Vereadores vêem "cidade mais escura" sob o comando de Bernal
Na avaliação dos vereadores de Campo Grande, os 100 primeiros dias de administração progressista só levam o termo “progresso” no nome da sigla partidária do prefeito Alcides Bernal (PP). Termos como “cidade cinzenta” ou “cidade escura” foram utilizados pelos edis para definir como está a Capital em apenas três meses de nova gestão.
Para o vereador Airton saraiva (DEM), até o momento, nada de relevante foi efetivamente feito por Campo Grande, com exceção do decreto emergencial para amenizar o surto de dengue. “As obras dos bairros estão paradas, sem maquinário, só o pessoal que corta mato está na rua. O recapeamento da Bandeira totalmente sem qualidade, ele está usando pessoal e material que se usa para tapar buraco e por isso está sem qualidade. Iluminação pública precária a cidade está no escuro. Para mim até agora só foi discurso”, sentenciou.
O democrata ressaltou que a morosidade adquirida pelo novo gestor é a grande vilã da administração. Saraiva relatou que conhece pessoas que atuam nas Secretarias Municipais e que muitos consideram Bernal centralizador. “Tem secretários que esperam seis, sete horas para conseguir falar com Bernal sobre apenas um assunto. Isso porque ninguém pode fazer nada sem que antes passe pelas mãos dele”, contou.
Conforme definiu Saraiva, o prefeito não confia nem mesmo na equipe que trabalha ao lado dele. “Ele tem que dar autonomia e confiança para depois cobrar resultados porque a cidade vive de boa administração feita por uma equipe. Mas com ele é “eu, eu,eu”. Não vi nada além do discurso. Os erros ele joga para os outros”, finalizou o democrata.
Estreante na Câmara Municipal, Chiquinho Telles (PSD) é mais categórico em sua avaliação dos primeiros 100 dias de administração progressista. “Parece 100 anos de gestão e sem nenhuma ação positiva. A cidade está triste, cheia de mato e cinzenta, cheia de buraco. Cidade sem rumo, sem organização. E isso não vai mudar porque ele quer guerra com o Legislativo”, opinou.
Na visão do vereador, a situação só tende a piorar e pode resultar na cassação do prefeito. “Saúde está um caos, Sedesc sem líder e perdendo investimentos. E tende a piorar, ele não mandou para a Câmara até agora nenhum projeto relevante. Acho que ele não chega nem aos seis meses. Será cassado, muitas coisas estão acontecendo e não podemos falar muito ainda”, disse.
O ex-presidente da Casa de Leis, Paulo Siufi (PMDB) é mais otimista. Para o vereador a cidade está, sim, desestabilizada, porém pode melhorar com o passar do tempo. “Até agora não vi progresso e algumas coisas boas da outra gestão foram deixadas de lado, eu não sei se por conta de briga partidária, mas quem perde com isso é a população. Acho que ainda é cedo para avaliar porque ele não tinha experiência como administrador ainda mais de uma cidade com mais de 800 mil habitantes”, explicou.
Com objetivo de exemplificar a situação vivida atualmente por Bernal, Siufi revelou que também teve dificuldades quando assumiu a presidência da Câmara. “Quando assumi o comando da Câmara Municipal também tive dificuldades. No entanto, Campo Grande não pode parar, algumas coisas não deveriam ter descontinuidade, pois causam grandes prejuízos. Quando ele apresentar balanço dos 111 dias, aliás, esse negócio de 111 dias é totalmente sem necessidade, pois o que se faz em 100 dias se faz em 111 dias, mas quando ele apresentar o balanço vamos observar o que está bom e o que está ruim”, antecipou.
Único representante do PDT na Casa, Paulo Pedra faz parte do time que considera ruim os 100 primeiros dias de gestão. “O Bernal está indo muito mal, é inexperiente e egocêntrico, não deixa de atacar o Legislativo. A gente tem que aguardar para ver, basta ele querer mudar, só depende dele isso. Mas para ficar bom tem que mudar 360 graus”, aconselhou.
Otimismo – Já a base aliada do prefeito está otimista. Para o líder do chefe do Executivo na Câmara, vereador Marcos Alex (PT), os primeiros três meses foram bons e Bernal se destacou no combate à dengue mesmo sendo novato na prefeitura. Além disso, o petista ressaltou que obras de reparação foram realizadas rapidamente, principalmente no que tange buracos decorrentes das fortes chuvas.
“Ele resolveu esse problemas de maneira célere. Outro ponto positivo é que não foi encontrado nenhum vestígio de atos corruptos, nada que se encaixe em improbidade administrativa. Com certeza esse é um governo transparente, honesto, que tem preocupação com a população. Dou nota 8 para este começo de gestão”, avaliou.
Vereador e companheiro inseparável de Bernal durante a campanha eleitoral do ano passado, Cazuza (PP), aderiu ao mesmo discurso do prefeito para justificar possíveis erros. “As pessoas de pautam pelos jornais e não sabem o que ocorre de verdade porque não mostram o que ele está fazendo. Esses 100 primeiros dias foram bons e vai melhorar ainda mais”, resumiu.
Ambos os vereadores disseram que ao completar 111 dias de administração, o gestor apresentará pacote de obras que irá alavancar seu governo. Os detalhes, porém, não foram revelados. “Com o lançamento deste pacote de obras o governo vai ficar mais próximo da sociedade”, concluiu Marcos Alex.