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Cidades

Pretos e pardos são os que menos fazem teste para covid-19 em Mato Grosso do Sul

Boletim epidemiológico categoriza os pacientes de covid-19 em cinco "raças": pardos, brancos, pretos, indígenas e amarelos

Guilherme Correia | 03/01/2021 10:34
Homens caminham de máscara na Rua 14 de Julho, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Homens caminham de máscara na Rua 14 de Julho, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

O grupo étnico que mais fez testes para covid-19 foram os brancos, que acumulam pouco mais de 227 mil notificações na base de dados do boletim epidemiológico, e são por si só maioria no Estado, segundo último Censo elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além disso, pretos e pardos têm as menores taxas proporcionais de testagem verificadas em todo o período de pandemia.

Excluindo os casos catalogados com etnia "ignorada" pela SES (Secretaria Estadual de Saúde), pouco menos de 39 mil (8% do total), e comparando a quantidade de testes feitos em relação a quantidade de população, a maior taxa de testagem encontra-se entre amarelos: 95,6%.

Os dados impressionam, já que há 28.653 notificações registradas de pessoas amarelas que fizeram algum tipo de teste para o coronavírus, com resultados positivos ou não, enquanto há quase 30 mil pessoas desse grupo em Mato Grosso do Sul.

É importante destacar, contudo, que a quantidade de pessoas catalogadas nas diferentes raças pode ter sofrido diferentes alterações ao longo dos últimos dez anos, já que o dado mais recente é referente ao início da década passada, em 2010, mas ainda assim mostram a disparidade dos números.

O segundo grupo que mais teve testagem - em relação ao total de pessoas - foram os indígenas. Segundo a pasta, foram 15.536 notificações em meio a 73.295 no total, o que significa uma taxa de 21,2%. Ou seja, um em cada cinco indígenas foram testados até hoje.

Logo abaixo, proporcionalmente, vêm os brancos, que são responsáveis por 227.675 notificações em meio a quase 1,2 milhão de habitantes no Estado. Ou seja, uma taxa de aproximadamente 19,7%.

Por fim, os dois grupos com menores taxas de testagem são os pardos e pretos: com 120.096 pessoas pretas no Estado, a pasta contabiliza 14.691 notificações (12,2%), enquanto há 1.067.560 pardos e 143.247 testes feitos (13,4%).

Letalidade - Conforme reportado no fim de agosto, alguns grupos acumulam mais mortes em relação ao total de casos confirmados. Atualmente, em todo Mato Grosso do Sul, amarelos têm a menor taxa de letalidade: 0,48%. Ou seja, um em cada duzentos pacientes morreram da doença.

Excluindo casos com declaração de cor ignorada, os brancos são o segundo grupo com menos mortes em relação ao total de casos. É fato que são o grupo que mais confirmou casos de coronavírus, com pouco mais de 64 mil casos totais, enquanto tem 957 óbitos: ou seja, 1,48% de taxa de letalidade.

Os pretos vêm em seguida (1,73%), com mais de 4.162 casos confirmados e 72 vítimas, seguidos dos indígenas (1,94%), que têm 4.737 casos e 92  mortes.

Por fim, o grupo com mais mortes é o dos pardos. Foram pouco mais de 42 mil casos da doença e preocupantes 1.032 mortes. Com taxa de proporcional de 2,45%, é como se mais de uma em cada cinquenta pessoas pardas morressem da doença no Estado.

Dados - O levantamento feito pelo Campo Grande News utilizou como base os dados divulgados pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) até o sábado (2). Abaixo, a tabela realça os valores exatos citados na reportagem:

RaçaÓbitosTotal de testes feitosCasos confirmadosPopulação (IBGE 2010)Taxa de testagem
Amarela3928.6537.47329.95795,6%
Branca978227.67564.4561.158.10319,7%
Indígena9215.5364.73773.29521,2%
Parda1.046143.24742.0471.067.56013,4%
Preta7314.6914.162120.09612,2%
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