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Política

Previdência da Capital negociou com grupo que fraudava fundos de pensão

Investigação mira no presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, e cita IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande)

Mayara Bueno e Leonardo Rocha | 06/07/2016 12:40
Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Arquivo)
Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Arquivo)

O IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande) foi citado em investigação que apura esquema de fraude em fundos de previdência de servidores municipais. Apuração da PF (Polícia Federal) e Procuradoria-Geral da República mira no presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), e mais três parlamentares.

Reportagem da Folha de São Paulo, divulgada nesta quarta-feira (6), afirma que investigação apontou irregularidades em negócios fechados com institutos de Campo Grande e Aparecida de Goiânia (GO), “cujos prefeitos foram levados ao encontro de Fayed por intermédio de Waldir Maranhão”. Fayed Antoine Traboulsi seria um dos principais doleiros de Brasília. 

Não foram informados detalhes sobre a participação e possíveis irregularidades na Capital, mas, segundo dados apresentados pelo deputado Carlos Alberto Davi dos Santos (PSC), semana passada, na Assembleia Legislativa, houve sumiço de R$ 100 milhões no fundo da Previdência Municipal. Em 2013, constava saldo de R$ 110.650.995,27 e, em maio deste ano, o registro era de R$ 874.552,19 disponíveis, ou seja, diminuição de R$ 109.776.443,08.

Sobre o suposto envolvimento das prefeituras, a Procuradoria viu indícios depois de análise de telefones interceptados pela PF na Operação Miqueias, em 2013. O material apontou dois tipos de aliciadores trabalhando no esquema, um formado por lobistas e outro por mulheres conhecidas como “pastilhas”.

Ambos os grupos tinham a tarefa de convencer os prefeitos e os fundos de previdência a investirem em papéis pobres, ou seja, de valor superestimado, que logo mais gerariam prejuízos aos fundos. Em troca, os administradores receberiam “vantagens indevidas”.

Ainda segundo informações da Folha, a reunião entre o grupo de Fayed e os prefeitos ou seus representantes ocorriam, de acordo com a investigação, na sede da Invista Investimentos Inteligentes, em Brasília. Relatório entregue à Justiça Federal do Distrito Federal, ainda em 2013, aponta que os elementos levantados na investigação “indicam que essas visitas tenham por propósito o oferecimento de aplicações financeiras para os respectivos regimes próprios municipais” e, que em troca, era oferecida “alguma vantagem aos prefeitos”.

A Prefeitura da Capital, por meio da assessoria de comunicação, negou irregularidades. Disse que, na administração de Alcides Bernal (PP) “nunca comprou nenhum fundo de pensão, nem do referido doleiro, nem de qualquer outra entidade ou representante”.

Ainda afirmou que não se manifestará a respeito do período que Gilmar Olarte (Pros) esteve à frente do Executivo Municipal, mas informou que um dos implicados na operação Miqueias, Luiz Carlos Bueno de Lima, foi nomeado em 28 de março de 2014 e exonerado em 21 de maio de 2015.

“Mentirosos” – Na tribuna da Assembleia Legislativa, nesta quarta, o deputado Carlos Alberto Davi leu a nota de explicação do atual presidente do IMPCG, Ricardo Ballock, afirmando que R$ 17 milhões no fundo de previdência estariam em aplicações financeiras. Para o parlamentar, o prefeito e o presidente “são mentirosos”.

Ele promete levar as informações divulgadas pela Folha de São Paulo ao MPE E TCE-MS (Ministério Público e Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul), para que estas instituições possam acionar a Câmara Municipal de Campo Grande, responsável por fiscalizar atos e contas do Executivo Municipal.

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