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Caminhos para a energia solar fotovoltaica no Brasil nos tempos de pandemia

Fabio Nunes e Fernando Caneppele (*) | 06/07/2020 12:54

Aimprevisibilidade gerada pela pandemia do coronavírus teve impactos rápidos e intensos no mundo todo. Meses atrás era inimaginável travar as atividades econômicas por semanas para ter que priorizar a saúde. Diante deste novo cenário, milhões de brasileiros passam por um momento de completa incerteza, sem saber como retomar suas atividades quando a pandemia amenizar ou chegar ao seu fim. E quando este momento chegar, como o planeta irá absorver essas mudanças?

A retomada das atividades econômicas, gradual ou não, irá provocar aumentos no consumo energético que podem equiparar ou superar o consumo anterior ao da pandemia. Nesse contexto, as energias provenientes de fontes renováveis surgem como uma oportunidade para novos empreendimentos, dando ênfase ainda à questão sustentável.

Segundo dados do Balanço Energético Nacional publicados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) em 2019, a matriz elétrica brasileira tem uma parcela de apenas 0,5% proveniente da energia solar. E ainda, de acordo com o Plano Nacional de Eficiência Energética, publicado em 2011, espera-se reduzir o consumo de energia elétrica em até 10% até 2030. Essa redução deve ocorrer por meio de um plano de ações que estimulem a eficiência energética e prevejam, entre outras renováveis, a utilização da energia solar como insumo energético acessível aos consumidores brasileiros.

Jurasz et al. (2020) publicaram um estudo que enfatiza o papel do Brasil em pesquisas relacionadas às fontes de energia renováveis, demonstrando que o Brasil e os Estados Unidos são os países que mais produzem conhecimento científico nesse campo.

A energia solar utiliza a luz do Sol para produzir energia térmica, no caso dos aquecedores, e/ou elétrica, sendo utilizado um sistema de placas solares que possui células fotovoltaicas. Para permitir a conversão de energia, utiliza-se materiais semicondutores, como o silício. Entretanto, pesquisadores afirmam que o silício deve ser de alta pureza para essa aplicação, que parece ter atingido seu limite, com uma taxa de conversão em cerca de 25%, fazendo com que novos materiais sejam candidatos a ela.

Atualmente, estudos com perovskitas têm alcançado índices de conversão similares ou superiores ao do silício, chegando a até 23%, conforme relatado por Ma et al. (2020), da Universidade de Jiaotong, na China. O potencial uso desse material é justificado principalmente por não exigir grau de pureza elevado, ser comercialmente mais viável e formar uma estrutura menos robusta, reduzindo custos e facilitando a aplicação dos painéis solares.

Os estudos têm foco ainda na durabilidade dos novos sistemas fotovoltaicos, com menor absorção de água e na possibilidade de produção em escala comercial.

Uma ação sinérgica de conhecimento da tecnologia e recursos (através de novos empreendimentos) poderá expandir práticas sustentáveis e aliar-se ao desenvolvimento econômico. Ao oportunizar o acesso a novas tecnologias, o Brasil cresce com menores gastos de recursos, com maior aceitação popular e sem deixar de atender aos requisitos sociais e econômicos.

(*) Fabio Caixeta Nunes e Fernando de Lima Caneppele são professores do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos de Pirassununga/USP.

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