Com projetos pendentes, vereadores usam palanque falando de aborto
Foram mais de 30 minutos usados durante a sessão de Campo Grande tratando do tema
Os vereadores de Campo Grande já começaram a sessão desta quinta-feira (14) perdendo tempo com assunto que não têm competência para legislar, mesmo com projetos de lei municipais à espera de análise. O aborto foi o tema que dispersou a Casa de Leis por mais de 30 minutos e garantiu palanque aos líderes de partidos.
Clodoilson Pires (Podemos) puxou a discussão ao criticar a liberação assinada na última terça-feira (12) pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, para o julgamento da ação que propõe descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gravidez. Ele levantou a polêmica quando parlamentares foram chamados para comunicar temas relevantes sobre Campo Grande.
Em seguida, o vereador Tiago Vargas (PSD) subiu o tom. "Como se não bastasse o STF descriminalizar o uso de drogas, agora a ministra Rosa Weber vai pautar a descriminalização do aborto [...]. A 'criança', a partir da quinta semana, tem batimentos cardíacos", começou.
No meio do discurso, Vargas atacou a esquerda. "Esquerdistas canalhas. É mais fácil legalizar aborto do que usar anticoncepcional e tirar a vida de um inocente do que você se prevenir". E finalizou, tentando justificar o debate dispensável em andamento. "Quem paga o preço é a população campo-grandense", falou.
Após Roberto Santana dos Santos, o "Betinho" (Republicanos), colocar assunto relacionado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) municipal em discussão, Marcos Cesar Tabosa, o "Tabosa" (PDT) retomou o tema anterior, atacando Vargas. "'Filhote' da direita, esse 'desenho animado', vem aqui falar do Congresso e aborto. Sou de esquerda e sou contra o aborto. Agora, o país é democrático. Se alguém levantou, vamos fazer a discussão", disse Tabosa.
Intervieram - Ronilço Guerreiro (Podemos) seguiu o discurso contrário sobre o aborto, mas foi mais breve. Já os vereadores Junior Coringa, o "Coringa" (PSD), e Luiza Ribeiro (PT) interromperam a polêmica, lembrando que a discussão não se atém a temas locais.
Luiza foi mais enfática na crítica aos colegas que queriam palanque. "É muito fácil fazer o discurso. Quero ver enfrentar na atividade parlamentar os problemas que afetam a vida das crianças e adolescentes aqui em Campo Grande. Quantas vezes o vereador que veio aqui defender a vida se enfileirou para garantir o número adequado de Conselhos Tutelares, que temos cinco e tinha que ter nove? Nunca vi sustentar a voz para garantir vaga para 8.736 crianças que estão fora da educação infantil ou para falar sobre a falta de remédios que também mata crianças, adolescentes e idosos”, disse.
No STF - Apesar da liberação do caso ir para análise da Corte, a data do julgamento ainda não foi definida. A ministra é relatora do caso e se aposentará no final deste mês ao completar 75 anos.
A ação analisada pelo Supremo foi proposta pelo PSOL em 2017. O partido defende que a interrupção da gravidez até a 12ª semana deixe de ser crime.
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