Se dinheiro sumia, Odilon sabia pois fiscalizava todo ano, acusa Jedeão
Em entrevista à rádio Educativa FM UCDB, ex-servidor público Federal relembra que vara era auditada pelo juiz todos os anos
O ex-servidor público federal Jedeão de Oliveira, alvo de ação que cobra R$ 10,6 milhões por desvio de dinheiro, afirmou em entrevista por telefone à rádio Educação FM UCDB, nesta sexta-feira (26), que é impossível o desconhecimento do sumiço de dinheiro, já que o juiz Odilon Oliveira, candidato ao governo pelo PDT, auditava a vara todos os anos.
Jedeão, que se diz primo de Odilon, foi funcionário de confiança de Odilon por mais de 20 anos e continua negando o desvio de dinheiro da 3ª Vara da Justiça Federal. O ex-servidor mantém alegação de que deixou Mato Grosso do Sul sob alegação de ameaça. Ele vive no Mato Grosso hoje.
“Olha só, eles falam que sumiu dos cofres da 3ª Vara, R$ 11 milhões. Eles citam que esses sumiços são desde o início. Eu fiz até uma conta que daria R$ 500 mil, por ano, e R$ 40 mil, por mês", detalha. "Mas o interessante que toda vara federal é auditada todos os anos. Por quem? Através de inspeção geral ordinária no 1º semestre no ano, pelo juiz da vara", continua. "Então como estava sumindo e o juiz da vara não constatou? Ele era incompetente? E não digo de forma judicial, como sumiu todo esse valor?”, questiona.
O ex-servidor público federal pontuou, ainda, que toda a entrada de dinheiro é documentada e que todo o controle está dentro de processos. “A partir do momento que eu saí, a vara foi tomada por equipe do Odilon. Foi encontrado na minha mesa, esse tipo de documento de termo de apreensão de dinheiro, como se eu tivesse arrancado de dentro de um processo. Não era algo que foi feito aquela semana. Era coisa que estava sendo sumida, segundo a descrição deles, deste a década de 90. É esse tipo de prova que tem no processo contra a minha pessoa”, ressalta.
Espera - Nesta sexta, Jedeão justificou que aguardou momento estratégico para a própria defesa. Ele afirma ter criado um documento público no início do ano com toda a denúncia, para ser inserido no processo. “Tudo por conta da minha segurança, caso acontecesse alguma coisa aquela história estaria reservada. Tudo por conta de ameaças. Isso foi no início do ano e repassado às autoridades, mas como nada foi feito, me senti na obrigação de divulgar o material”, disse.
Em julho, ele registrou em cartório um documento em que chega a acusar Odilon de venda de sentenças. Também propôs delação premiada, que não foi acatada pelo MPF (Ministério Público Federal). No entanto, uma investigação sobre tudo que disse foi aberta pela Polícia Federal, a pedido da procuradoria. O inquérito para investigar Odilon está em curso.
Na entrevista desta manhã, o ex-servidor disse, ainda, que toda vez que seu nome é citado, é como bandido. “Nesta campanha suja parece que meu nome virou “açúcar” na boca de político”, afirmou.
Provas? Questionado sobre provas materiais, Jedeão lembrou que quando foi desligado de sua função, em 2016, quando o escândalo estourou, teve menos de uma hora para se retirar da sala que usava há mais de 20 anos. No entanto, afirma poder levar “nomes chaves” às autoridades.
“Deixa eu te falar, no dia que eu fui desligado de minha função depois de 22 anos junto à Justiça Federal fiquei sabendo às 17h e às 18h foi me tomado as chaves e meu acesso. Eu tive menos de uma hora para juntar todas as minhas coisas particulares e 22 anos de trabalho é quase um pedaço de nossa casa. Eu teria provas materiais se eu estivesse lá para mostrar, mas eu tenho como indicar caminhos para eles acharem as provas, está à disposição das autoridades para chegar lá e constatar o que aconteceu”, garantiu.
Mais gente – Ainda em entrevista, Jedeão revelou que mais gente, depois de sua saída, está respondendo por sindicâncias.
“Eu não sei se a população do MS está sabendo, que tem mais pessoa respondendo por sindicância por sumiço de valores altos depois que eu saí e no período que o juiz ainda estava lá e não era aposentado. Ou seja, tem mais um servidor sendo afastado e acusado injustamente por conta desse mal feito. Não era Jedeão que sumia com valores em dinheiro, até de moeda estrangeira? E por que isso não foi vazado? Não veio à tona?”, diz o ex-servidor.
Os processos sobre o assunto correm em sigilo.
A assessoria de Odilon de Oliveira foi procurada, mas ainda não se manifestou sobre a entrevista. O candidato tem dito reiteradamente que não tem envolvimento com o sumiço dos valores e que, assim que detectou, adotou medidas para investigar os fatos.
Resposta - Em entrevista na mesma rádio, Odilon disse que ficou clara intenção do ex-servidor de fazer essas declarações com objetivos "eleitorais", faltando dois dias para o pleito, que ocorre no próximo domingo (28).
"Estamos tranquilos em relação a isso e pedimos para a Polícia Federal investigar os fatos. Nunca fui chamado de ladrão ou corrupto nas ruas. Sempre mandei ladrão e corrupto para a cadeia e sendo governador vou continuar agindo para que essas pessoas sejam presas e paguem por seus delitos na justiça", disse o candidato.
Odilon também disse que está sendo acusado por um "criminoso", que teve sua tentativa de delação recusada pelo Ministério Público Federal. "Pedi para ser investigado pelo Polícia Federal para apurar os fatos das acusações do ex-servidor. Ao final, vou processá-lo por denunciação caluniosa e também aos que me acusam usando ele", afirmou.
Matéria atualizada às 12h00