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Política

Delcídio quer fim de “maquiagem” na saúde e IPVA em dez vezes

Aline dos Santos | 22/10/2014 12:30
Delcídio (centro) foi entrevistado pelos jornalistas Oscar Ramos Gaspar e Ângela Kempfer.(Foto: Marcos Ermínio)
Delcídio (centro) foi entrevistado pelos jornalistas Oscar Ramos Gaspar e Ângela Kempfer.(Foto: Marcos Ermínio)

Candidato ao governo do Estado, o senador Delcídio Amaral (PT) promete acabar com a “maquiagem” da Lei do Rateio na distribuição dos recursos para saúde.

Saúde é para investir em saúde. Isso começou lá atrás, passou por vários governos não é só pelo atual não, nós temos que acabar com essa historia de maquila. Tem que investir 12% na saúde? É 12% que vai ser investido. Não pode misturar”, afirmou em entrevista exclusiva ao Campo Grande News.

Ele também defendeu um novo modelo de Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário) com resgate do conselho para avaliar os investimentos, assegurou reajuste dos professores e prometeu melhor remuneração para policiais que trabalham na área de fronteira.

No aspecto econômico, garantiu que há como as finanças do Estado suportarem o pagamento do IPVA em até dez vezes, um dos carro chefe da campanha no segundo turno. “Nós estudamos profundamente esses impactos do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores] em 10 vezes. Nos três primeiros meses do ano é que você tem que ajustar o fluxo, não causa impactos fortes “

Delcídio Amaral tem 59 anos e foi candidato a governador em 2006. No primeiro turno das eleições deste ano, foi o candidato mais votado, com 567.331 votos.

Transcrição dos principais trechos da entrevista:

"Eu acho que, finalmente, um engenheiro vai resolver o problema da saúde em Mato Grosso do Sul'.(Foto: Marcos Ermínio)
"Eu acho que, finalmente, um engenheiro vai resolver o problema da saúde em Mato Grosso do Sul'.(Foto: Marcos Ermínio)
"O Estado tem que cumprir aquilo que compete a ele cumprir, aquilo que é dever dele. O restante, a iniciativa privada faz melhor". (Foto: Marcos Ermínio)
"O Estado tem que cumprir aquilo que compete a ele cumprir, aquilo que é dever dele. O restante, a iniciativa privada faz melhor". (Foto: Marcos Ermínio)

Saúde - Saúde é um verdadeiro trauma. A saúde de Mato Grosso do Sul vai muito mal, está doente. Nós tivemos por 16 anos Campo Grande sendo comandada por médicos e oito anos o Estado sendo comandado por médicos. Eu acho que, finalmente, um engenheiro vai resolver o problema da saúde em Mato Grosso do Sul. Aliás, estão faltando engenheiros. Falta um pouco de Pedro Pedrossian para arrojar mais, especialmente na saúde.

A saúde em Campo Grande é um caos completo, uma sobrecarga violenta, agora agravada por acidentes de trânsito. O Hospital do Trauma não sai do lugar, uma situação que já era ruim piorou mais. Campo Grande tem que ficar com alta complexidade e os hospitais regionais precisam ser fortalecidos. Primeiro sob o ponto de vista estrutural, depois sob o ponto de vista de equipamentos.

Estrutura no interior - O primeiro ponto é você dotar os hospitais de uma infraestrutura de equipamentos compatíveis para atender especialidades, para fazer exames, fazer cirurgias. Senão os hospitais regionais não funcionam, aí é ambulâncioterapia. O cara sai do interior para vir a Campo Grande. Isso merece uma atenção especial e não tem que inventar moda, não precisa fazer nada novo. Precisa os hospitais de Três Lagoas e Dourados; fazer o de Corumbá.

A questão dos médicos, aí eu quero entrar na grande dificuldade que nós temos, que são os especialistas. Você forma muitos profissionais de nível superior em outras categorias e não forma um número de médicos necessários. Ao mesmo tempo também tem a questão da remuneração. Primeiro a formação de médicos, o governo tem que botar a mão na massa. Eu financio a tua universidade privada e você me paga com seu trabalho. Vai entrar mais recursos na saúde de royalties, vai entrar mais recursos porque é inevitável a renegociação da dívida do Estado. Toda uma estruturação financeira que vai proporcionar ao Estado aportar os recursos necessários.

