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Cidades

Juiz nega liberdade a “mero laranja” que movimentou R$ 3,3 milhões

Operação da PF foi contra esquema de tráfico de drogas, liderado por policial militar

Aline dos Santos | 29/07/2019 12:08
Droga apreendida do grupo investigado na operação Laços de Família. (Foto: Divulgação/PF)
Droga apreendida do grupo investigado na operação Laços de Família. (Foto: Divulgação/PF)

Jardineiro e revendedor de semijoias, Kaique Mendonça Mendes, preso na operação Laços de Família, alegou ser “mero laranja”, mas teve novo pedido de liberdade negado pela 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande. Na decisão, consta a movimentação de R$ 3,3 milhões em dois anos, período em que se apresentava como estudante e sem declarar Imposto de Renda.

“Como é mero laranja e se todos os integrantes estão presos, não teria como continuar atuando. Os próprios policiais federais, que foram responsáveis pelas investigações, disseram que ele era mero laranja”, afirma a advogada Lilian Peres Medeiros. Conforme a defesa, os integrantes da organização criminosa utilizavam os cartões.

O MPF (Ministério Público Federal), por sua vez, aponta que ele foi denunciado por associação ao tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Nesta ótica, não seria apenas laranja, mas um agente operacional. A operação da PF (Polícia Federal), realizada em junho do ano passado, foi contra um esquema de tráfico de drogas, liderado por policial militar.

O pedido de revogação da prisão preventiva ou a substituição por medidas cautelares foi negado pelo juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira. A decisão data de 23 de julho e foi publicada nesta segunda-feira (dia 29) em diário oficial.

Conforme a denúncia, Kaique realizou diversas transferências no período de 2014 e 2015 a outros integrantes do grupo. “É visível que esses valores transitavam a mando de outras pessoas, já que ele não tinha condições financeiras para tanto. Ao tempo das investigações, Kaique tinha 20/21 anos e nunca declarou Imposto de Renda, se dizia ‘estudante’, atividade que não comporta tamanha movimentação financeira”.

Nos anos de 2014 e 2015, os créditos foram de R$3.374.828,99. Mesmo valor debitado. Depoimento de testemunha demonstra que Kaique não atuou apenas como “laranja” ao emprestar sua conta corrente, mas como um verdadeiro agente operacional.  Na decisão, ainda foi citado o fato de ele morar na região de fronteira com o Paraguai. “O que, por si só, suscita um risco à aplicação da lei penal que não deve ser subestimado”.

Kaique Mendes está preso desde 25 de junho de 2018, no Presídio de Naviraí. A defesa teve pedido de liberdade negado no TRF 3 (Tribunal Regional Federal das 3ª Região) e o próximo passo é recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Laços de Família - De acordo com as investigações, o subtenente Silvio César Molina Azevedo liderava um grupo que atuava com características de máfia em Mundo Novo, a 476 km de Campo Grande, e tinha relações comerciais com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Foram identificados vários núcleos, como o familiar, que era liderado pelo policial; o operacional e apoio logístico, integrados por gerentes; e os “correrias”, definição para quem presta toda a sorte de serviços (motorista, segurança pessoal de membros do grupo).

Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu R$ 317.498,16, joias avaliadas em R$ 81.334,25, duas pistolas, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga.

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