Segundo MPE, ex-vereador pagou propina de R$ 5 mil para fugir de denúncia
Gravações da operação Câmara Secreta, desencadeada hoje pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em Dourados, apontam que o ex-vereador Humberto Teixeira Júnior pagou propina de R$ 5 mil para que a fraude nos empréstimos consignados não fosse denunciada.
Gravações autorizadas pela justiça dão conta de que um dos ex-servidores foi procurado por pessoa ligada a Teixeira, que lhe pagou a propina. O valor foi depositado em juízo.
O acordo também estabelecia que o ex-servidor firmasse declaração em cartório de que os dois empréstimos feitos em seu nome foram utilizados por ele próprio. O denunciante está sob proteção policial.
A máfia dos empréstimos consignados também envolvia o ex-vereador e presidente da Câmara, Sidlei Alves; Rodrigo Terra, ex-assessor de Humberto; e Amilton Salinas, que foi diretor financeiro da Câmara Municipal por mais de dez anos. Eles foram presos hoje.
As prisões preventivas foram determinadas pela 1ª Vara Criminal de Dourados. Também serão cumpridos dez mandados de busca e apreensão: sete em Dourados, dois em Campo Grande e um em Vicentina, comarca de Fátima do Sul.
Em Dourados, a polícia foi até as residências do ex-vereadores, à Câmara Municipal e a um escritório de contabilidade. A ação investiga os crimes de falsificação de documento público e uso de documento público falsificado, peculato e formação de quadrilha.
Esquema - A denúncia partiu de cinco ex-servidores comissionados da Câmara Municipal de Dourados. Eles foram nomeados pelo então presidente Sidlei Alves a pedido do ex-vereador Humberto Teixeira Júnior.
A finalidade exclusiva da contratação era para obter empréstimos consignados, cujos valores foram repassados para o ex-vereador. Os holerites dos servidores eram falsificados pelo então diretor financeiro da Câmara, a mando dos dois vereadores.
Os valores era aumentado em até cinco vezes, para conseguir emprestar grandes somas. Dos denunciantes, dois eram servidores fantasmas, pois jamais trabalharam na Câmara Municipal de Dourados.
Uma delas trabalhava efetivamente na assessoria de Teixeira Júnior e outros recebiam “gorjetas” mensais diretamente do ex-vereador e lhes prestavam serviços de caráter pessoal.
A intermediação dos empréstimos entre a Câmara e as instituições bancárias era conduzida por Rodrigo Terra, vulgo “Tapado”, assessor de Teixeira. Ele instruía a falsificação de documentos públicos e conduzia os servidores até os bancos.
Assim que os empréstimos eram liberados, os servidores entregavam todo o valor para Rodrigo, que os recebia em nome de Teixeira Júnior.
Alguns empréstimos eram pagos pelos próprios vereadores Teixeira Júnior e Sidlei Alves. Em outros, apurou-se, as parcelas eram descontadas do servidor fantasma e pagas ao banco.
Segundo as declarações dos ex-servidores, inclusive valores referentes a rescisões de contrato teriam sido apropriados indevidamente pelo ex-vereador, por intermédio de seu assessor.