Prefeitos temem que milhares de "invisíveis" no Censo fiquem sem vacina
Vacinas chegam conforme Censo do IBGE, mas tem muito mais gente com cartão do SUS nos municípios
Quando todos os municípios receberem as últimas doses de vacina contra a covid-19 a conta não vai fechar. Os prefeitos sabem que as cidades têm bem mais habitantes do que o número apontado pelo último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E aí como vai ficar a situação? Para responder a essa pergunta e não ficarem sem doses, os prefeitos já se articulam no levantamento de dados para solicitar número a mais de doses ao governo.
Para se ter uma ideia, tem 11 mil pessoas a mais do que consta no Censo em Costa Rica, a 305 quilômetros da Capital. Por lá, 46% do número de habitantes que estão no papel já receberam a primeira dose ou dose única, mas o prefeito, Cleverson Alves (PP), já se preocupa com a diferença que vai aparecer no fim da vacinação.
Para saber quem existe na cidade, mas não está no Censo é simples, basta acessar os registros do SUS (Sistema Único de Saúde) e do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral).
“Já sabemos que vamos vacinar num prazo mais longo. Essa é a nossa dificuldade, mas acredito que, no fim, serão enviadas doses para cobrir essa população que não está no Censo. Enquanto isso, vamos vacinando conforme as doses vão chegando”, comenta Cleverson.
Em Coxim, a 260 quilômetros da Capital, a preocupação é garantir vacina para cerca de 13 mil pessoas que não entraram nas contas do governo federal, segundo o prefeito Edilson Magro (DEM).
“Já fui até o secretário de Saúde do Estado, que nos recebeu muito bem, e está ciente dessa diferença. Agora, vamos esperar que venham doses suficientes, porém o mais importante é que esse Censo seja realizado. Aqui na cidade nós até já disponibilizamos salas para os trabalhadores do IBGE e estamos lutando por isso, porque esse número impacta também nos repasses de recursos ao município”, revela Edilson, ao lembrar que a cidade já tem 48% dos moradores vacinados com primeira dose ou dose única.
Em Santa Rita do Pardo, a 266 quilômetros de Campo Grande, são aproximadamente 950 pessoas invisíveis no cálculo do envio de vacinas. O número pode ser até maior se considerada a população da zona rural, que, em muitos casos, não tem nem o cartão do SUS.
Preocupada com isso, a secretaria de Saúde, Maria Angélica Benetasso, explica que já está sendo realizado um levantamento pelo Cosems (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul) para evitar que os municípios fiquem sem doses suficientes.
“Na semana passada recebemos a maior remessa de doses, que foi de 460 unidades, mas em geral vem menos. Estamos vacinando com o que chega e temos um agravante que é a população rural, mas estamos indo atrás e contando com a colaboração dos proprietários das fazendas que trazem os funcionários à cidade também. Esperamos que ao fim, com esse levantamento, venham doses para todos”, comenta a secretaria. Em Santa Rita, 49% das pessoas já foram vacinadas com primeira dose ou dose única e 21,11% receberam segunda dose.