Gaeco flagra armas em fazenda e ex-prefeito de Dourados é detido
Além da prisão dos quatro alvos da investigação sobre a máfia dos empréstimos consignados, a operação Câmara Secreta resultou na detenção do ex-prefeito e ex-deputado estadual Humberto Teixeira.
Não há mandado de prisão preventiva contra ele, que é pai do ex-vereador Humberto Teixeira Júnior. Mas o ex-prefeito teria sido preso em virtude da apreensão de armas na fazenda onde a polícia prendeu seu filho. A propriedade rural fica em Fátima do Sul.
O primeiro a chegar ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), logo no início da manhã desta sexta-feira, foi Amilton Salina, que foi diretor financeiro da Câmara Municipal por mais de dez anos.
Em seguida, ele deixou o prédio do MPE (Ministério Público Estadual), onde funciona o Gaeco, e foi levado até a Câmara Municipal. Neste meio-tempo, Rodrigo Terra, ex-assessor parlamentar, e o ex-vereador e presidente da Câmara, Sidlei Alves, chegaram ao Gaeco. Eles vieram no camburão da polícia.
O ex-vereador Humberto Teixeira Júnior chegou no banco traseiro da viatura. Segundo a assessoria de imprensa do MPE, as informações sobre as prisões só serão divulgadas à tarde.
O ex-vereadores, Rodrigo Terra e Amilton Salina são acusados de criar uma máfia de empréstimos consignados na Câmara de Dourados. A denúncia partiu de cinco ex-servidores comissionados. Eles foram nomeados pelo então presidente Sidlei Alves a pedido do ex-vereador Humberto Teixeira Júnior.
Os holerites dos servidores eram falsificados pelo então diretor financeiro da Câmara, a mando dos dois vereadores. Os valores era aumentado em até cinco vezes, para conseguir emprestar grandes somas. Dos denunciantes, dois eram servidores fantasmas.
Gravações da operação apontam que o ex-vereador Humberto Teixeira Júnior pagou propina de R$ 5 mil para que a fraude nos empréstimos consignados não fosse denunciada.
Autorizadas pela justiça, gravações dão conta de que um dos ex-servidores foi procurado por pessoa ligada a Teixeira, que lhe pagou a propina. O valor foi depositado em juízo. O acordo também estabelecia que o ex-servidor firmasse declaração em cartório de que os dois empréstimos feitos em seu nome foram utilizados por ele próprio. O denunciante está sob proteção policial.
Humberto Teixera Júnior e Sidlei Alves já foram presos outras duas vezes, em operações da PF (Polícia Federal). Em 2009, a prisão foi durante a operação Owari. No ano passado, após a Uragano, Sidlei renunciou ao mandado de vereador depois de passar 90 dias na cadeia. Texeira Júnior teve o mandato cassado em processo por quebra do decoro parlamentar.