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Política

Moka afirma que momento "marcante" do País é motivação para a disputa

Senador, que disputa a reeleição, diz entender o clima de revolta, mas alerta para os excessos na criminalização aos políticos

Anahi Gurgel | 18/09/2018 18:33
Waldemir Moka, na tarde desta terça-feira (18) durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)
Waldemir Moka, na tarde desta terça-feira (18) durante entrevista ao Campo Grande News (Foto: Paulo Francis)

Os mais de 36 anos de vida pública, as grandes transformações na política brasileira – desde o chamado regime de exceção – e os enormes desafios observados em um momento “marcante” para a população, são motivação para o senador Waldemir Moka (MDB) na disputa pela reeleição no pleito de 2018.

Em entrevista ao Campo Grande News, ele critica a criminalização dos políticos, entende a “revolta do povo” nessas eleições e defende o fortalecimento do Ministério Público – mas com limites. Também revela quais são seus projetos prioritários, como por exemplo, os que fortalecem a região de fronteira.

Nascido em Bela Vista, Moka vai completar 67 anos no próximo mês. Chegou aos 9 anos em Campo Grande, onde estudou, se formou em Medicina e atuou como professor por 15 anos.

Seu primeiro mandato foi como vereador da Capital, em 82, mas sua história na política teve início muito antes, quando participava ativamente de movimentos estudantis. “Era época de regime militar, da ditadura. Foi quando ganhei minha primeira disputa, a frente da União Campo-Grandense dos Estudantes”, lembra.

Foi eleito deputado estadual nos anos de 86, 90 e 94 e, depois, deputado federal em 98, 2002 e de 2006 a 2010 – quando conquistou uma vaga no Senado Federal.

“O Brasil passa por um divisor de águas; um momento muito difícil, de desencanto por parte do povo, de indignação e até de revolta com a maioria dos políticos e com a política. A tendência é colocar todo mundo no mesmo patamar, como se todos fossem safados. É preciso pesquisar o histórico dos candidatos. Tem uns que se gabam de ser ficha limpa, mas não possuem nenhum mandato. Assim fica fácil. Ficha limpa vale para quem atuou”, acredita. Segundo o aplicativo "detector de corrupção", Moka nao responde por nenhum processo na Justiça.

"Tem candidato que se gaba de ser ficha limpa, mas não tem nenhum mandato. Ficha limpa vale para quem atuou”, acredita Moka. (Foto: Paulo Francis)
"Tem candidato que se gaba de ser ficha limpa, mas não tem nenhum mandato. Ficha limpa vale para quem atuou”, acredita Moka. (Foto: Paulo Francis)

Criminalização na política – O candidato – o único a tentar reeleição pelo Mato Grosso do Sul de todos os outros treze nomes apresentados – afirma que nunca vivenciou nada parecido em relação à criminalização na política como agora.

“Acho que tudo é reflexo de uma crise econômica, política e de ética que vem assolando o País nos últimos 3 anos, que provocou uma verdadeira bancarrota. Estamos saindo dessa, mas de forma muito lenta. Essa situação favorece o crescimento do Poder Judiciário- que pode até agir corretamente, mas as vezes começa a exagerar”, pontua.

Quanto à atuação do Ministério Público, por exemplo, Moka acredita que é preciso mudanças nas regras e estabelecimento de limites. “Percebo que a indignação da população é tão grande, que se começa a cometer atos não previstos na legislação, mas aplaudidos pelo povo. Isso vai banalizando o direito individual das pessoas. Elas são presas, sem julgamento, sem condenação. Isso terá de ser debatido no Congresso, certamente. MP tem que ser fortalecido, mas com limites”, defende.

Candidato à reeleição, Moka defende o fortalecimento do MP, mas com limites. (Foto: Paulo Francis)
Candidato à reeleição, Moka defende o fortalecimento do MP, mas com limites. (Foto: Paulo Francis)

“O Brasil passa por um divisor de águas; um momento muito difícil, de desencanto por parte do povo, de indignação e até de revolta com a maioria dos políticos e com a politica. A tendência é colocar todo mundo no mesmo patamar, como se todos fossem safados. É preciso pesquisar o histórico dos candidatos. Tem uns que se gabam de ser ficha limpa, mas não possuem nenhum mandato. Assim fica fácil. Ficha limpa vale para quem atuou”,

Tecnologia – Um dos grandes projetos para alavancar o desenvolvimento da região de fronteira está voltado ao município de Ponta Porã. É uma iniciativa similar à que o candidato conheceu em Foz do Iguaçu, no Paraná, que faz fronteira com a paraguaia Ciudad del Este, onde foi criado um Centro de Tecnologia e Inovação, bancado pela Itaipu Binacional.

“É uma iniciativa de excelência, envolvendo tecnologias, energias renováveis, sempre com foco em jovens. A abrangência com a comunidade lá foi tão positiva que hoje o local é referência internacional no ensino de formação e qualidade dos professores. Está bem avançada a proposta em nosso estado, já com intercâmbios realizados e área cedida pelo Exército. Com isso, o objetivo é oferecer educação e manter os jovens afastados do crime organizado, gerando riquezas para a região e nosso estado”, explica.

Reforma Política - Na caminhada durante a campanha, Moka diz que escuta muito sobre abstenção, de pessoas que irão anular o voto, ou optar pelo voto em branco. “É um direito. Entendo essa decisão. Mas não irá alterar em nada. Na política, não existe vaga em aberto. De qualquer forma, serão eleitos 24 deputados estaduais, 8 federais, 2 senadores, um governador e um presidente. Isso vai acontecer se mil votarem ou se 10 votarem”, fala.

Ele defende, sim, uma reforma política. “Maior dificuldade hoje para essa reforma política são os chamados pequenos partidos. Agora se colocou a cláusula de barreira para aumentar a representatividade no Congresso. Esses partidos vão ter que sair do papel, e os seus representantes ter um percentual mínimo de votação. Hoje, somam mais de 30 partidos. Número muito alto, que acaba com a essência da política, pois eles ficam sem orientação programática, o que é ruim para a democracia”, argumenta.

“Uma coisa aprendi em Bela Vista, que 'jabuti não sobe em árvore: ou é enchente ou mão de gente'. É assim na política. Se tem político eleito, é mão de gente, e é exatamente por isso que o eleitor de hoje tem que pesquisar muito antes de sua decisão”, conclui. 

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