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Política

João Rocha trabalha para garantir governabilidade da prefeita com legislativo

Ex-tucano pretende ajudar a "arrumar a casa" e encaminhar reeleição da prefeita Adriane Lopes pelo PP

Jhefferson Gamarra | 02/06/2023 14:53
Novo secretário de governo da prefeitura em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)
Novo secretário de governo da prefeitura em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)

Nomeado como secretário de governo na prefeitura de Campo Grande na semana passada, o vereador licenciado João Rocha, que recentemente trocou o PSDB pelo PP, garantiu em entrevista ao Campo Grande News que sua missão no Executivo será a de garantir a governabilidade e harmonia da prefeita Adriane Lopes com a Câmara Municipal de Campo Grande.

A prefeita, que tentará a reeleição em 2024 pelo PP, precisará de muito “jogo de cintura” para manter o bom relacionamento com o legislativo, tendo em vista o cenário político que se avizinha. Pensando nisso, a chefe do Executivo “escolheu a dedo” o ex-presidente da Câmara Municipal para comandar essa articulação.

Além de colocar os quase 15 anos de experiência no legislativo para garantir a harmonia entre os poderes, João Rocha, adiantou usará o cargo de secretário para colaborar com a prefeitura no ponto mais sensível da gestão, que é o inchaço da folha de pagamento de servidores e excesso de despesas.

Campo Grande News - Como partiu o convite para assumir a secretária e qual será o principal desafio do cargo?

João Rocha - Recebi o convite da prefeita para estar aqui contribuindo com nossa experiência e também para trabalhar partidariamente, para que o PP pudesse participar da administração e ela entendeu que seria um bom caminho para o fortalecimento da gestão da cidade. Ontem ela fez a filiação no partido e assumimos recentemente com o intuito de promover essa articulação que é a principal função dessa secretaria, administrando o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo. Tenho essa experiência do legislativo por ter sido presidente por 5 anos consecutivo e também secretário por 4 anos consecutivos, então nos meus quase 15 anos na Câmara, 9 anos passei na mesa diretora, então tenho um relacionamento muito saudável com os vereadores.

Campo Grande News – E como será realizada essa ponte entre os poderes?

João Rocha - Entendo o que é ser parlamentar, a forma de trato do legislativo com o executivo para a tramitação de projetos, sei que eles têm que ser encaminhados com antecedência para que a gente possa fazer reuniões e discutir. Até porque uma coisa é o que se coloca no papel tecnicamente e outra coisa é dialogar com os vereadores, então antes do projeto chegar à Câmara ele precisa ser discutido. Essa interlocução é a ponte mais importante.

Campo Grande News – Atualmente a prefeita tem uma grande base aliada na Câmara, ou existe alguma resistência de vereadores em projetos do Executivo?

João Rocha - Precisamos estabelecer uma governabilidade. A base aliada não pode ser submissa ao executivo, os vereadores que compõe a base aliada tem que ter a independência deles. Por isso essa história do diálogo naquilo que nós vamos encaminhar para a Câmara com antecedência é uma forma de respeito ao legislador, para que eles tenham tranquilidade para discutir e poder votar de forma tranquila, sem o dito ‘cabresto’. Eles precisam saber com antecedência aquilo que o executivo quer de forma muito clara e transparente. Em relações a requerimentos e indicações vamos tentar fazer com que isso tenha uma fluidez melhor também.

Campo Grande News – Além do relacionamento com o legislativo, quais os planos para “arrumar a casa”?

João Rocha - Respeito muito o trabalho do meu antecessor, isso pra mim é sagrado. Conheço o Mário que é meu amigo, também esteve no legislativo com presidente da Câmara. Mas temos que melhorar a interlocução entre as secretárias, tudo tem que funcionar como uma engrenagem e não de forma segmentada, as secretarias precisam se conversar mais, pois existem pastas extremamente ligadas. O bom funcionamento de uma secretaria vai refletir no desempenho de outras.

Campo Grande News – E os gastos da prefeitura, principalmente com a folha de pagamento?

João Rocha - Além da integração, temos que fazer alguns ajustes. Temos que melhorar as receitas e diminuir despesas, é igual administrar nossa casa de uma forma muito simples. Aumentar a receita não quer dizer que temos que sangrar mais a população, muito pelo contrário, temos que otimizar a arrecadação, trabalhar para fazer uma arrecadação justa e fazer a diminuição de despesas, cortando algumas gorduras e que as vezes precisam ser cortadas na carne.

O relatório do Tribunal de Contas foi muito rico nesse sentido, ele traz uma série de orientações e tarefas que precisam ser feitas pelo executivo, e essa é a orientação da prefeita e vamos implementar.

Campo Grande News – E quais foram os apontamentos do TCE?

João Rocha - Apontaram o que todo mundo está sabendo, que é preciso enxugar a folha de pagamento e melhorar na questão da responsabilidade fiscal, temos uma margem que não podemos ultrapassar. Esses foram alguns pontos que eles detectaram e precisamos fazer esses ajustes. Vamos usar justamente essa orientação do TCE como ponto de referencia para gente, até porque eles são as autoridades constituídas para tal.

