Ré por fraude “se livrou” da prisão há 1 mês, mas foi pega dirigindo embriagada
Roberta de Souza abriu empresa de fachada usando a mãe como "laranja", segundo investigação do Gecoc
Investigada na terceira fase da Operação Tromper, ex-servidora da Prefeitura de Sidrolândia, Roberta de Souza, de 41 anos, “se livrou” da prisão no dia 3 de abril, quando sete alvos foram levados para a cadeia. Mas, nesta quarta-feira, dia 1º, menos de um mês após receber o Gaeco (Grupo de Atuação Especial) em casa, ela acabou presa por outro motivo: foi pega dirigindo sob visível estado de embriaguez.
Conforme boletim de ocorrência, Roberta chamou a atenção da Polícia Militar porque dirigia em zigue-zague. “Diante da suspeita do condutor estar conduzindo o veículo sob influência de bebida alcoólica, a equipe de serviço realizou a abordagem ao automóvel no cruzamento da Avenida Dorvalino dos Santos com a Rua Rio de Janeiro, quando foi verificada a identidade da motorista como sendo Roberta de Souza, a qual apresentava fortes sinais de embriaguez alcoólica, tais como: odor etílico, falta de equilíbrio e fala alterada”, conta no registro.
Os policiais que fizeram o flagrante, na tarde de ontem, anotaram ainda que a motorista negou-se a fazer o teste do bafômetro e por isso, foi lavrado termo de constatação de embriaguez. A mulher recebeu voz de prisão, foi levada para a Delegacia de Sidrolândia, enquanto o veículo foi removido do local.
O Campo Grande News apurou que ela pagou fiança e foi solta, mas não se sabe por quanto tempo a ex-servidora “experimentou” a prisão.
Envolvimento em fraudes – Conforme a apuração do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Roberta tinha cargo de “chefe de setor” na Prefeitura de Sidrolândia e trabalhava na rodoviária da cidade. Ela, contudo, foi cooptada por grupo responsável por fraudes em licitações para obtenção de lucros milionários com contratos públicos e abriu empresa de fachada colocando a mãe como laranja, a Do Carmo Comércios e Serviços, empresa que oferece de lavagem de carros a construção de prédios.
Aberto em janeiro de 2022, o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Física) diz que a principal atividade da firma é o comércio varejista de equipamentos e suprimentos de informática. Mas, o leque de atendimento da Do Carmo é extenso. Há, por exemplo, "lavagem, lubrificação e polimento de veículos automotores"; "serviços de pintura de edifícios em geral"; "instalação de portas, janelas, tetos, divisórias e armários embutidos de qualquer material; e "construção de edifícios".
Para o Gecoc e o Gaeco, tudo não passa de fachada para fraudar licitações e facilitar a conquista de contratados por outra empresa no topo da cadeia, a Rocamora Negócios Empresariais.
No dia 3 de abril, o vereador por Campo Grande, Cláudio Jordão de Almeida Serra, o "Claudinho Serra" (PSDB), apontado como o líder do esquema, e outros seis foram para a prisão, enquanto a casa onde Roberta vive com a mãe era vasculhada. Com ordem judicial em mãos, equipes do Gaeco e Batalhão de Choque ficaram responsáveis pelo trabalho na residência.
“Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, oriundo da 3ª fase da Operação Tromper, constatou-se que o local escolhido para sediar a empresa, apesar de ostentar placa na fachada, se trata de uma residência, utilizada para moradia de Maria do Carmo e sua filha Roberta de Souza”, descreve a denúncia, oferecida à Justiça no dia 17 de abril contra 22 pessoas, incluindo Roberta.
A equipe que esteve no local fez mais constatações. “O terreno apresenta dois imóveis (duas casas), sendo a da frente ocupada por Maria do Carmo e utilizada exclusivamente como residência e aos fundos, em formato de ‘meia-água’ (kitnet), a residência de Roberta de Souza, contendo o ‘estoque da empresa’”, diz parágrafo que antecede duas fotos:
Outra prova de que a Do Carmo só foi aberta para viabilizar o esquema do empresário Ricardo José Rocamora Alves, de 48 anos, são diálogos dele com outra Ana Cláudia Alves Flores, 34, servidora efetiva do município, também presa no dia 3 de abril. Os dois falam da abertura da empresa em 2022 e depois, em abril do ano passado, durante pregão, comentam sobre lote vencido pela empresa da mãe de Roberta. “É nossa né?”, pergunta Rocamora à Ana Cláudia:
No dia 5 de abril, a Prefeitura de Sidrolândia anunciou que havia exonerado servidores comissionados investigados pela Tromper.
Na Justiça, Roberta foi denunciada pelo crime de “fraude ao caráter competitivo de licitação pública”.
O Campo Grande News fez contato com a ex-servidora, que preferiu não comentar os fatos. Ela se manifestará por meio da defesa. A reportagem ainda aguarda retorno com o número da advogada de Roberta.
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