Na decisão por nome para prefeitura da Capital, disputa no PT é 100% feminina
Nome será definido no dia 23 de setembro durante convenção da legenda
O PT passa por disputa interna entre quatro mulheres pela vaga de pré-candidata da legenda para disputar a Prefeitura de Campo Grande, nas eleições de 2024. A convenção petista está marcada para o dia 23 de setembro.
São três professoras: Bartolina Ramalho Catanante, Eugênia Portela e Giselle Marques. O quarto nome é da deputada federal Camila Jara. O Campo Grande News conversou com cada uma para saber como elas pensam sobre a administração pública.
Bartolina é professora de carreira, com atuação na educação básica e na educação superior por 38 anos, além de ser gestora de educação e militante social do movimento negro e na defesa da mulher.
Ela defende a tese de que as políticas públicas ficam mais completas a partir da perspectiva da mulher e a prioridade dela será as pessoas. “Considero que Campo Grande pede socorro em quatro aspectos: saúde, transporte, moradia e recuperação da infraestrutura de asfalto e saneamento básico. E a moradia é um aspecto prioritário. Hoje temos 38 favelas em Campo Grande. Isso é um absurdo, quando comparamos o índice de desenvolvimento da cidade”, pontua.
A professora também foi diretora de escola, técnica na SED (Secretaria de Estado de Educação), diretora de gestão escolar e superintendente de Educação na Secretaria Estadual de Educação. Também atuou durante dois anos na Secretaria de Administração fazendo políticas específicas para o desenvolvimento da gestão pública.
“Na universidade estadual, fui coordenadora do curso de Pedagogia em Maracaju; chefe do Núcleo de Ciências Humanas e Sociais com 45 cursos distribuídos em 15 unidades universitárias. Coordenei também bancas de heteroidentificação para ingresso de estudantes cotistas negros e coordeno um grupo do movimento negro que é o Grupo Trabalho e Estudos Zumbi – TEZ”, explica.
Com essa bagagem, ela pretende administrar o orçamento da Capital ouvindo as pessoas. “Ouvir, saber dos anseios, das reais necessidades de cada região da cidade. O projeto administrativo deve ser pactuado com os moradores para que os mesmos sintam-se partícipes desse processo. Importante ouvir todos os segmentos, pessoas do centro, dos bairros, brancos, negros, indígenas, ciganos e toda a diversidade ao qual fomos contemplados. Assim como a prestação de contas é fundamental a sociedade”, conclui.
Bartolina é graduada em Pedagogia pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), especialista em História da América Latina pela UFMS, com mestrado e doutorado pela UFSCar/SP (Universidade Federal de São Carlos) e pós-doutora em Educação pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). É docente Sênior do Profeduc (Programa de Mestrado Profissional em Educação) da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), líder do Grupo de Estudos e Pesquisa GEPPEHER/UEMS, pesquisadora Associada da ANPED E DA ABPN, presidenta do Grupo Trabalho e Estudos Zumbi- TEZ e secretária de Formação Política do PT/MS.
Camila Jara foi eleita deputada federal com 56.552 votos na eleição de 2022 e é a vice-líder do PT na Câmara dos Deputados. Antes, ela era vereadora de Campo Grande, com 3.470 votos na eleição de 2020. Formada em Ciências Sociais pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a parlamentar possui histórico de militância desde a adolescência em movimentos estudantis e feministas.
Camila militou pelo Partido dos Trabalhadores, coordenou campanhas de juventude nas eleições de 2014 e 2016, participou do Estágio Visita na Câmara Federal em Brasília e está à frente de diversos coletivos, como o Elas Podem, cujo intuito é inspirar mulheres e meninas a serem o que quiserem através do desenvolvimento de suas potencialidades. Suas bandeiras são a redução das desigualdades, a defesa dos direitos das mulheres e das minorias e as causas ambientais.
“A população de Campo Grande sente e sabe que precisamos de um novo modelo de gestão. E esse novo modelo tem que ter as pessoas no centro das tomadas de decisão. Por isso todo projeto que não seja construído coletivamente, que não seja pensado junto com a população, não vai resolver o problema da saúde, do transporte público - que há anos as pessoas reclamam e não há solução, só há desperdício de recurso público -, o problema da moradia que só cresce na nossa cidade”, pontuou.
Para solucionar esses problemas, ela pretende construir com técnicos especialistas e com a participação da população. “Não tem como falar sobre as diretrizes de um programa de Governo se a gente não escutar as pessoas. E nesse processo, é o momento da gente debater a cidade exaustivamente pra gente conseguir fazer um projeto que realmente pense na geração de renda, na inclusão social. Do contrário, a gente só vai estar fazendo o que a política tradicional se propõe a fazer: apostar em soluções que não têm nenhum efeito”.
Eugenia Portela é professora da faculdade de Educação, mestrado e doutorado da UFMS. É filiada ao PT desde 2019. Foi candidata a vereadora em 2020 e a deputada estadual em 2022. Agora, está buscando apoio para liderar a chapa majoritária. Dentre as experiências em gestão pública, Eugênia foi diretora de escola pública por 17 anos.
“Quero ser candidata porque compreendo que historicamente a população que possui uma maioria de mulheres e pessoas negras, pretas e pardas, não conseguem romper com a lógica do patriarcado e da ausência da diversidade, sujeitos outros, nos espaços de poder”, pontuou.
Para administrar a Capital ela irá debater com a equipe e também com a população. “Defendo muito o orçamento participativo. Sempre respeitando o princípio da transparência, publicidade, impessoalidade, tudo que tiver relacionado”.
A professora é graduada em letras, pedagogia e bacharel em direito, mestre (UCDB) e doutora (UFSCar) em Educação, e PhD em Educação (UFPR).
Giselle Marques foi a candidata do PT para o Governo do Estado no ano passado. Na oportunidade, ficou em quinto lugar com 135.556 votos. Petista “raiz”, filiada em 1986 e militante de origem estudantil, ela já ocupou cargos de superintendente do Procon e gerente de licenciamento do antigo IMAP (Instituto, de Meio Ambiente do Pantanal), hoje Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
A proposta de governo para ser prefeita é uma Campo Grande sustentável. “Não é uma pauta exclusivamente ambiental. Só existe sustentabilidade quando tem comida no prato, segurança pública, educação, ou seja, inclusão social. A Capital está com problema seríssimo de déficit habitacional. Pessoas mais humildes tem que ser tratadas no poder público numa ótica social”.
Caso se eleja, ela vai adotar uma gestão participativa, antes de elaborar a peça orçamentária. “Temos que fazer uma inversão dos valores. O PT ainda não governou Campo Grande. Acredito que em 2024 vai nos dar essa possibilidade. Legítimo os quatro nomes disputarem. Qualquer uma que consiga o consenso, vou fazer campanha. O importante é ter uma candidatura própria”.
Giselle é advogada, Mestre e Doutora em Direito, Pós-Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pelo PPGD MDR onde leciona na cadeira de Legislação Ambiental, orientando pesquisas que visam construir propostas para o desenvolvimento sustentável.
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