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Memorial do Homem Pantaneiro, um momento de reflexão

Manoel Martins de Almeida (*) | 27/12/2021 13:10

A homenagem prestada pelo IHP, Instituto Homem Pantaneiro, ao povo do Pantanal, com a criação do Memorial do Homem Pantaneiro, é uma ideia há muito acalentada por seu criador e presidente, o coronel da reserva e reconhecido ambientalista pantaneiro Ângelo Rabelo.

Pensada para ser implementada em várias etapas, tem o objetivo de alcançar a maior representatividade possível no que se refere aos mais antigos ocupantes da região e de ser o mais fiel registro de suas trajetórias, ao longo da ocupação do Pantanal corumbaense. Os pantaneiros acolheram a iniciativa com o mais sincero espírito de gratidão.

Porém, é necessário que se diga que a merecida homenagem não propõe diferenciar os pioneiros daqueles que os sucederam .Não cria assim a ideia de um velho e bom pantaneiro que mereça este reconhecimento mais que os atuais, que, como seus antepassados ,trilham os mesmos caminhos na busca de sua sobrevivência, sempre em perfeita harmonia com o meio ambiente e respeito às leis vigentes.

É absurdo sequer imaginar que o pantaneiro de hoje não professe o mesmo ideal de respeito à natureza e não sonhe os mesmos sonhos dos velhos pioneiros. Guardadas as distâncias no tempo e as consequentes transformações ocorridas nas sociedades humanas, o pantaneiro de hoje dedica o mesmo amor à terra e possui o mesmo espírito de obediência às forças naturais.

Este Memorial tem como principais vocações dar testemunho da grandiosa e heroica saga pantaneira e, ao mesmo tempo, eternizar o bom exemplo para os atuais e futuros habitantes da planície. Diria ser um marco no reconhecimento da nossa legitimidade histórica. É neste sentido que indago a todos que de alguma forma se preocupam com o futuro da região:

O que está sendo feito para manter essa população neste território? Por que a contradição em reconhecer o mérito desta ocupação singular se a cada dia nos restringem os direitos e desrespeitam nossos costumes? Por que cada vez mais nos impor leis confiscatórias que passo a passo limitam o nosso direito de propriedade? Por que as campanhas na mídia detratando a figura do produtor rural pantaneiro? Por que esse interesse tardio na proteção do Pantanal se aqui estamos há séculos dando exemplo ao mundo de como utilizar sem degradar? Por que essa avassaladora e midiática distorção da verdade? Querem nos inviabilizar assim, "na mão grande"?

Esperamos que esta homenagem seja entendida como sendo o reconhecimento do modo próprio e exemplar com que esta gente sempre tratou a natureza, ao mesmo tempo em que tira dela o seu sustento. Que sirva a todos como um ponto de reflexão sobre as injustiças cometidas com a população pantaneira.

É necessário entender que assim como nos orgulhamos do nosso passado, buscamos um futuro de grandes conquistas, com o reconhecimento claro e consequente da sociedade brasileira.

Queremos e sempre lutaremos para que respeitem o nosso importante papel de guardiões do Pantanal.

(*) Manoel Martins de Almeida é produtor rural no Pantanal.

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