Campo Grande News – Em relação ao secretariado, agora os nomes deverão passar também por seu aval. Há previsão mudanças em outras pastas?

João Rocha - A equipe está toda composta, eu sempre digo que a porta de entrada as pessoas abrem, mas a de saída você mesmo que abre. Mas todos são de confiança da prefeita, escolhidos por ela, mesmo com composição partidária tem que haver a confiança da prefeita, até porque é pra ela que estaremos prestando contas e por consequência a sociedade. Então temos que produzir todos os dias para que se justifique a nossa função de secretário. Mas ninguém tem lugar ativo ou cativo e o que vai manter o cargo e função é o desempenho de cada um dentro da pasta. Seria precipitação da minha parte chegar aqui com esse pensamento [de demissões], até porque isso é de livre escolha da prefeita. Minha parte é fazer a articulação entre os secretários que estão postos e até que se prove ao contrário todos estão trabalhando e cumprindo suas funções dentro da expectativa que a prefeita espera de nós.

Campo Grande News – E sobre o cenário político de 2024, como enxerga essa possível disputa entre PSDB e PP? Deve ter reflexos na administração municipal?

João Rocha - O importante agora é construir uma governabilidade, a política vai se afunilando e vai se desencadear apenas no ano que vem. Até lá, não podemos misturar as questões partidárias, interesses políticos e candidaturas com a gestão, temos que separar isso. Até porque o relacionamento Adriane e Riedel, prefeitura e governo do Estado, é extremamente saudável e foi construído desde a época da eleição, com a Tereza Cristina no meio de tudo isso.

Para a eleição do Riedel foi fundamental a participação da Tereza e da Adriane e com isso foi estabelecida uma parceria, então porque vamos atrapalhar esse tipo de relacionamento? Nossa obrigação como pessoas públicas é manter esse relacionamento dentro do que é melhor para a cidade e pessoas. A política é a arte de entendimento e dialogo, muita coisa pode acontecer até o ano que vem, não podemos nos precipitar. Essa parceria continua até as eleições para o bem da cidade e para as pessoas.

Campo Grande News – E em 2024 o senhor concorre à reeleição para vereador?

João Rocha - A primeira decisão que tomei ao aceitar essa missão é de não misturar a função com campanha política, não usar do cargo para projetar minha reeleição ou algo assim. No meu entendimento não é correto agir desta forma. Viemos para ajudar a prefeita e prestar minha contribuição dentro daquilo que posso. Então da mesma maneira que ela está fazendo uma construção política, eu também estou pensando na reeleição, por estar na politica, mas ela precisa ser construída em cima de trabalho e serviços prestados, que sempre foram minha base eleitoral. Aqui estou para cumprir a missão de secretário de governo, a decisão politica pessoal eu deixo para um segundo momento. Mas vamos estar no pleito porque acredito que ainda temos como contribuir com a sociedade.

Campo Grande News – Mas o senhor deixou um possível adversário do PSDB como suplente na Câmara. Pretende voltar à cadeira ano que vem para compor a base da prefeita?

João Rocha - O vereador Cláudio Serra compõe uma base da governabilidade, como todo mundo então hoje está todos trabalhando em uma mesma direção, PP, PSDB e outros partidos aliados. Então esse assunto será resolvido à época, ver como as coisas se desdobram e até penso que mesmo em campanha politica e em palanques diferentes, a nossa responsabilidade enquanto parlamentar não pode se perder. Não posso votar contra projetos de interesse da cidade só porque em determinado momento estamos em palanque diferente. Já vivi isso em quatro mandatos, às vezes a critica é um pouco mais acirrada nos votos para aprovar projetos do executivo, mas o vereador não deve usar esse tipo de ferramenta que prejudica a cidade por conta de uma disputa eleitoral. Então acredito que o Claudinho também tenha esse entendimento. Mas isso também não quer dizer que eu não volte, até porque eu posso voltar a hora que eu quiser.

Campo Grande News – E nessa possível disputa entre PP e PSDB, como será pela primeira vez fazer campanha contra seu ex-partido?

João Rocha - A vida é feita de experiências novas, isso que nos motiva e ninguém vai mudar o perfil e característica de disputar uma eleição em razão de ter mudado de posição. Eu sou muito proativo e não trabalho em cima de bater nos outros, mostro aquilo que posso produzir, passando para a população o que penso de forma muito verdadeira e transparente. Sempre mostrando que estou na politica para contribuir. Então será uma disputa muito saudável, vamos procurar fazer as composições por afinidade e projetos que forem melhores para a cidade. Acredito que teremos uma competição limpa, com bons nomes e propostas para que a população faça suas escolhas. Sou adepto a composições, quanto menos desgastes é melhor no dia seguinte, quando quem ganhar assumir. Quando a disputa é limpa e saudável não ficam rusgas.


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