Perdas, ganhos e muitas descobertas em uma cidade que pode ser bem divertida
A lição particular que fica de 2013 é que disposição é fundamental para tornar a vida mais divertida. Dias e noites rodando a cidade em busca de boas matérias provou o quanto Campo Grande é interessante.
Do boteco do Parati, ao bar que contrata seguranças na Euclides da Cunha para evitar que os clientes façam xixi na calçada, encontramos de tudo um pouco.
A cerveja pode ser baratinha na rua Brilhante, o lanche vira motivo para desabafos de fim de noite na antiga rodoviária, lanchonetes com salgados por R$ 1,00 fazem o trânsito parar no Tiradentes, o sushi tem 8 centímetros no Monte Líbano e o suco tem sabor de amendoim na praça do bairro Santa Fé.
É tanto lugar bacana, que o assunto rendeu um ano inteiro de reportagens só sobre bares, casas noturnas e restaurantes pela cidade, do Nova Lima à Nova Campo Grande, da saída para Sidrolândia, aos rumos de São Paulo.
A mesma vontade de conhecer o que está ali do lado nos levou a Assunção em 2013, uma capital com cara de Campo Grande, em versão mais barata, com gente educada, serviços e produtos de primeira, bem diferente da imagem na cabeça de quem nunca havia ultrapassado Pedro Juan Caballero.
Só assim dá para fechar o ano com saldo positivo. Com disposição, artistas também fizeram vingar o “1% pra Cultura”, que fixa valor do orçamento do município a ser investido no setor.
Energia semelhante rendeu reedições de mostras de teatro, de Arquitetura, de hip hop, e até a montagem de um drive in no estacionamento do Shopping Norte Sul Plaza, durante Festival de Cinema.
Também é preciso largar mão de qualquer tipo de preconceito para ir mais longe. O funk, por exemplo, que atormenta moradores dos altos da Afonso Pena, tem noites de glória na periferia. Tem orgias ilegais, com gente pelada, muita bebbida e menor de idade, como as noites na Chácara do Detran, mas também há espaços mais calmos.
Conhecer o Empório, no bairro Santo Antônio, foi uma das experiências mais ricas de 2013. Apesar da fama de malvados, a noite ao lado dos funkeiros foi de pura paz. Mesmo que os vizinhos digam o contrário, por sorte, ou desprendimento, foi bem divertido ver tanta gente dançar o funk proibidão e ostentação, sem nenhum B.O, sinais de drogas ou de sacanagem explícita.
Altos e baixos - A maior chiadeira de 2013 foi com a ditadura do silêncio no cidade. Com tanto barzinho cortando o som por conta de ameaças de multa, os músicos lançaram este ano o movimento “Música não é ruído”, que deu origem a projeto que flexibiliza as regras rígidas da Lei do Silêncio. A proposta seria votada até dia 21 de dezembro pela Câmara de Vereadores, mas com o processo de cassação do prefeito em alta, a ideia não teve vez e ficou para 2014.
Mesmo assim, a Semadur deu trégua e a música voltou a ser coisa de barzinho em Campo Grande. “Foi positiva nossa luta, porque colocou respeito da Cultura frente a esses órgãos burocráticos. Em vez de fechar bares, vamos trabalhar para ver se está prejudicando a sociedade. Na mudança da lei o bom senso vai ser da Cultura”, avalia o músico Galvão, um dos organizadores do movimento.
No abre e fecha do ano, é claro que tivemos algumas baixas. Perdemos o Real Botequim na Afonso Pena, o Cine Pornô fechou, para a alegria da Polícia e tristeza de quem passava as tardes em festinhas solitárias.
O restaurante Porcão vinha, mas mudou de ideia. Por outro lado, para quem acha que consumo é desenvolvimento, agora temos 3 shoppings grandes e também ganhamos marcas famosas, como a Zara e a M.A.C.
E vem mais por aí. O restaurante Outback garantia não ter planos de expansão para Mato Grosso do Sul, mas em 2014 traz as carnes com gosto de inspiração australiana a Campo Grande. A Woods é o novo espaço para shows sertanejos e jura que para 2014 já tem grandes surpresas agendadas, como Chitãozinho e Xororó.
Outra expectativa é com a abertura do Cine Sesc, no prédio do antigo Cine Campo Grande, fechado em 2012. O projeto deve ficar pronto no próximo ano, mas ao que tudo indica, é coisa para comemorar só em 2015.
Agora, resta esperar o Carnaval e, caso você ainda não conheça, exercitar a disposição para conhecer o que a folia tem de melhor por aqui: o Cordão Valu.