Supremo Tribunal Federal dà a Bumlai direito de ficar calado em CPI do BNDES
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu a José Carlos Bumlai, preso na 21ª fase da Operação Lava Jato, habeas corpus para que ele possa ficar calado no depoimento marcado para a tarde desta terça-feira (1º) à CPI do BNDES. O presidente da comissão, deputado Marcos Rotta (PMDB-AM), afirmou que o depoimento será mantido apesar da decisão do STF.
Bumlai foi chamado a depor na CPI da Câmara para falar da suspeita de que teria intermediado empréstimo de R$ 60 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Banco Schahin. O dinheiro teria sido usado quitar dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT).
“A reunião será mantida. Vamos esperar para ver como será o posicionamento dos parlamentares. Se eles vão querer fazer os questionamentos. Não vai acontecer da minha parte o cancelamento da sessão”, disse o presidente da CPI do BNDES.
Pecuarista do Mato Grosso do Sul e empresário do setor sucroalcooleiro, Bumlai tinha acesso franqueado ao gabinete de Lula durante os oito anos em que o petista comandou o Palácio do Planalto. Os dois se conheceram em 2002, apresentados pelo ex-governador sul-matogrossense Zeca do PT, e estreitaram a relação nos anos seguintes.
Um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que repassou R$ 2 milhões a Bumlai referente a uma comissão a que o pecuarista teria direito por supostamente pedir a intermediação de Lula em uma negociação para um contrato.
Fernando Baiano era representante da empresa OSX, que tinha interesse em entrar na licitação para a construção de navios-sonda para explorar o petróleo da camada do pré-sal. Os R$ 2 milhões, ressaltou o delator, seriam repassados a uma das noras de Lula para quitar uma dívida imobiliária.
Ainda segundo Fernando Baiano, o pagamento foi feito a pedido de Bumlai, que, em contrapartida, se comprometeu a ajudá-lo a agendar uma audiência entre o ex-presidente da República com João Carlos Ferras, então presidente da Sete Brasil, uma das fornecedoras da Petrobras.
Na época, a Sete Brasil negociava com a estatal do petróleo contratos para exploração do pré-sal que incluiriam a empresa OSX. Baiano contou ao Ministério Público que o negócio não foi adiante, mas que, mesmo assim, ele pagou os R$ 2 milhões prometidos a Bumlai.
Em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo” publicada no dia 25 de outubro, Bumlai desmentiu Fernando Baiano, negando ter pedido propina para uma das noras de Lula. Ao jornal, o pecuarista disse que não é tão próximo de Lula como vem sendo noticiado pela imprensa, mas confirmou que levou um empresário do setor de petróleo para uma audiência com o ex-presidente, em 2011, a pedido de Baiano.