Defendido em convenção do PMDB, Puccinelli coloca busca de aliados como objetivo
Conferência que elegeu André Puccinelli para a presidência regional do PMDB trouxe desagravo a ex-governador, que prega busca de partidos aliados para projeto político em 2018
A conferência estadual do PMDB, realizada em Campo Grande e que serviu para conduzir André Puccinelli ao cargo de presidente regional do partido, seguiu o script e serviu como palco de desagravos ao ex-governador, que neste ano se tornou alvo direto da operação Lama Asfáltica, bem como de suporte para sua pré-candidatura ao governo do Estado em 2018. Além disso, estabeleu que a nova direção estadual não tem a pretensão de fazer o partido caminhar sozinho, colocando as alianças com outras agremiações entre suas prioridades.
O evento foi oficialmente aberto às 8h30 pelo agora ex-presidente regional e atual tesoureiro do PMDB, o presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi. Naquele momento, a Associação Nipo-Brasileira, no bairro Cidade Jardim, –sede da conferência– ainda não tinha ocupação máxima. Os militantes lotaram o local já por volta das 10h, quando Puccinelli chegou em seu Fiat Uno vermelho, ao lado de outros dirigentes.
Depois de uma breve coletiva, na qual admitiu a possibilidade de concorrer ao governo do Estado em 2018, Puccinelli e as demais lideranças seguiram para o palanque principal. Por cerca de duas horas, deputados estaduais, dirigentes de setores do PMDB, novos filiados, o deputado federal Carlos Marun e os senadores Simone Tebet e Waldemir Moka exaltaram a importância de contar com o ex-governador no comando do partido, ao mesmo tempo em que saíram em sua defesa.
Desagravo – Marun destacou os ataques contra o partido e Puccinelli. “Fomos atingidos por mentiras”, afirmou, prevendo na sequência que “aqueles que iam nos enfrentar com calúnias e injúrias deram com os burros n’água. Estamos mais fortes e mais preparados para reorganizar Mato Grosso do Sul”.
O parlamentar, antes do evento, há havia defendido a candidatura própria do partido ao governo, e que, se possível, que fosse assumida pelo líder de seu grupo político. “O PMDB quer André Puccinelli como candidato”.
Simone Tebet, por sua vez, destacou ter “respeito pelos promotores, procuradores, tribunais da Justiça e auditores”, mas que via “excessos de órgãos de controle e do Judiciário” nos fatos recentes envolvendo Puccinelli, que para ela não teve o devido direito ao contraditório. A senadora reforçara que sua fala “era um desagravo” ao ex-prefeito e ex-governador, de que se considera “filha política”.
Em outros discursos, como dos deputados estaduais Paulo Siufi e Márcio Fernandes, pedidos de “Volta, André” foram entoados pelos militantes. Já Eduardo Rocha reforçou que Waldeli dos Santos Rosa, prefeito de Costa Rica recém-filiado ao PMDB, também é opção para a disputa do Parque dos Poderes –ele, porém, reforça que Puccinelli segue como nome favorito do partido.
Arco de alianças – Já o ex-governador e novo presidente regional do PMDB, em seu discurso, estabeleceu algumas metas da agremiação para 2018. Entre elas, “a obrigação de defender o legado” de gestões peemedebistas em Campo Grande e Mato Grosso do Sul, citando números de sua última gestão no Executivo estadual nas áreas de habitação e infraestrutura, entre outros.
Outro objetivo envolve as alianças e a formação de bancadas legislativas. Em pelo menos dois momentos de sua fala, Puccinelli reforçou a importância de composições com outros partidos –citando, por exemplo, o PTB de Nelsinho Trad e o PSD do prefeito Marquinhos Trad, além do PSB, ao qual a deputada federal Tereza Cristina era filiada.
“Uma andorinha só não faz verão. Precisamos de deputados estaduais de nosso partido, pois esta é uma convenção do PMDB, mas também com partidos aliados para levarmos Mato Grosso do Sul ao desenvolvimento”, declarou Puccinelli, afirmando ainda que “não discriminamos ninguém”.
Além disso, o presidente regional salientou que as propostas de parceria eleitoral serão discutidas dentro do PMDB, “e não só com o André”.
Lideranças de diferentes partidos passaram pelo evento. Marquinhos e Nelsinho, que deixaram a convenção antes do término, reforçaram atenderem a convites da cúpula peemedebistas, mas negaram haver acordos visando a parceria. Já o deputado federal Mandetta (DEM) disse que pretende aguardar o desenrolar de questões envolvendo o PMDB antes de uma decisão.
“Vim hoje atendendo a um convite, em respeito a importância do PMDB, um partido democrático, e como fui à do PDT. Além disso, sabemos da liderança política que é o ex-governador André Puccinelli, que vive um momento conturbado. O PMDB terá de achar um caminho, e já deixam claro que terão candidato ao governo. Sendo um nome viável, iremos avaliar a composição”, explicou Mandetta.
Em justificativa semelhante, o vereador Otávio Trad pontou que o PTB reconhece a importância de Puccinelli para a política estadual, mas que no momento a agremiação está voltada para seu fortalecimento interno. Sem descartar uma aliança futura, ele declarou que isso será pesado no momento certo, isto é, nas convenções partidárias.
Já o presidente regional do PSDB, deputado estadual Beto Pereira, admitiu a possibilidade de tratativas com o PMDB, mesmo diante do fato de os dois partidos, neste momento, terem candidatos ao governo.
Ao final do evento, já em lágrimas, Puccinelli recitou trecho da música “Terra Boa”, de Almir Sater –“Nada é impossível/nada nos detém/só vai ser preciso/você querer também”. Somente depois do discurso o ex-governador pode votar na eleição de chapa única do PMDB.