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Na escola de hoje, como se dá o ensino da leitura?

Silvio Profirio da Silva (*) | 26/12/2022 08:03

Nas últimas décadas, a leitura e a importância da sua aprendizagem são temáticas extremamente discutidas. Em especial, após a pandemia, cada vez mais, as redes de ensino necessitam modificar suas propostas e práticas pedagógicas com o objetivo de ampliar/potencializar as habilidades de leitura e compreensão de textos dos alunos.

No final da década de 1990, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (BRASIL, 1997), os processos de ensino e de aprendizagem da leitura passam a acontecer por meio dos gêneros textuais, explorando as suas características sociocomunicativas [finalidade comunicativa (propósito/objetivo), tema (assunto discutido), forma composicional (organização estrutural e distribuição das informações no corpo do texto) e estilo verbal (aspectos linguísticos materializados no textos)] e as suas condições de produção [autor, destinatário (público-alvo), local de publicação e suporte], como apontam Koch e Elias (2006) e Marcuschi (2010).

Em 2018, a publicação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018) ampliou ainda mais a perspectiva do trabalho pedagógico com os gêneros, no que se refere ao ensino e à aprendizagem da leitura.

Nessa perspectiva, tal documento sugere a realização de atividades com gêneros literários, gêneros não literários, gêneros escritos e gêneros multimodais/multissemióticos [gêneros construídos através da combinação/entrelaçamento entre a escrita verbal (palavras e frases) e elementos visuais (cores, formas, formatos, tons etc.), como aponta Dionísio (2007)].

São exemplos de gêneros multimodais ou multissemióticos: anúncios publicitários, cartuns, charges, histórias em quadrinhos, infográficos, memes, tirinhas etc. Além disso, a BNCC (BRASIL, 2018) reforçou o ensino da leitura e compreensão de textos mediante diferentes mídias e suportes, tais como: imagens (com movimento ou não), gifs, memes, vídeos etc.

O objetivo disso é fazer com que os alunos consigam compreender informações procedentes de distintas linguagens, semioses, suportes e mídias. Todas essas linguagens materializam diferentes tipos de enunciados (escritos, orais e visuais) e, consequentemente, diferentes modos de leitura.

Os processos de ensino e aprendizagem da leitura passam, então, a ter como foco fazer com que os alunos consigam se familiarizar com as características sociocomunicativas dos gêneros, além de conseguirem refletir sobre o funcionamento do gênero (SANTOS; MENDONÇA; CAVALCANTE, 2007; CAVALCANTE; MELO, 2007).

Com isso, na sala de aula, as atividades de leitura e compreensão de texto não enfocam apenas a compreensão dos enunciados, mas também a exploração e a reflexão diante das características dos gêneros, a saber, a função/finalidade comunicativa, o tema, a construção composicional (a estrutura/corpo do texto) e o estilo verbal (questões/escolhas linguísticas materializadas no texto).

Nesse sentido, em resposta ao título deste artigo “Na escola de hoje, como é a leitura e o seu ensino?”, podemos dizer que, o ensino e a aprendizagem da leitura devem acontecer sempre objetivando formar leitores competentes que consigam compreender informações provenientes de diferentes gêneros, suportes e mídias.

Com isso, surge a necessidade de desenvolver um trabalho pedagógico, a partir de diferentes gêneros textuais e materiais/suportes, levando os alunos a se familiarizarem com os diferentes enunciados e elementos presentes nesses materiais. O propósito disso é, principalmente, formar sujeitos que consigam usar suas habilidades de leitura e compreensão de textos nos diferentes espaços e situações cotidianas.

(*) Silvio Profirio da Silva é mestre em Linguística Aplicada pela UFPB. Professor Formador na UFRPE (Curso de Pedagogia EAD). Professor de Língua Portuguesa na Prefeitura de Vitória de Santo Antão. E-mail: profiriosilvio@gmail.co

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