Lei do Rateio - Saúde é para investir em saúde. Isso começou lá atrás, passou por vários governos não é só pelo atual não, nós temos que acabar com essa historia de maquila. Não tem que investir 12% na saúde? É 12% que vai ser investido. Não pode misturar com saneamento, com outras coisas que poderão ser interpretadas como investimento em saúde. Saúde são os postos, sistema hospitalar.

Logística - Qual é o grande mal hoje aqui no nosso Estado? Não tem planejamento. Qual o Estado que nós queremos? O Bolsão vai se desenvolver como? A fronteira vai desenvolver como? O Pantanal vai desenvolver como? O Norte vai desenvolver como? O Conesul vai desenvolver como? Nós só temos incentivo para uma região e para as demais? Como você não sabe o que se quer para o Estado, então qual é a logística que você precisa? Quais as ações na área de educação, saúde, segurança pública? Você diz assim: Três Lagoas está crescendo. Mas a cidade foi preparada para isso? É o Estado quem tem que preparar as várias regiões para os investimentos que estão vindo.

Escola de tempo integral - Esse modelo não é simples de implantar. O aluno chega de manhã e sai à tarde. Para os pais é ótimo porque o filho está na escola, não está na rua, não é vitima do crime organizado, das drogas. Primeiro, os professores têm que ser preparado, os trabalhadores também. As escolas precisam passar por adaptações porque o aluno vai ficar o dia inteiro. É um processo gradativo, que não acontece da noite para o dia, quem disser que vai fazer do dia para noite está mentindo. Será implementado e com algumas coisas que são melhorias nas próprias condições de ensino nas escolas.

Quando você bota cobertura de quadra, a escola se transforma num centro comunitário, então ali não vai ter só atividade esportiva, vai ter uma porção de coisas que são da comunidade. Outra coisa, ar-condicionado nas escolas, lousa digital, internet rápida. Porque se o jovem não tiver perspectiva, ele não vai a lugar nenhum. Jovem é teatro, música, cultura, festa, esporte.

IPVA - Nós estudamos profundamente esses impactos do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) em 10 vezes. Nos três primeiros meses do ano é que você tem que ajustar o fluxo, não causa impactos fortes o fato de você cobrar o IPVA em dez vezes sem juros.

Na conta de energia, você tem outros instrumentos de compensação, não só o crescimento da arrecadação. Sabe quanto representa o comércio eletrônico para Mato Grosso do Sul hoje? R$ 110 milhões que nós estamos perdendo para São Paulo. Aliás, São Paulo quer tudo nosso, quer o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que o governador recentemente disse que era fofoca. Nós vamos botar na televisão a Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que eles enfiaram no STF (Supremo Tribunal Federal) para R$ 1,2 bilhão do gás que entra em Corumbá. Agora, a minha proposta é a seguinte, o Estado tem que cumprir aquilo que compete a ele cumprir, aquilo que é dever dele, educação, saúde, segurança pública. O restante, a iniciativa privada faz melhor do que qualquer Estado.

"Um  programa que Mato Grosso do Sul não enxergou ainda é o Sisfron". (Foto: Marcos Ermínio)
"Um programa que Mato Grosso do Sul não enxergou ainda é o Sisfron". (Foto: Marcos Ermínio)
"Infraestrutura não tem ideologia, então eu sou favorável ao leilão das concessões de rodovias estaduais". (Foto: Marcos Ermínio)
"Infraestrutura não tem ideologia, então eu sou favorável ao leilão das concessões de rodovias estaduais". (Foto: Marcos Ermínio)

Privatização de rodovias estaduais - Eu sou favorável, acho que o governo federal se atrasou no leilão dos aeroportos, no leilão das rodovias, no leilão das ferrovias. Esse é um assunto que não dá para você discutir dogmaticamente, não da para você ficar discutindo politica em cima de infraestrutura. A ideologia está no orçamento. Um orçamento neoliberal, orçamento mais compromissado com o social. Infraestrutura não tem ideologia, então eu sou favorável ao leilão das concessões de rodovias estaduais. Mas acho que a modelagem não é a mais adequada. A nova modelagem vai garantir um preço mais justo, competitivo e com benefícios maiores para a população.

