Investimento em rodovias cai 80% e chefe do Dnit pode ser substituído
Secretário de Obras diz que governador e bancada querem a nomeação de um técnico de MS para substituir o mineiro
Os investimentos realizados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) despencaram em Mato Grosso do Sul, de R$ 750 milhões para R$ 150 milhões. A redução de 80% nos recursos destinados para manutenção e recuperação das rodovias federais no Estado uniu a bancada federal e o governador André Puccinelli (PMDB), que vão lutar pela destituição do atual comando do órgão no Estado.
Segundo o deputado federal licenciado e secretário de Obras Públicas, Edson Giroto, Mato Grosso do Sul só perdeu com a saída do ex-governador Marcelo Miranda Soares, após denúncias de corrupção no órgão.
“Falo como secretário de Estado: perdemos a interlocução do governo do Estado com o Dnit desde a troca de Marcelo Mirando pelo atual superintendente do órgão, Euler dos Santos”, disse o secretário.
Servidor do quadro de carreira do Ministério dos Transportes, Euler José dos Santos foi nomeado pelo ministério em junho do ano passado para substituir Marcelo Miranda, exonerado no inicio de janeiro após denúncias de irregularidades no órgão. “Não tenho nada contra ele, mas infelizmente desde sua posse vem sendo conduzido um processo político desastroso. Veio alguém de Uberlândia que não tem nenhum compromisso com Mato Grosso do Sul para fazer a gestão”, afirmou.
Nesta quarta-feira (24) Giroto tem uma reunião no Ministério dos Transportes para discutir vários temas e também tratar do assunto com o diretor-geral do Dnit, general Jorge Fraxe, que estará presente à reunião. “Só tive um encontro com ele [Euler]. Ele nunca veio nos procurar. Então não há uma interrelação do Estado com o Governo Federal. É só você andar no nosso anel rodoviário para ver a quantidade de buracos. Ele nunca se sentou com a bancada federal para discutir o orçamento. Demonstra que não tem nenhum compromisso com o Estado”, reclamou.
Giroto disse que já discutiu a questão com o ministro dos Transportes e agora fará uma reunião com os três senadores por Mato Grosso do Sul e os oito deputados que compõem a bancada federal, mais o governador, para tratar do assunto. “Minha obrigação é sentar com o governador e nossa bancada para pedir, como deputado licenciado e secretário em exercício, que a bancada escolha um nome de consenso, um técnico competente, para poder voltar a fazer a gestão dos recursos nas rodovias federais”.
Para o secretário, o nome para substituir o atual superintendente não deve ser político, mas sim um técnico, de preferência. “Melhor ainda se for um técnico político. Se não conseguir, que se estabeleça um critério técnico no processo de escolha de um sul-mato-grossense para assumir o Dnit em Mato Grosso do Sul”, avaliou. “Perdemos em dois anos investimentos de R$ 600 milhões. Éramos as rodovias em melhor situação no País e hoje as BRs estão deterioradas e em péssima situação”, complementou Edson Giroto.
Contorno ferroviário - Em Brasília, Giroto vai discutir o término do contorno ferroviário em Três Lagoas. Segundo o secretário, a obra ainda não foi concluída devido à “incompetência de gestão do Dnit”. “Quando entrou o atual diretor-geral, general Fraxe, eles tiraram do convênio do Estado os trilhos. Disseram que iriam comprar mais barato. Isso já faz três anos e até agora não veio os trilhos”. Na reunião no Ministério dos Transportes, o secretário de Obras Públicas também vai pedir para que sejam incluídas no PAC as obras da BR-419 entre Rio Verde e Aquidauana.
Sobre a duplicação das BR 163, 262 e 267 em Mato Grosso do Sul, Giroto disse que o processo está sob responsabilidade da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), estatal ligada ao Ministério dos Transportes, e da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). “Acredito que a contratação da concessionária ainda saia esse ano. Acho que sai, se não a presidente Dilma [Rousseff] vai cortar cabeças. O Brasil precisa. O PIB não cresce porque não tem investimentos do governo Federal em infraestrutura”, finalizou.
Outro lado - A reportagem entrou em contato com a superintendência do Dnit em Mato Grosso do Sul e conversou com o assessor Washington Luiz de Castro Pereira. O assessor disse que o Dnit é um órgão executivo e que cabe aos políticos discutirem as verbas em Brasília.
Em nota, ele informou que o ”Dnit/MS está finalizando uma planilha onde demonstra todos os investimentos previstos para o corrente exercício e assim que o trabalho estiver pronto disponibilizará aos veículos de comunicação”. A reportagem pediu para conversar por telefone com o superintendente e o assessor disse que iria verificar se Euler José dos Santos queria se manifestar ou não sobre o assunto. Até o fim da edição da matéria não houve retorno da assessoria.