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Como vai ser agora? A insegurança dos filhos depois do divórcio dos pais

Por Cristiane Lang (*) | 01/07/2024 09:10

O divórcio dos pais é uma experiência marcante e muitas vezes dolorosa para os filhos, independentemente da idade. A separação pode desencadear uma série de inseguranças que afetam o bem-estar emocional e psicológico das crianças e adolescentes. Este artigo explora as principais inseguranças que os filhos podem enfrentar após o divórcio dos pais e oferece estratégias para ajudá-los a lidar com essas dificuldades.

1.Medo do Abandono

Uma das inseguranças mais comuns após o divórcio é o medo do abandono. As crianças podem temer que, assim como um dos pais deixou a casa, o outro também possa deixá-las. Esse medo pode se manifestar em comportamentos de apego excessivo, ansiedade de separação e dificuldades para dormir sozinhas.

2.Culpa e Autorresponsabilidade

Muitas crianças e adolescentes podem erroneamente acreditar que de alguma forma contribuíram para o divórcio dos pais. Eles podem se sentir culpados por brigas ou tensões que presenciaram e assumir a responsabilidade pelo fim do casamento. Esse sentimento de culpa pode afetar sua autoestima e gerar uma carga emocional pesada.

3.Incerteza sobre o Futuro

O divórcio traz mudanças significativas na vida cotidiana das crianças, como novos arranjos de moradia, mudanças de escola e adaptação a novas rotinas. A incerteza sobre o futuro pode gerar ansiedade e estresse, fazendo com que as crianças se sintam inseguras sobre o que esperar.

4.Lealdade Dividida

Crianças podem sentir-se pressionadas a tomar partido ou escolher entre os pais, o que pode ser extremamente angustiante. Esse sentimento de lealdade dividida pode levar a conflitos internos, dificultando a formação de relacionamentos saudáveis e equilibrados com ambos os pais.

5.Medo de Rejeição

O divórcio pode fazer com que as crianças se sintam rejeitadas por um ou ambos os pais. Elas podem interpretar a separação como uma forma de rejeição pessoal, levando a sentimentos de inadequação e medo de não serem amadas.

6.Insegurança Relacional

A experiência do divórcio pode afetar a percepção das crianças sobre relacionamentos futuros. Elas podem desenvolver uma visão cínica ou pessimista sobre o amor e o casamento, temendo que todos os relacionamentos sejam instáveis ou destinados ao fracasso.

Estratégias para Ajudar os Filhos a Lidar com as Inseguranças

1. Comunicação Aberta e Sincera: Manter uma comunicação aberta e honesta é fundamental. Explicar a situação de maneira adequada à idade da criança e responder às suas perguntas pode ajudar a aliviar incertezas. É importante que as crianças saibam que o divórcio não é culpa delas e que ambas as partes continuam a amá-las.

2. Garantir Estabilidade: Proporcionar um ambiente estável e previsível pode ajudar a reduzir a ansiedade. Manter rotinas consistentes e garantir que as necessidades básicas da criança sejam atendidas pode oferecer uma sensação de segurança.

3. Encorajar a Expressão Emocional: Incentivar as crianças a expressarem seus sentimentos, seja através de conversas, desenhos ou outras atividades criativas, pode ajudá-las a processar suas emoções. Validar seus sentimentos e oferecer apoio emocional é crucial.

4. Evitar Conflitos na Frente das Crianças: É importante que os pais evitem brigas e discussões na presença dos filhos. Manter um ambiente calmo e respeitoso pode minimizar o estresse e a insegurança das crianças.

5. Proporcionar Tempo de Qualidade: Passar tempo de qualidade com cada pai pode fortalecer os laços emocionais e garantir que a criança se sinta amada e valorizada. Atividades divertidas e momentos de conexão podem aliviar sentimentos de abandono e rejeição.

6. Buscar Apoio Profissional: Em casos de dificuldade significativa, buscar o apoio de um terapeuta ou conselheiro especializado em questões familiares pode ser extremamente benéfico. Terapia pode oferecer um espaço seguro para as crianças expressarem suas preocupações e aprenderem a lidar com suas emoções.

O divórcio dos pais pode desencadear uma série de inseguranças nos filhos, desde o medo do abandono até a incerteza sobre o futuro e questões de lealdade dividida. No entanto, com comunicação aberta, estabilidade, apoio emocional e, quando necessário, intervenção profissional, é possível ajudar as crianças a navegar essas inseguranças e a desenvolver resiliência. Garantir que as crianças se sintam amadas e seguras é fundamental para promover seu bem-estar emocional e psicológico durante e após o processo de divórcio.

(*) Cristiane Lang é psicologa clínica.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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