Pretos e pardos são os que menos fazem teste para covid-19 em Mato Grosso do Sul
Boletim epidemiológico categoriza os pacientes de covid-19 em cinco "raças": pardos, brancos, pretos, indígenas e amarelos
O grupo étnico que mais fez testes para covid-19 foram os brancos, que acumulam pouco mais de 227 mil notificações na base de dados do boletim epidemiológico, e são por si só maioria no Estado, segundo último Censo elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, pretos e pardos têm as menores taxas proporcionais de testagem verificadas em todo o período de pandemia.
Excluindo os casos catalogados com etnia "ignorada" pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), pouco menos de 39 mil (8% do total), e comparando a quantidade de testes feitos em relação a quantidade de população, a maior taxa de testagem encontra-se entre amarelos: 95,6%.
Os dados impressionam, já que há 28.653 notificações registradas de pessoas amarelas que fizeram algum tipo de teste para o coronavírus, com resultados positivos ou não, enquanto há quase 30 mil pessoas desse grupo em Mato Grosso do Sul.
É importante destacar, contudo, que a quantidade de pessoas catalogadas nas diferentes raças pode ter sofrido diferentes alterações ao longo dos últimos dez anos, já que o dado mais recente é referente ao início da década passada, em 2010, mas ainda assim mostram a disparidade dos números.
O segundo grupo que mais teve testagem - em relação ao total de pessoas - foram os indígenas. Segundo a pasta, foram 15.536 notificações em meio a 73.295 no total, o que significa uma taxa de 21,2%. Ou seja, um em cada cinco indígenas foram testados até hoje.
Logo abaixo, proporcionalmente, vêm os brancos, que são responsáveis por 227.675 notificações em meio a quase 1,2 milhão de habitantes no Estado. Ou seja, uma taxa de aproximadamente 19,7%.
Por fim, os dois grupos com menores taxas de testagem são os pardos e pretos: com 120.096 pessoas pretas no Estado, a pasta contabiliza 14.691 notificações (12,2%), enquanto há 1.067.560 pardos e 143.247 testes feitos (13,4%).
Letalidade - Conforme reportado no fim de agosto, alguns grupos acumulam mais mortes em relação ao total de casos confirmados. Atualmente, em todo Mato Grosso do Sul, amarelos têm a menor taxa de letalidade: 0,48%. Ou seja, um em cada duzentos pacientes morreram da doença.
Excluindo casos com declaração de cor ignorada, os brancos são o segundo grupo com menos mortes em relação ao total de casos. É fato que são o grupo que mais confirmou casos de coronavírus, com pouco mais de 64 mil casos totais, enquanto tem 957 óbitos: ou seja, 1,48% de taxa de letalidade.
Os pretos vêm em seguida (1,73%), com mais de 4.162 casos confirmados e 72 vítimas, seguidos dos indígenas (1,94%), que têm 4.737 casos e 92 mortes.
Por fim, o grupo com mais mortes é o dos pardos. Foram pouco mais de 42 mil casos da doença e preocupantes 1.032 mortes. Com taxa de proporcional de 2,45%, é como se mais de uma em cada cinquenta pessoas pardas morressem da doença no Estado.
Dados - O levantamento feito pelo Campo Grande News utilizou como base os dados divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) até o sábado (2). Abaixo, a tabela realça os valores exatos citados na reportagem:
Raça | Óbitos | Total de testes feitos | Casos confirmados | População (IBGE 2010) | Taxa de testagem |
Amarela | 39 | 28.653 | 7.473 | 29.957 | 95,6% |
Branca | 978 | 227.675 | 64.456 | 1.158.103 | 19,7% |
Indígena | 92 | 15.536 | 4.737 | 73.295 | 21,2% |
Parda | 1.046 | 143.247 | 42.047 | 1.067.560 | 13,4% |
Preta | 73 | 14.691 | 4.162 | 120.096 | 12,2% |