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Cidades

Batida policial mirou “muamba” e encontrou empregados em condições desumanas

Três adolescentes e quatro adultos trabalhavam das 8h às 18h30, sem poder deixar seus postos para buscar água

Por Anahi Zurutuza | 21/11/2023 18:23
Uma das bancas de capinhas para celular que foi esvaziada pela Decon (Foto: PCMS/Divulgação)
Uma das bancas de capinhas para celular que foi esvaziada pela Decon (Foto: PCMS/Divulgação)

Além de lucrar com a venda de produtos de origem duvidosa, trazidos ilegalmente para o Brasil, os alvos de Operação “Nightmare” mantinham empregados em condições desumanas e sem carteira assinada. De acordo com delegado Reginaldo Salomão, titular da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), que comandou a ação, três adolescentes e quatro adultos trabalhavam das 8h às 18h30, sem poder deixar seus postos para buscar água.

“Tinha 30 minutos de intervalo e R$ 10 por dia para alimentação. Fora isso, dependiam da boa vontade dos trabalhadores de outras lojas para ir ao banheiro, beber água. O dia todo naquelas bancas de metal do Centro, sem um ventilador. Com o calor que fez nos últimos dias, imagine o que essa pessoas passaram”, afirmou o delegado à reportagem.

Segundo Salomão, os trabalhadores que atrasassem para reabrir as lojas após o intervalo, tinham R$ 50 descontados dos pagamentos. O delegado encaminhou a situação para o MPT (Ministério Público do Trabalho).

De costas, delegado Reginaldo Salomão orienta policiais sobre fiscalização (Foto: PCMS/Divulgação)
De costas, delegado Reginaldo Salomão orienta policiais sobre fiscalização (Foto: PCMS/Divulgação)

Nesta terça-feira (21), a polícia prendeu um comerciante, confiscou produtos de 11 bancas e de 1 loja de capinhas e películas para celulares. Oito delas foram interditadas. Todas funcionavam no centro de Campo Grande, a maioria da mesma rede – “Maravilha Cell”.

A operação apreendeu 16.385 capinhas, 2.094 películas, 84 fones de ouvido, 7 máquinas de cartão, 78 carregadores, 30 baterias e 53 cabos USB. Além dos produtos, esses locais também prestavam serviços de assistência técnica.

De acordo com o titular da Decon, os alvos desta vez são de grupo que disputava espaço no Centro com outro comerciante de produtos contrabandeados, investigados da Operação Online. “Eles trazem produto de fora, sem qualidade, não expedem nota fiscal e não dão termo de garantia, e quando o consumidor procura as lojas, eles mandam procurar os seus direitos. A população procurou a Decon e o Procon, e a gente incitou essa operação como fiscalização”.

Salomão explica ainda que não há ainda como calcular o valor dos produtos apreendidos e o quanto gerariam de lucro para o comercio ilegal. “Todo material será encaminhado à Receita Federal, onde será feita a precificação e uma análise de evasão fiscal, se a evasão estiver num patamar que a Receita considera executável, será instaurado um inquérito policial com indiciamento. Se não, o inquérito policial servirá de base para imposição de multas administrativas”, explicou.

Policial guardando capinhas para celular apreendidas durante ação (Foto: PCMS/Divulgação)
Policial guardando capinhas para celular apreendidas durante ação (Foto: PCMS/Divulgação)

Com apoio de equipes de outras unidades da Polícia Civil, como o Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e do GOI (Grupo de Operações e Investigações), a Decon espalhou policiais pelas ruas Barão do Rio Branco, 14 de Julho, 13 de Maio, Dom Aquino, Rua Rui Barbosa e Avenida Afonso Pena.

“Nightmare”, pesadelo em inglês, refere-se ao fato de consumidores comprarem achando que fizeram um bom negócio, mas acabarem prejudicados com a má qualidade dos produtos.

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