Prefeito eleito volta a definir atuação de vereadores como retaliação política
Parlamentares, por outro lado, falaram em despreparo e asseguraram que aprovação de emenda não atrapalha gestão de Bernal
O prefeito eleito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), voltou a considerar, nesta quinta-feira, a postura da maioria dos vereadores como retaliação política. Ele se refere a aprovação de emenda ao orçamento muda o critério de suplementação e reduz de 30% para 5% a abertura de créditos adicionais a serem utilizados pela Prefeitura sem que as transações financeiras passem pelo crivo da Câmara Municipal.
A medida reduz a autonomia do chefe do Executivo Municipal a partir do ano que vem. “É uma pena que a gente tenha representantes do povo prejudicando nossa população”, comentou ao Campo Grande News.
Segundo ele, a medida vai atrapalhar seus primeiros atos à frente da administração municipal, bem como vai prejudicar bairros. “Os vereadores que deram aumentos a seus salários e estão para serem despejados por falta de pagamento de aluguéis. É uma retaliação clara. E quem sofre derrota não sou eu, mas sim o povo”, criticou, acrescentando que a posição dos vereadores, que cobraram proximidade de Bernal com a Casa, “cheira chantagem” e que estas situações “são ridículas”.
Segundo ele, os parlamentares que fazem parte da base do prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) e possuem ligação política com o governador André Puccinelli (PMDB) não aceitaram sua vitória na eleição deste ano. “Estão tentando ganhar no tapetão. Por causa do que estão fazendo (emenda da suplementação) bairros vão ficar sem asfalto e a saúde com problemas”, prosseguiu.
Despreparo – Por outro lado, vereadores se defenderam durante a sessão desta quinta-feira, garantiram que a aprovação da redução dos critérios adicionais não atrapalha seu mandato e ainda acusaram Bernal de despreparo.
“Não entende de orçamento, de suplementação”, disparou Mário César (PMDB).
“Mostra o despreparo emocional dele, que se faz de vítima. A suplementação é prerrogativa da Casa. Podíamos dar 0%, mas se ele quiser aumento do índice é só nos procurar”, disparou Airton Saraiva (DEM).
“Não se constrói (governabilidade) atacando. Ele não respeita a Câmara. Nós nunca jogamos contra o povo, mas ele não tem coragem de vir aqui”, completou o democrata durante a sessão desta manhã.
Já Athayde Nery (PPS), aliado de Bernal durante a campanha, justificou seu voto a favor da redução da suplementação como critério de transparência. Segundo ele, não há nada demais em o prefeito pedir autorização ao Legislativo para abrir créditos adicionais acima de 5%. Conforme o parlamentar, o percentual representa R$ 200 milhões.
“Isso é o certo, é coerente. O prefeito (Bernal) tem que estabelecer critério de maioria (na Câmara), então, tem que conversar com os vereadores e não veio”, frisou para argumentar que seu posicionamento na votação não traduz mudança de lado. “Preguei transparência durante a campanha. Isso é transparência”.
Conforme o parlamentar, o discurso de que o progressista se elegeu com 270 mil votos cai por terra diante do Legislativo, já que “o voto dos vereadores passa de 500 mil”. “O PPS vai ajudar o Bernal, mas essa construção política (com a Câmara) já deveria ter ocorrido”.