PF “viajou” 2,2 mil quilômetros para cumprir mandado em Trairão
Foco da operação é o esquema de pagamento de propina em troca de incentivos fiscais
A operação Vostok, deflagrada pela PF (Polícia Federal) nesta quarta-feira (12), "viajou" 2.218 km para o cumprimento de mandado de busca e apreensão em Trairão (PA). A procura por documentos no bairro Bella Vista, no município paraense, é relacionada a participação de José Ricardo Guitti Guimaro, o "Polaco", no suposto esquema de pagamentos de propinas de empresa do ramo frigorífico.
O esquema de pagamentos de propinas de empresa do ramo frigorífico a políticos era dividido em três núcleos e rendeu lucro de ao menos R$ 67,7 milhões aos integrantes do grupo denunciado. A soma foi calculada pela investigação, consta em trecho do pedido de busca e apreensão, prisão e medida cautelar diversa da prisão feito pelo MPF (Ministério Público Federal) ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O foco da operação é o esquema de pagamento de propina em troca de incentivos fiscais, quando o Executivo decide deixar de cobrar impostos para estimular que empresa se instale no Estado, que começou em 2003 e foi perpetuado pelos dois governos seguintes.
Para convencer o juízo da necessidade de prender 14 pessoas e vasculhar 41 endereços em busca de provas, o MPF explicou que o esquema era dividido em três núcleos: no topo da pirâmide, os reais beneficiários do montante desviado dos cofres públicos, os articuladores das propinas em segundo lugar e os pecuaristas que emitiam notas frias para lavar o dinheiro.
Entre os locais que a PF também cumpriu mandados de busca e apreensão estavam a casa do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o gabinete do deputado estadual Zé Teixeira (DEM). Já entre os que tiveram pedidos de prisão temporária estão o filho do governador, Rodrigo Souza e Silva, Zé Teixeira, o próprio Polaco, e o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Márcio Monteiro.