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Política

Deputados divergem sobre posicionamento do governador em ampliar restrições

Maioria dos deputados são contrários ao decreto em vigor e estão preocupados com situação econômica do Estado

Gabriela Couto | 16/03/2021 13:15
Discussão da prioridade entre salvar vidas e economia do Estado tem opiniões diferentes na Assembleia (Foto Luciana Nassar)
Discussão da prioridade entre salvar vidas e economia do Estado tem opiniões diferentes na Assembleia (Foto Luciana Nassar)

Nem mesmo a própria oposição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), na Assembleia Legislativa, tem um consenso em relação ao pronunciamento feito por ele, nas redes sociais nesta segunda-feira (15), afirmando que a prioridade do Estado será salvar vidas.

Os deputados estaduais petistas Pedro Kemp e José Almi, divergem sobre o pronunciamento. “Sou a favor de medidas mais restritivas. Mas essas últimas anunciadas são insuficientes para barrar a expansão da pandemia no Estado. Estamos vivendo um momento crítico. Ontem ligou pra mim uma pessoa conhecida no interior do estado e estava desde sábado atrás de um leito e não tem vaga”, disse Kemp.

Para ele a decisão deve ser tomada por cada prefeito. “É preciso de um esforço maior por parte das autoridades do Estado. Tem que se reunir com os prefeitos das cidades do interior para que possamos ter outras medidas mais adequadas para impedir a disseminação da doença em Mato Grosso do Sul.”

Já Almi afirmou que hoje a população morre ou pela pandemia ou pela fome. “Eu vejo interessante aumentar as restrições, mas pessoas precisam trabalhar sendo assim todos os esforços deverão ser feitos para a compra da vacina, caso contrário moremos de qualquer jeito de fome ou pelo vírus. Está faltando um presidente estadista que possa dialogar com todos e trazer vacina pro nosso povo”, pontuou.

O deputado Jamilson Name (sem partido) é favorável às decisões do governador. “Estamos passando pelo pico da pandemia e realmente precisamos tomar as medidas necessárias sanitárias, de restrição, recolhimento, uso de máscara e álcool em gel.  Realmente o governador está sendo sensível e preocupado com a população sul-mato-grossense. Acho q as vidas são mais importantes sim do que a economia do Estado”.

João Henrique Catan (PL) afirmou ser ‘radicalmente contra’ o decreto já em vigor de Reinaldo Azambuja. “Em primeiro lugar eu acredito que as restrições acabam por promover a maior concentração de pessoas circulando no mesmo horário. É mais fácil, melhor e positivo o poder público auxiliar o enfrentamento fornecendo orientações e equipamentos de proteção para população, além de promover a fiscalização e dar benefícios para arrecadar e não chegar a restringir.”

Ele afirma que o país está acostumado a políticas que ‘estacam a sangria’, ou seja, que resolvam o problema de forma momentânea. “Acredito que o Estado brasileiro precisa acabar com a política do estado perverso e perseguidor e transformar no estado parceiro, equilibrando a saúde das pessoas e a capacidade produtiva do estado intacto”.

Líder do governador na Assembleia, deputada Mara Caseiro (PSDB), afirma que as restrições serão reflexo de como a população vai se comportar. “É claro que não é o desejo de nenhum gestor implementar o lockdown e restringir ainda mais as atividades que geram aglomeração de pessoas. Mas tendo em vista o alarmante número de vidas que se foram e para resguardar vidas, tais medidas são necessárias por um espaço de tempo. Todos temos que estar conscientes da importância dos cuidados para evitar a propagação desse mal. Sem a consciência de todos, infelizmente medidas restritivas precisam ser adotadas”.

Do mesmo partido, Rinaldo Modesto é a favor da ciência. “Acredito que este assunto deve ser tratado do ponto de vista técnico. Especialistas da área de saúde em conjunto com o setor econômico e governo para que tenha uma ação em conjunto em defesa em primeiro lugar da vida e em segundo lugar minimizar as perdas econômicas. O tema esta muito politizado e precisamos de ações.”

O progressista Evander Vendramini afirmou que é preciso tomar medidas locais. “Tem que conversar com os prefeitos porque a situação está gerando um caos. Precisamos rever essas condições. Cada prefeito deve rever os decretos se tem condições de flexibilizar. Deixar o restaurante aberta até as 20h é pior. Vai ter muita demissão e pais de família desempregados.”

Ele ainda enfatizou que as tomadas de decisões se tornam fáceis para quem tem estabilidade financeira. “É fácil para a gente como deputado que tem salário todo mês, governador, prefeito, quem tem salário fixo. Agora quem depende do dia a dia é que sofre. Temos que chamar a atenção para essa discussão.”

José Carlos Barbosa (DEM) concordou com o colega. “Quando restringe o horário, ao contrário do que se busca, você faz aglomeração. Estabelecer o horário com as normas exigidas pela organização de saúde é mais adequado do que restringir o horário. Se tiver funcionando após as 20h nós poderíamos propiciar a escolha da população de circular em horários diferenciados e não até um horário específico. Se deixar abrir até às 20h quebra um restaurante.”

Presidente da Comissão Permanente de Saúde da Assembleia, Antônio Vaz (Republicanos), também vê decretos de restrições como algo sem resolutividade. “As pessoas estão desempregadas. Empresários estão quebrando. Acredito no cuidado como uso de álcool em gel, máscaras e reduzir o número de pessoas nos restaurantes, bares. Sabemos da seriedade do momento que estamos vivendo, pessoas estão morrendo, hospitais estão cheios, mais restrições não vai resolver. Recebi uma boa notícia hoje, os estados vão receber da Fiocruz 3,8 milhões de vacinas por semana, acredito que aí sim vamos vencer a covid-19.”

Neno Razuk (PTB) espera que economia e saúde consigam um equilíbrio. A grande questão é encontrar um ponto de equilíbrio, por isso acredito que as medidas tomadas pelo governador Reinaldo Azambuja são parecidas com outras tomadas em vários estados do Brasil. As restrições são ruins? São terríveis, mas perder quem amamos é muito pior e não queremos um colapso em nosso estado.”

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