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Política

Funcionária que virou sócia da Proteco operava esquema de propina, diz PF

Paulo Yafusso | 16/07/2015 17:54
Na casa de Elza Amaral, PF cumpriu mandado de busca e apreensão durante Operação Lama Asfáltica (Foto: Marcos Ermínio)
Na casa de Elza Amaral, PF cumpriu mandado de busca e apreensão durante Operação Lama Asfáltica (Foto: Marcos Ermínio)

As investigações que resultaram na Operação Lama Asfáltica no último dia 9, mostram evidências de que Elza Cristina Araújo dos Santos Amaral não só era responsável pelos pagamentos de propina do esquema montado por João Alberto Krampe Amorim dos Santos, mas também articulava junto a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) agilização na liberação das verbas para as empresas do grupo que executavam obras para o Governo do Estado.

Nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça Federal, em vários momentos fica evidente essa “influência” dela. Numas das conversas, que o Campo Grande News teve acesso com exclusividade, um homem até então não identificado, diz: “um amigo disse que você ia me convidar para tomar um café hoje”. No que Elza responde: “eu ia mesmo, o que acontece, eu tinha pedido pro pessoal comprar aqueles refil pra você experimentar uns café novo aqui, só que ainda não chegou da distribuidora e eu só vou conseguir que eles me entregam (sic) isso na terça-feira”.

Como o interlocutor fala que não estará nesse dia aqui, Elza então diz que vai tentar agilizar e fica de dar um retorno até o final da tarde. “Vou atrás e te posiciono, você vai gostar”, afirma. Numa outra conversa entre João Amorim e um homem que os policiais também não conseguiram identificar, ele pergunta ao dono da Proteco: “Será que a Elza não toma um café comigo até quinta?”. Para os investigadores, “café” seria o código para se referir a pagamento de propina.

No final da manhã de maio do ano passado, Sandro Beal, irmão de João Amorim e engenheiro da Proteco responsável pela obra do Aquário do Pantanal, procura Elza Amaral pedindo para agilizar a liberação de recursos pela Agesul: “A pilotagem lá no Estado para agilizar para receber é com você, né?”, no que ela responde: “Então, estive lá hoje, é que a doutora, ela tá numa reunião na Governadoria e o secretário também não tá lá, eu sei que tá lá na mesa deles, eu fui lá olhar”.

De acordo com as investigações, 10 minutos depois, o problema estava resolvido, conforme ficou evidenciado na conversa telefônica entre Elza e Maria Wilma Casanova Rosa, diretora-presidente da Agesul. “Olhou teus processos, deu tudo certo”, pergunta Wilma. A resposta de Elza é que deu tudo certo.

Num determinado momento o fiscal contratado pela Agesul para fiscalizar obras, Marcos Puga, troca conversas pelo telefone com Rômulo Menossi, engenheiro chefe da Proteco, em que o fiscal cobra dele o que de acordo com as investigações seria propina, pois ele participaria das medições superfaturadas da Proteco. Rômulo então pressiona Elza Amaral a interceder junto a Agesul para que seja liberado o recurso do projeto do qual Puga fez a medição.

A operadora financeira do esquema conversa então com o fiscal e avisa: “Marcos, seguinte, eu não te procurei antes porque as coisas nossas não aconteceu ainda tá, pra gente marcar, mas você tá na minha lista aqui”. No início de janeiro deste ano, Elza conversa com o fiscal e o convida a ir à empresa para o “café”.

Marcos Puga foi visto chegando à sede da Proteco e ao sair foi abordado por policiais federais, que ao fazer a vistoria na caminhonete que dirigia foram encontrados R$ 20 mil, divididos em dois maços. Ele justificou que havia sacado o dinheiro para custear uma viagem que faria a França e que compraria euro. Ele foi liberado e depois liga para Elza Amaral para desabafar.

De funcionária, a sócia de empresa – Em pouco mais de cinco anos trabalhando para o empresário João Amorim, Elza Cristina dos Santos Amaral ganhou a confiança do empresário. Tanto que em 2007 passou a ter 1% do capital da Proteco (o equivalente a R$ 6 mil). Os dois passaram a ser sócios também na ASK Consultoria Financeira S/A, que acabou sendo extinta.

As investigações apontam ainda, que ela é sócia na Kamerof e responsável pela Arklyleius, com sede na Holanda. A PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dela também, um condomínio no bairro Jardim Bela Vista. A informação é de que há tempos ela não é vista lá.

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