 2017. O partido defende que a interrupção da gravidez até a 12ª semana deixe de ser crime.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias