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Cidades

Juiz ouve testemunhas de piloto do PCC sobre bens de R$ 17 milhões

Tia disse ter conhecimento de que Felipe é dono de um helicóptero, comprado com parte da herança do avô

Aline dos Santos | 19/08/2019 13:21
Helicóptero apontado como patrimônio de Felipe e usado em emboscada contra líderes do PCC. (Foto: Divulgação/PF)
Helicóptero apontado como patrimônio de Felipe e usado em emboscada contra líderes do PCC. (Foto: Divulgação/PF)

Uma nova etapa da operação Laço de Família, que investiga tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, foi aberta nesta segunda-feira (dia 19) na Justiça Federal de Campo Grande. A partir de hoje, começaram a ser ouvidas as testemunhas de defesa. O procedimento iniciou-se com o depoimento de pessoas arroladas por Felipe Ramos Moraes, apontado como piloto da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e que seria dono de três helicópteros avaliados em R$ 17 milhões.

A audiência na 3ª Vara da Justiça Federal estava marcada para começar às 9h. Mas problema de conexão com as penitenciárias federais de Campo Grande e Mossoró (Rio Grande do Norte) resultou em quase 1h30 de atraso.

A audiência foi na modalidade de videoconferência, com tela cheia e apenas um das 12 cadeiras da sala na 3ª Vara, destinada aos advogados, ocupada por defensora pública. Também participaram presencialmente o juiz Ney Gustavo Paes de Andrade, atuando em substituição legal, e o procurador Silvio Pettengill Neto, representante do MPF (Ministério Público Federal).

As testemunhas participaram de São Paulo e Santos, enquanto réus e advogados acompanharam de Naviraí, São Paulo, Campo Grande e Mossoró

Interno na penitenciária federal da Capital, Felipe é apontado como dono de três helicópteros avaliados em R$ 17 milhões. Ao ser preso em maio de 2018 pela Polícia Civil de Goiás, ele foi identificado como coordenador de rotas do PCC. Na ocasião, tinha mandado de prisão expedido pela Justiça do Ceará.

No mês de fevereiro de 2018, ele levou, de helicóptero, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, para uma emboscada em reserva indígena a 30 km de Fortaleza, capital do Ceará. Gegê e Paca eram as principais lideranças soltas do PCC. A aeronave usada no transporte foi uma das sete apreendidas na operação Laços de Família, deflagrada em junho do ano passado pela PF (Polícia Federal).

Trabalhador – Primeiro, foi ouvida uma amiga da família de Felipe. Ela disse que não tinha como avaliar as condições financeiras do preso. A testemunha estava em Santos. Na sequência, uma tia do piloto afirmou ter conhecimento de que ele é dono de um helicóptero, comprado com parte da herança do avô.

Tela cheia e cadeira vazias: Testemunhas, presos e advogados participaram de videoconferência.
Tela cheia e cadeira vazias: Testemunhas, presos e advogados participaram de videoconferência.

Ela ainda relatou que já configurou como proprietária de um bem do sobrinho. Filho de engenheiro aposentado e advogada, Felipe foi definido pela testemunha como extremamente trabalhador e pertencente a uma família que consegue “pagar as contas”.

Apenas a defesa dele fez perguntas. Um dos questionamentos era se as pessoas tinham ouvido Felipe comentar sobre Jeferson Molina. O que foi negado por ambas. O piloto é réu na Justiça do Ceará por fraude processual. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do preso.

A audiência desta segunda-feira foi do principal processo da Laços de Família, com 19 réus e uma séries de crimes: tráfico de drogas, associação para o tráfico, posse de arma de fogo, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Quando for encerrada a etapa de depoimento das testemunhas de defesa, os réus serão interrogados. Na sequência, acusação e defesa apresentam as alegações finais. A expectativa é que esses estágios sejam realizados até dezembro, mas com decisão só a partir de 2020.

Laços de Família - De acordo com as investigações da Polícia Federal, o policial militar Silvio César Molina Azevedo liderava um grupo que atuava com características de máfia em Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande, e tinha relações comerciais com o PCC.

Foram identificados vários núcleos, como o familiar, que era liderado pelo policial; o operacional e apoio logístico, integrados por gerentes; e os “correrias”, definição para quem presta toda a sorte de serviços (motorista, segurança pessoal de membros do grupo).

Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu R$ 317.498,16, joias avaliadas em R$ 81.334,25, duas pistolas, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga.

Justiça Federal ouve testemunhas de defesa na operação Laços de Família. (Foto: Henrique Kawaminami)
Justiça Federal ouve testemunhas de defesa na operação Laços de Família. (Foto: Henrique Kawaminami)
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