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Política

Prefeitura pagou R$ 131 milhões às empresas investigadas pela PF

Paulo Yafusso | 21/07/2015 18:04
Proteco, um dos alvos da Operação Lama Asfáltica, recebeu mais de R$ 6 milhões da Prefeitura (Foto; Marcos Ermínio)
Proteco, um dos alvos da Operação Lama Asfáltica, recebeu mais de R$ 6 milhões da Prefeitura (Foto; Marcos Ermínio)

Cinco empresas que foram alvos da Operação Lama Asfáltica também prestam serviços à Prefeitura de Campo Grande, e nos cinco primeiros meses deste ano receberam mais de R$ 131milhões. O maior volume de recursos foi liberado para a Solurb Soluções Ambientais, que conseguiu a concessão para fazer a coleta e tratamento do lixo por um período de 25 anos. De janeiro a maio, a empresa recebeu R$ 90,4 milhões, conforme os empenhos publicados no portal da transparência da Prefeitura.

Já a A.L. dos Santos & Cia Ltda teve empenhos que totalizam R$ 12,6 milhões, seguida da LD Construções, com R$ 9,9 milhões, a Proteco, com R$ 6,7 milhões e a Itel Informática, com R$ 6,7 milhões. A Anfer teve um total de R$ 4,4 milhões. O portal não traz informações ainda sobre os empenhos feitos no mês de junho.

As investigações da Operação Lama Asfáltica apontam que muitas dessas empresas tem ligações entre os sócios. A Proteco, de João Alberto Krampe Amorim dos Santos, por exemplo, teve empenhado no período de janeiro a maio 22 contratos, mas a empresa do genro dele, Luciano Potrich Dolzan, a LD Construções, teve 53 pagamentos pelas obras executadas.

Conforme a equipe de investigação apurou, a participação da empresa LD e Luciano Dolzan no esquema comandado por João Amorim foi fundamental. O genro de Amorim era funcionário de uma empresa de comunicação que pertence ao irmão dele, onde recebia uma média de R$ 1 mil por mês. Passou a ser sócio da LD, que surgiu a partir da compra da Socenge, que pertencia aos irmãos Gerardo Ruben Zelada Cafure e Arnaldo Angel Zelada Cafure. A empresa teve uma alteração de atividade, e passou a ser habilitada para trabalhar em todo o cliclo de coleta de lixo.

A empresa passou a ter várias integralizações de capital para, segundo a análise dos técnicos da Operação Lama Asfáltica, preparar a LD Construções para fazer parte do consórcio CG Solurb, que tem como integrante ainda a Financial. O consórcio venceu licitação para fazer a coleta e tratamento do lixo na Capital por um prazo de 25 anos. O valor do contrato: R$ 1,3 bilhão à época.

Outra empresa que venceu licitação para prestar serviço para a Prefeitura da Capital é a A.L. dos Santos, que também teve trajetória curiosa. Ele venceu a primeira licitação quando era dono de uma pequena empresa e a frota da empresa mal dava para atender o que pedia no contrato. De acordo com o que foi levantado, em 2007 ele criou a A.L. dos Santos e aí passou a vencer várias licitações, a ponto de em 2012 manter contratos com a Prefeitura de Campo Grande, que chegava à casa dos R$ 40 milhões. A evolução patrimonial de André Luiz chamou a atenção os investigadores e ele passou a ser chamado de o”novo milionário”.

João Baird, dono da Itel e conhecido como Bill Gates Pantaneiro, também tem ligações com João Amorim. Em várias ligações telefônicas interceptadas com autorização da Justiça Federal, os dois conversam sobre as relações com os políticos. Num dos momentos os dois conversam sobre o processo de cassação do então prefeito Alcides Bernal (PP).

Os técnicos que investigam o esquema de corrupção de servidores e fraudes em licitação comandado por João Amorim, entendem que a criação de várias empresas para vencer licitações faz parte da estratégia da organização criminosa, para escapar da fiscalização.

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