Zeca sugere a Bernal admitir “erros”, fazer reforma e atrair 15 vereadores

O ex-governador e atual vereador Zeca do PT sugeriu esta manhã, durante encontro com o prefeito Alcides Bernal (PP) que ele seja humilde, reconheça seus “erros” e trate imediatamente de abrir sua administração à composição com os partidos políticos, a fim de atrair pelo menos 15 vereadores para ter base de sustentação política na Câmara de Campo Grande.

“Foi uma conversa boa, sincera e de quem quer ajudar. Mostrei para o prefeito que o momento é ruim para ele por alguns equívocos cometidos, que a relação com a Câmara está equivocada, por haver necessidade de uma relação de independência e harmonia entre os poderes”, afirmou Zeca do PT esta tarde, ao ser questionado sobre a reunião de hoje, marcada ontem à noite por Bernal através de uma ligação telefônica.

No encontro desta manhã, Zeca propôs a Bernal uma ampla reforma política, com mudanças no primeiro escalão do governo e aproveitamento das duas novas pastas criadas, secretarias da Mulher e da Juventude, para fechar apoio de partidos e trazer mais vereadores para a base governista, aumentando-a dos atuais 10 integrantes para 15 no mínimo.

Reforma no secretariado - Uma das mudanças no secretariado apontadas por Zeca é na Secretaria de Assistência Social, onde estaria havendo, na opinião dele, uma fraca atuação do governo municipal. A atual titular da pasta, vereadora licenciada, Thais Helena, voltaria para a Câmara, reassumindo o seu mandato. Indagado se teria proposto que Heloísa Berro, que foi sua secretaria de Assistência no governo do Estado, Zeca respondeu: “Não falei nada de nome. Isso é decisão dele. O que eu disse foi que a Thais, mesmo sendo do PT, não tem nenhum projeto para assistência social até agora”.

Caso Bernal aceite a sugestão de Zeca, o líder do prefeito na Câmara, Marcos Alex (PT), que é suplente de Thaís perde a vaga de vereador. Questionado, então, se conversou com Bernal sobre a ida de Alex para a Secretaria de Governo, pasta que hoje é acumulada pelo secretário de Receita, Gustavo Freire, o vereador Zeca garantiu que não tratou disso. “É até uma boa ideia que você está me dando, mas não falei sobre isso”, assegurou.

Quanto à secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedesc), Zeca do PT considera que a pasta tem problemas sérios que precisam ser sanados. “Estamos perdendo investimentos”, criticou o vereador petista. Negou, porém, que tenha feito sugestão de nomes nessa área ou que fosse buscado um colaborador indicado por entidades empresariais. “Ele tem conselho político para discutir nomes”, ponderou.

Governo de coalizão - A conversa, conforme o vereador, foi baseada em sua experiência de governador do Estado, por dois mandatos consecutivos. “Mostrei a importância da coalizão, a minha experiência no governo do Estado. Disse que dá para construir esse entendimento com partidos como PDT, PR e PTB, nos quais vejo grande simpatia por esse projeto, possibilidade de fazer parte da base”, disse.

Opinou ainda que o prefeito Alcides Bernal tem de fazer algumas mudanças nas áreas de saude e de infraestrutuara, além de lembrar de programas de governo que lançou no Estado e que poderiam se implantados em Campo Grande. “Poderia fazer um restaurante popular por ano”, exemplificou Zeca, enfatizando que vê a necessidade de Bernal fazer “política para os pobres”.

Segundo Zeca, o prefeito progressista “gostou” das propostas apresentadas e se comprometido a estudá-las. “Tem tudo para funcionar, só depende dele colocar em prática”, afirmou o vereador, entusiasticamente.

Fazendo as mudanças na atual gestão e agregando mais partidos com as duas novas secretarias municipais criadas, Zeca considera plenamente factível o crescimento da bancada governista na Câmara para 15 ou 16 vereadores de um total de 29. “Se você construir essa base, faz reunião com 15, 16 vereadores, chama a imprensa, mostrando um gesto positivo, pede desculpa por eventuais erros”, conta Zeca, referindo-se à sugestão que teria dado a Bernal. “Gesto em política é marcante”, ensinou.