Ano em que a "safrinha" produziu a maior safra de milho da história de MS
Um ano que marcou de vez o fim da safrinha de milho em Mato Grosso do Sul. O nome pode até continuar sendo usado por quem atua no campo, mas a realidade agora é de uma supersafra do grão. Somente neste ano, cerca de 6,9 milhões de toneladas de milho foram colhidas no Estado, um recorde absoluto, que mostra a força do campo, mas também apresenta novos desafios para 2014.
Em 2013, a produção de milho safrinha cresceu 29,5% em relação ao ano passado, quando foram colhidas 6,1 milhões de toneladas, segundo a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja). Um ano beneficiado pelo tempo, com clima propício e sem geada na região Sul, historicamente prejudicial aos bons números de MS.
Junto com a celulose e a soja, ainda líder no Estado, MS se solidificou ainda mais no campo brasileiro.
A supersafra do milho e a valorização do dólar ajudaram os produtores a enfrentarem um quadro mundial pouco favorável à Mato Grosso do Sul. Com status de commodity, o grão tem como parâmetro a economia de todo o globo, em especial a do Estados Unidos. E a recuperação das safras americanas não foi nada boa para os produtores regionais.
Depois de um 2012 com o preço da saca do milho chegando aos R$ 25 na praça de Campo Grande, e ainda mais no porto de Paranaguá (PR), impulsionado pela safra abaixo do esperado nos Estados Unidos, 2013 foi um ano de preços mais moderados.
Com a produção americana normalizada, a maior oferta no mercado derrubou o preço da saca do grão para R$ 18,60, uma queda de 25,6%. Nada que altere a boa expectativa do milho no Estado, que deve seguir ritmo intenso de crescimento na próxima safrinha, ou, na próxima supersafra.
Sobe e desce – Enquanto o preço do milho caiu, a arroba do cai alcançou valores históricos em Mato Grosso do Sul. Fora dos holofotes no último ano, a pecuária sul-mato-grossense segue mostrando a força do agronegócio regional.
A arroba do boi gordo fecha 2013 custando R$ 107,50 na Praça de Campo Grande, índice 19,4% maior que o mesmo período do ano passado, quando era adquirida a R$ 89,98. A média regional também é superior ao preço nacional, que fecha o ano a R$ 101,93.
Uma nova frente – Depois de se estabelecer em Três Lagoas e mudar o panorama de toda a região do bolsão, o setor de papel e celulose agora avança por todo o Estado e promete “revolucionar” outras cidades, como Ribas do Rio Pardo, município distante 103 km de Campo Grande.
Com previsão de produzir 2 milhões de toneladas de celulose por ano na cidade, que possui uma das maiores extensões territoriais do Paós, a CRPE Holding S.A., instituída no dia 24 de maio deste ano em São Paulo vai instalar uma fábrica na região.
O grupo obteve aval para obter financiamento de R$ 731,5 milhões da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), que corresponde a 55% do investimento previsto, de R$ 1,330 bilhão. Se seguir as tendências do setor, somente na construção do empreendimento, Ribas do Rio Pardo deve receber mais de oito mil trabalhadores.
A coroa continua – Mesmo com tamanha concorrência, de culturas já estabelecidas outras novas, a soja segue reinando absolutamente sozinha em Mato Grosso do Sul.
A fome chinesa manteve a soja como menina dos olhos da agropecuária regional, com o preço da saca a incríveis R$ 68 em Campo Grande, e preço chegando aos R$ 80 em Paranaguá, índices inimagináveis alguns anos atrás.
Em Mato Grosso do Sul, a safra 2012/2013, rendeu 5,8 milhões de toneladas e ultrapassou o melhor resultado anterior, registrado em 2009/2010. Agora, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) prevê produção de 6,3 milhões de toneladas no Estado, para a safra a ser colhida já em 2014.
Desafios – Com tamanha produção, o gargalo segue o mesmo: o escoamento da safra. Como boa notícia, os produtores rurais destacam a concessão da BR-163, que pode facilitar a via terrestre.
Porém, o próprio Governo do Estado reconhece que é pouco, e a promessa é de abrir o porto de Porto Murtinho e ampliar em Corumbá. Novas linhas férreas também são considerados fundamentais para que MS não sofra um colapso logístico nos próximos anos.