"Ou os empresários ajudam a cidade, ou vai fechar”, avisa Marquinhos
Boate teve noite de sábado lotada, cena que, diz prefeito, vai ser combatida na cidade contra alta da covid
Contra o repique de casos de coronavírus, com aumento de infectados notadamente entre os mais jovens, o prefeito de Campo Grande promete: imagens como as que foram vistas na casa noturna Valley, na Avenida Afonso Pena, no sábado passado (6), são passíveis de fechamento do local "na hora" do flagrante. " Se estiver como as cenas mostradas no sábado passado, vai fechar", assegurou.
Essa é a determinação, de acordo com Marquinhos, para espécie de força-tarefa a ser colocada nas ruas nesta noite, com 70 fiscais com o objetivo de verificar o descumprimento dos protocolos de segurança contra vírus letal.
Marquinhos deu essa informação ao ser indagado sobre a possibilidade de adoção do chamado lockdown, quando só serviços essenciais são permitidos. Segundo ele, o que está vigorando em Campo Grande tem efeito prático contra o contágio, mas precisa ser cumprido para isso ocorrer.
Basicamente, trata-se do toque de recolher entre as 23h e às 5h, a restrição de capacidade de 40% de bares e boates, além da obrigatoriedade de medidas de biossegurança como uso de máscara e oferta de material de higiene, como álcool gel.
Usando a cena da Valley de exemplo, o prefeito diz que situações como a demonstrada nos vídeos obtidos pela reportagem não deveriam acontecer em plena pandemia. Era possível ver o que parecia ser um garçom circulando com aparelho de narguilé, que é compartilhado, e cujo uso implica em estar sem máscara ou pelo menos retirar a proteção várias vezes.
Além disso, havia gente suficiente para contrariar as regras de distanciamento social. Não se via ninguém protegido.
“O problema é o descumprimento dos decretos”, afirma o prefeito. Segundo ele, os mesmos empresários que vão pedir para funcionar, acabam por cometerem afrontas ao estabelecido.
Ou os empresários ajudam a cidade, ou vai fechar”, sentencia Marquinhos Trad.
Confirmando tendência nacional, os registros da prefeitura indicam os mais jovens, e não os idosos como a faixa mais atacada pela enfermidade no momento. Os dados indicam aumento de 46% de infectados entre 25 e 50 anos, ou seja, adultos que são os que costumam frequentar os locais de diversão e alimentação e estão deixando de respeitar as orientações, lembra Marquinhos.
Providências - Além da força-tarefa de fiscalização das medidas sanitárias, o prefeito comenta que foi retomada a higienização dos terminais, que barreiras sanitárias vão ser reinstaladas nas saídas, que houve aumento na quantidade de ônibus, para diminuir a superlotação, um risco de contato e contaminação; e ainda anuncia a distribuição de máscaras.
Porque não lockdown – Novamente indagado porque não repetir, no atual estágio da pandemia, o fechamento dos serviços não essenciais adotado um ano atrás, quando o ritmo da doença era até menor do que agora, o prefeito diz que são situações diferentes. Segundo ele, em 2020, tudo era novo e a prefeitura precisou de duas semanas para ampliar a estrutura de atendimento.
Agora, alega, há capacidade para atender os doentes que precisam de leitos, clínicos e de UTI. Segundo o prefeito, a média de ocupação tem ficado em 92,93%. De 307 leitos no total, 287 estavam ocupados conforme a última conta apresentada pelo chefe do Executivo.
De acordo com ele, mais 29 vagas de UTI estão sendo providenciadas, em três hospitais privados, o Pênfigo (10), o Hospital do Coração (12) e o El Kadri (7). Isso é para a semana que vem, afirma.
Ainda conforme dito pelo prefeito, uma reavaliação sobre decisões mais rígidas será feita em 7 a 10 dias.
O que diz a Valley - A reportagem procurou o dono da boate, Sérgio Longo, e ele se negou a comentar a situação. "Façam seu trabalho, que eu faço o meu", respondeu.
"Se vcs fizessem direito iriam conferir as denuncias antes de soltar entao por favor se puderem nao me incomodar mais agradeço (sic)", escreveu, ao ser indagado sobre os inúmeros vídeos que circularam nas redes sociais mostrando a situação do lugar.
A título de memória, o primeiro caso oficial de contágio por covid-19 em Campo Grande foi de uma jovem que esteve na casa noturna, em março do ano passado.