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Política

Pastor que gravou áudio sobre fraude já trabalhou para eleger deputado

Conversa mostra parlamentares falando sobre folha de ponto de servidores

Mayara Bueno | 04/11/2016 10:24
Barbosinha com o pastor Jairo Fernandes, em foto publicada em 15 de junho de 2015. (Foto: Reprodução Facebook)
Barbosinha com o pastor Jairo Fernandes, em foto publicada em 15 de junho de 2015. (Foto: Reprodução Facebook)

Ligado ao meio político, o pastor Jairo Fernandes Silveira, presidente municipal do PTN em Maracaju, a 160 km de Campo Grande, que gravou áudio dos parlamentares Paulo Corrêa (PR) e Felipe Orro (PSDB), trabalhou para eleger o deputado estadual licenciado José Carlos Barbosa, atual secretário estadual de Justiça e Segurança Pública).

O pastor afirma que atuou na coordenadoria da campanha de Barbosinha, em 2014, em Maracaju. “Fiz campanha para ele na ocasião”, disse, brevemente, durante a entrevista que concedeu ao Campo Grande News, na quinta-feira (3).

Jairo Fernandes está no centro da polêmica envolvendo os deputados Corrêa e Orro. No áudio, gravado pelo celular do pastor, em 2015, o parlamentar do PR dá dicas de como fraudar a folha de frequência dos servidores ao colega do PSDB.

O pastor nega ter tentado extorquir políticos. Mas, confessa ter o hábito de gravar conversas no meio político “para se resguardar”.

Em Maracaju, onde mora atualmente, o pastor tentou ser candidato a prefeito por seu partido, mas não conseguiu fazer alianças no município, conforme contou o próprio.

O secretário de Justiça confirma que Jairo o ajudou em sua campanha, em 2014. “Não teve uma grande atuação, mas me ajudou na campanha, foi meu eleitor”.

De acordo com Barbosinha, os dois foram apresentados por amigos de Corumbá, cidade natal do pastor. Eleito deputado em 2014, é o titular da Sejusp desde abril deste ano.

“Agora, não tinha nenhuma informação deste histórico”, disse, se referindo ao costume do líder religioso de gravar conversas. “Ele sempre me atendeu bem e nunca vi nenhum problema que desaprove a conduta dele”. 

Sobre a situação envolvendo os ex-colegas da Assembleia Legislativa, o secretário só disse que acha estranho o fato de alguém gravar conversas de terceiros. “Não é natural que as pessoas gravem as outras”, limitou-se a dizer.

Pastor Jairo Fernandes, em entrevista ao Campo Grande News, na quinta-feira (3) (Foto: Mayara Bueno)
Pastor Jairo Fernandes, em entrevista ao Campo Grande News, na quinta-feira (3) (Foto: Mayara Bueno)

O caso - A situação tomou uma proporção maior, depois da divulgação do áudio entre os parlamentares. De lá para cá, os deputados já se manifestaram, tentando se justificar do ocorrido. Corrêa fala que queria dizer ponto “manuscrito” ao dizer “fictício”, enquanto Orro afirma que, no momento da ligação, não entendeu o motivo da conversa, “até porque mantém seus funcionários” em dia.

Na gravação, os deputados falam sobre possibilidade de fraudar folhas de pontos de funcionários da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Já o pastor fala que demorou um ano e cinco meses para denunciar a história, pois estava com medo de ser chamado de chantagista e de represálias.

Agora, o caso está nas mãos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), cuja apuração começou com a denúncia de Jairo, e também na corregedoria da Assembleia e da Deco (Delegacia Especializada em Crime Organizado). Neste último caso, a investigação vai avaliar a legalidade do grampo telefônico envolvendo os deputados.

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