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Política

Fama de “esquerdista” faz ex-candidata de MS perder indicação de Bolsonaro

Desire Queiroz, candidata do PRB a deputada estadual, chegou a ser cogitada para a Secretaria Nacional da Juventude

Humberto Marques | 03/01/2019 15:53
Desire Queiroz foi candidata a deputada estadual em MS pelo PRB, obtendo pouco mais de 600 votos. (Foto: Reprodução/Facebook)
Desire Queiroz foi candidata a deputada estadual em MS pelo PRB, obtendo pouco mais de 600 votos. (Foto: Reprodução/Facebook)

Mato Grosso do Sul, por pouco, não emplacou mais um nome no staff do presidente Jair Bolsonaro. Candidata a deputada estadual nas eleições de 2018, quando obteve pouco mais de 600 votos, Desire Queiroz (PRB) teve o nome ventilado para a Secretaria Nacional da Juventude, porém, posicionamentos favoráveis a nomes da esquerda por ela manifestados em redes sociais minaram sua indicação.

A informação partiu do blog da jornalista Andrea Sadi. Desire, administradora de empresas, seria indicação do PRB de Mato Grosso do Sul à ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), e atuou nos trabalhos da equipe de transição de Bolsonaro. Em dezembro, foi considerada favorita para a Secretaria Nacional da Juventude.

No entanto, postagens em redes sociais nas quais ela se manifestou em defesa da vereadora Marielle Alves (Psol-RJ, assassinada em março de 2018) renderam-lhe acusações de ser “esquerdista”. 

Uma campanha nas redes sociais contra a jovem começou no fim de 2018. Até hashtag #‎desirequeiroznao‬ foi criada no Facebook contra a indicação da sul-mato-grossense. Ela virou, inclusive, pauta de jornal gospel com título do tipo "Evangélica cotada para Secretaria Nacional de Juventude militou em grupo pró-LGBT e Ideologia de Gênero"

O Campo Grande News não conseguiu contatar Desire para comentar as afirmações.

Postagem usada para atacar Desire diante da indicação; administradora diz que conteúdo foi adulterado. (Foto: Reprodução)
Postagem usada para atacar Desire diante da indicação; administradora diz que conteúdo foi adulterado. (Foto: Reprodução)

À Sadi, a administradora disse que sempre pertenceu a movimentos de direita e apoiou pautas como a redução da maioridade penal, opondo-se ao aborto. Além disso, acusou que uma postagem que fez em redes sociais defendendo a vida de Marielle, em março, foi adulterada e associada a uma possível defesa da esquerda. “O que eu disse é que a morte de qualquer um me comove. Discordo de todas as posições dela, mas jamais vou defender a morte de alguém”, justificou, reiterando que, na mesma postagem, defendeu a vida dos policiais.

O perfil no qual a administradora fez a postagem não estava disponível na tarde desta quinta-feira.

Além de filiada ao PRB, Desire, formada em administração pela UFMS, atuou no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, no Conselho de Jovens Empresários do Estado e foi conselheira nacional da Juventude, além de coordenadora da Frente Feminina da Juventude do Estado. Na campanha eleitoral em Mato Grosso do Sul, ela apoiou a candidatura do juiz aposentado Odilon de Oliveira (PDT) ao governo, mas trabalhou pela consolidação da candidatura de Bolsonaro –que, no segundo turno, teve suporte do pedetista.

A possibilidade de um desgaste de Damaris com a confirmação da indicação teriam minado as chances de Desire. Nesta quarta-feira (2), durante sua posse, a ministra anunciou Jayana Nicaretta da Silva (Progressistas) para o cargo –a indicada foi eleita vereadora em União do Oeste (SC) em 2012, aos 18 anos, é formada em Engenharia de Petróleo e foi integrante do Conselho Superior da Universidade de Pelotas (RS), onde se formou.

Durante a posse de sua equipe, a ministra da Família fez elogios a Desire Queiroz e disse que ela será aproveitada na administração federal. A administradora, por sua vez, elogiou a escolha de Jayana e se disse “à disposição” do Governo Bolsonaro.

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