Corrêa tenta se explicar e desqualificar gravação em que sugere fraude
Três dias depois de divulgado o áudio e um ano e meio da gravação, em que fala ao colega Felipe Orro (PSDB) sobre como fraudar folhas de ponto de funcionários na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Paulo Corrêa (PR) anunciou nesta terça-feira (1º) que pedirá à polícia investigação sobre o que chamou de “grampo criminoso”.
Ao chegar na casa de leis, nesta manhã, Corrêa foi à tribuna se explicar. Em 20 minutos, disse estar indignado pela divulgação do caso nas redes sociais e imprensa. “Se tratou de um grampo criminoso, em uma gravação em um telefone fixo da Assembleia Legislativa”.
Corrêa tentou dizer porque mandou Orro colocar "um controle de ponto, mesmo que seja fictício" em seu gabinete. Segundo o parlamentar do PR, "fictício" foi um termo inadequado para dizer que a presença dos funcionários deveria ser anotada na folha.
“O que eu estava sugerindo era um controle manuscrito dos servidores que trabalham com ele. Nunca tive suspeita de qualquer irregularidade, recebi uma ligação do Felipe, onde eu estava orientando para regularizar sua folha de ponto de seu pessoal. Nenhum momento, estávamos falando de funcionários fantasmas”.
De fato, Orro ligou para Corrêa. Ao atender, o interlocutor chama o colega de "mal informado" ao falar sobre reportagem da Rede Globo, exibida no Fantástico em junho do ano passado, sobre a farra com dinheiro público em Assembleias Legislativas no Brasil.
Sugere que ele e Orro, por terem mais funcionários do que os outros deputados, mantenha o controle de ponto em seu gabinete "até que passe esse rolo aí".
Em entrevista nesta manhã, Corrêa repetiu que vai “procurar as autoridades policiais para denunciar”. “Para que haja uma investigação para saber como esta conversa foi gravada. É uma questão de polícia. Eu tenho 25 servidores, estou abaixo da cota, nunca tive funcionário fantasma, isso se trata de especulação maldosa”, se explicou.
Também pediu desculpas para os deputados Felipe Orro e Zé Teixeira (DEM), pelas “palavras de baixo calão”, usadas durante a gravação.
Na gravação, Paulo Corrêa se refere a Zé Teixeira como alguém que estaria "falando mais que a boca", "este babaca, idiota".
Corrêa, no áudio gravado, também se certifica se Orro está sozinho. Questionado, o parlamentar explicou que foi apenas para ter uma “ligação com tranquilidade, para ter cuidado, orientar o colega”.
Ainda segundo o parlamentar, pessoas – que ele não identificou -, o procuraram tentando chantageá-lo, querendo "vender" a gravação, em troca do silêncio. “Não me interessou, pois não cedo a chantagem. Como homem público, preferi passar por este constrangimento e dar explicação, se fosse necessário”. Não explicou também porque, na época, não denunciou o chantagista.
Por fim, disse que está à disposição da Assembleia, OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), MPE (Ministério Público Estadual) e TCE (Tribunal de Contas do Estado). “Todos os órgãos que queiram fazer a avaliação se os servidores são regulares”.
A conversa teria sido gravada em junho do ano passado. Na ocasião, Orro diz que para ligar no gabinete de Corrêa tomou emprestado o celular de um pastor, identificado apenas como Jairo.