Fundersul – Eu acho que o Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário ) é um instrumento importante. Eu vi candidato falando que ia zerar o Fundersul, mas até o produtor que paga, e paga com raiva, acha que é impossível. Mas não concordo com a maneira como o Fundersul está sendo administrado hoje. A Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) perdeu a sua função de Estado, então nós temos que resgatar o conselho do Fundersul. Nós liberamos retroescavadeira, caminhão caçamba, patrola para os 79 municípios sul-mato-grossenses. Nós estamos naquela da Conceição, aquela musica do Cauby Peixoto, ninguém sabe, ninguém viu

Consórcio - Nós temos que usar os consórcios, que é um instrumento forte de captação de recursos. Ninguém sabe melhor de estrada vicinal do que prefeito, ele é caixa de ressonância da população. Porque quando dá zebra, o primeiro cara a ter dor de cabeça é o prefeito. Por que não usar essa estrutura formal dos consórcios para fazer uma administração competente do Fundersul e dos equipamentos? Passaram os equipamentos para a inciativa privada. Eu quero ser empresário também assim.

Fundo de combate à pobreza – O Vale Renda é um programa de extrema relevância. Ao longo de toda essa campanha tive um discurso social com viés muito intenso. Se for governador, vou fazer um governo amplo, de diálogo, sem perseguir ninguém. Tenho perfil de harmonia, não tenho perfil de ataque. Eu sei que essas famílias carentes precisam. Ontem, estive no Dom Antônio. O pessoal disse que os adversários andam dizendo que vou acabar com o Vale Renda. Tremendo lero, eu sei o que isso representa, principalmente para as camadas mais carentes da população.

Aquário do Pantanal – Não vou discutir o mérito do aquário. Sou um cara que viaja muito, aquário eu conheço vários, na Europa, na Ásia. O preço que vai se cobrar não se sustenta, tem que trazer patrocinadores. Determinado investimento se viabilizam com a participação da inciativa privada. Vou buscar parceiros para subsidiar o valor da entrada, para que o povo usufrua do aquário.

Sisfron – Um programa que Mato Grosso do Sul não enxergou ainda é o Sisfron. Um programa de R$ 126 bilhões, que Mato Grosso do Sul é piloto. Exige integração do Ministério da Defesa e polícias. Tem avião não tripulado voando, carro conectado a satélite. É um programa amplo para atacar a violência, o tráfico, contrabando. Volto a insistir a gente tem que atacar a origem. Precisamos valorizar os policiais da fronteira, eles têm que ter salário diferenciado. Operar em fronteira na segurança pública não é mole não. Ter policia de inteligência ,tecnológica. Tem viatura em Brasília, mas não assinaram convênio aqui e a viatura não veio.

Reajuste dos professores – Acompanhei a negociação e acredito, até por informações da Secretaria de Fazenda, que é muito responsável, que isso foi muito bem calibrado dentro do fluxo dos próximos anos. Obviamente vamos ter, em função desses compromisso, gastos adicionais, que consequentemente vão nos levar a busca de novas receitas.

Considerações finais – Pedir ao eleitor e a eleitora que compareçam no dia 26 de outubro às urnas, porque o voto é a cidadania, a escolha de alguém que vai conduzir os nossos destinos nos próximos quatro anos. Agradecer aos partidos, a militância, a gente vai até domingo pedindo voto. E no dia 26 de outubro, não se esqueçam, vote 13 Delcídio governador e 13 Dilma presidente. Se Deus quiser, domingo vamos fazer uma grande festa, a festa do povo, de quem ama Mato Grosso do Sul e o Brasil.

"Tenho perfil de harmonia, não tenho perfil de ataque. Eu sei que essas famílias carentes precisam (do Vale Renda)". Foto: (Marcos Ermínio)
"Tenho perfil de harmonia, não tenho perfil de ataque. Eu sei que essas famílias carentes precisam (do Vale Renda)". Foto: (Marcos Ermínio)
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